30.4.10

António Barreto e Gonçalo M. Tavares : Sessões de Autógrafos


Este sábado, 1 de Maio, António Barreto e Gonçalo M. Tavares estarão presentes para sessões de autógrafos nos pavilhões da Relógio D'Água.

Pelas 18h, António Barreto irá autografar, no Pavilhão A50, Anos Difíceis, Tempo de Mudança e outros livros de ensaios.


De António Barreto a Relógio D'Água publicou:

Tempo de Mudança
Sem Emenda
Uma Década
Tempo de Incerteza


Novos Retratos do Meu País

Anos Difíceis


Às 19h, Gonçalo M. Tavares estará no mesmo pavilhão (A50) para autografar Breves Notas sobre as Ligações e outras obras.


De Gonçalo M. Tavares a Relógio D'Água publicou:

1
A Perna Esquerda de Paris Seguido de Roland Barthes e Robert Musil
Breves Notas Sobre a Ciência
Breves Notas Sobre o Medo
Breves Notas Sobre as Ligações - Llansol, Molder e Zambrano



Todos os livros destes autores publicados pela Relógio D'Água estarão à venda nos nossos pavilhões.

Saldos da Relógio D'Água : Destaques


Livros a €2

Malcolm Lowry, Através do Canal do Panamá
Lou Andreas-Salomé, Um Desvario



 Livros a €3

Raduan Nassar, Um Copo de Cólera
Sam Shepard, Loucos por Amor



Livros a €5

Benjamin Constant, Adolfo
Dorothy Parker, Contos



Livros a €7,50

Vladimir Nabokov, Aulas de Literatura
Clarice Lispector, A Maçã no Escuro


LIVROS DO DIA : 2 MAI : Domingo







Hélia Correia, Adoecer

€12 (PVP €15)










Miguel de Cervantes, D. Quixote

€24 (PVP €40)




José Gil, Portugal, Hoje - O Medo de Existir

€9 (PVP €16)









Charles Darwin, A Viagem do Beagle

€15 (PVP €25)









Vitorino Nemésio, Mau Tempo no Canal

€10 (PVP €18)









Oscar Wilde, Contos

€7 (PVP €12)






LIVROS DO DIA : 1 MAI : Sábado







António Barreto, Anos Difíceis

€11 (PVP €14)










Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

€18 (PVP €30)

  







Lev Tolstoi, Anna Karénina

€ 21 (PVP €35)




Cormac McCarthy, A Estrada

€8 (PVP €14)





Charles Darwin, A Expressão das Emoções

€12 (PVP €20)








Lewis Carroll, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho 

€8 (PVP €14)




29.4.10

Søren Kierkegaard : Lançamento na Faculdade de Letras da U.L.




Amanhã, 30 de Abril, o Prof. Carlos João Correia apresentará Temor e Tremor e A Repetição de Søren Kierkegaard, nas traduções de Elisabete Sousa e José Miranda Justo editadas pela Relógio D'Água.




A apresentação decorrerá na Sala D. Pedro V da Faculdade de Letras da U.L. pelas 16h30, inserindo-se num ciclo de conferências com início marcado para as 10h.

 
 
 
 
 
 
 
 

Saldos da Relógio D'Água : Destaques


Livros a €2

Marguerite Duras, Agatha
Heinrich von Kleist, Noivado em S. Domingo
Jaime Rocha, Tonho e as Almas


Livros a €3

Lorrie Moore, Como a Vida
Joseph Conrad, O Companheiro Secreto
Raduan Nassar, Um Copo de Cólera


Livros a €5

Ian Johnston, Bad Seed - A Biografia de Nick Cave

Carson McCullers, A Balada do Café Triste
Leonard Cohen, Belos Vencidos


Livros a €7,50

Thomas Mann, As Confissões de Felix Krull
René Char, Furor e Mistério
Cesare Pavese, O Ofício de Viver

LIVROS DO DIA : 30 ABR - 6.ª-feira







Junichiro Tanizaki, Elogio da Sombra

€8 (PVP: €14)









Charles Darwin, A Origem do Homem e a Selecção Sexual

€18 (PVP: €30)










Charles Baudelaire, As Flores do Mal

€12 (PVP: €20)










Mark Twain, As Aventuras de Huckleberry Finn

€11 (PVP: €14)




Alice Munro, O Amor de Uma Boa Mulher

€10 (PVP: €17)










Franz Kafka, A Metamorfose

€6 (PVP: €11)






Programação da Feira do Livro - 30 ABR



Este ano, as três editoras que constituem a BI - Livros de Bolso serão responsáveis pela programação cultural da Praça Amarela, situada junto aos pavilhões da Relógio D'Água, Cotovia e Assírio & Alvim.


Amanhã, sexta-feira, Américo Silva, João Meireles, Sylvie Rocha, Tiago Matias e Vânia Rodrigues, actores dos Artistas Unidos, lerão textos sobre a escrita, os livros, a leitura. É às 18h.


28.4.10

Relógio D'Água Editores na Feira do Livro

 


A Relógio D'Água terá este ano 8 pavilhões na Feira do Livro:


A57 e A59: Saldos
A61: Clássicos
A63: Ficção
A65: Infanto-juvenil
A50: Poesia
A52: Ensaio
A54: Ciência




A BI - Livros de Bolso estará no pavilhão A56.


Iniciativas da Relógio D'Água na Feira do Livro



Sessões de Autógrafos com 
António Barreto, Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia e José Gil 





      No sábado, dia 1 de Maio, pelas 18 horas, António Barreto vai autografar, no Pavilhão A50 da Relógio D’Água, Anos Difíceis, Tempo de Mudança e outros ensaios.

 
      


Também no próximo sábado, dia 1 de Maio, pelas 19 horas, Gonçalo M. Tavares vai estar no Pavilhão A50 da Relógio D’Água Editores, para autografar Breves Notas sobre as Ligações – Llansol, Molder e Zambrano e outras obras.

       

Domingo, dia 2 de Maio, pelas 18 horas, Hélia Correia estará no Pavilhão A63 da Relógio D’Água para autografar o romance Adoecer e outras obras.
       


Sábado, dia 8 de Maio, pelas 18 horas, José Gil vai autografar no Pavilhão A50 o seu novo ensaio O Devir-Eu de Fernando Pessoa, Portugal, Hoje: O Medo de Existir, Em Busca da Identidade e outras obras.






Leitura de Adoecer de Hélia Correia 



      Sábado, dia 1 de Maio, pelas 16 horas, na Praça da Biblioteca Independente, Jorge Silva Melo dos Artistas Unidos vai ler excertos do último romance de Hélia Correia, Adoecer


LIVROS DO DIA : 29 de Abril, 5ª-feira


No dia de abertura da 80.ª Feira do Livro, os livros do dia da Relógio D'Água serão os seguintes:







Junichiro Tanizaki, Diário de Um Velho Louco
 
€8 (PVP: €14)






Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas

€3 (PVP: €6)






Douwe Draaisma, Porque é Que a Vida Acelera à Medida Que se Envelhece?- Sobre a Memória Autobiográfica

€8 (PVP: €14)




Friedrich Nietzsche, O Nascimento da Tragédia e Acerca da Verdade e da Mentira

€8 (PVP: €14)






Marcel Proust, Do Lado de Swann (vol. I de Em Busca do Tempo Perdido)



€13 (PVP: €22)










Fernando Pessoa, O Banqueiro Anarquista

€6 (PVP: €10)


26.4.10

Necrophilia recenseado no Expresso



«Jaime Rocha estabelece um diálogo premeditado com Dante Gabriel Rossetti e o seu mundo, mas encaminhando-o para um romantismo negro – vitoriano, mas não pré-rafaelita. Rossetti, católico, acreditava num além que é rasurado em Necrophilia. Os temas, imagens e personagens que poderiam ser da irmandade são empurrados para um neogótico, ou mais próprios de uma “Terra sem vida” eliotiana. Todavia, a originalidade destes poemas resulta dessa mesma dessacralização operada sobre o universo poético em que se inspiraram. A fuga ao neogótico dá-se pelo recurso a vocábulos modernos (“nylon”; o “toldo de plástico”). A dedicatória é a Beatrix, sem o Beata. E a negritude tinge-se com laivos do pós-nuclear.»
(Helena Barbas, in Actual 24 ABR)



«Um espectro sob a forma de musa»




«O “mito Lizzie” declina-se em algumas palavras: beleza romântica e doentia, inclinações mórbidas, atracção pelo decadente, destino trágico e transgressão dos códigos a que as mulheres estavam sujeitas (e, neste sentido, há nela um princípio de afirmação feminista longamente explorado no romance de Hélia Correia). Ela é uma presença misteriosa e espectral, vinda de uma zona de trevas que não é contemporânea do seu tempo. Daí a atracção que exerce sobre aquele grupo de tard venus (mas, ao mesmo tempo, vanguardistas), fascinados pelas fantasmagorias da história. No romance de Hélia Correia, a doença é mais do que um leitmotiv, é um acontecimento (daí, o infinitivo do título: “Adoecer”) que emerge como uma verdadeira personagem, o sujeito de uma narrativa. Na beleza e na doença (as duas coisas estão intimamente ligadas), Lizzie representa um ideal feminino (…). Ela é, em sim, uma personagem romanesca, eminentemente literária. E é esta dimensão que surge aqui explorada exaustivamente.»
(António Guerreio, Actual, 24 ABR)


22.4.10

António Barreto apresenta Anos Difíceis em Beja



Na próxima 6.ª, 23 de Abril, a partir das 21h30, António Barreto apresentará Anos Difíceis, o seu mais recente livro publicado na Relógio D'Água. A apresentação insere-se nas comemorações do Dia Mundial do Livro organizadas pela Biblioteca Municipal de Beja:


«Ao cair da noite de 23 de Abril a Biblioteca de Beja propõe aos seus utilizadores um jantar entre livros e escritores, mediante marcação prévia que pode ser efectuada junto da cafetaria. Mais tarde (21h30), depois de um café e dois dedos de conversa, José Pedro Fernandes conversa com o escritor José Eduardo Agualusa no espaço “Lugar do Autor” e, em seguida, António Barreto, figura incontornável do pensamento político e sociológico em Portugal apresentará o seu livro “Anos Difíceis”, editado pela Relógio d’Água.» (in Beja Digital)

«Finalmente, um traço dominante deste período é o do uso intensivo e persistente da propaganda e de todas as formas de construção e orientação da informação. Estes últimos anos marcam a consolidação do modo profissional de informar a população. Governo, partidos políticos, grupos parlamentares, grandes grupos económicos, associações empresariais e sindicatos recorrem, cada vez mais e agora de modo consistente, a organizações especializadas de comunicação. Este esforço é, obviamente, liderado pelo governo, com recursos ilimitados para dirigir a informação e organizar a comunicação, de acordo com os seus interesses e conveniências. São centenas, talvez milhares de profissionais, incluindo muitos jornalistas, a exercer as suas actividades de comunicação em conformidade com as expectativas dos seus mandantes. A actividade política desenrola‑se agora de acordo com o que se chama, na gíria, a “agenda” política. Esta é uma mera construção de conveniência, uma maneira de condicionar a informação e a opinião.»
Da Apresentação
 
 

21.4.10

Centenário de Mark Twain



Samuel Langhorne Clemens nasceu em Florida, no Missouri, em Novembro de 1835. Mark Twain, o pseudónimo jornalístico e depois literário que escolheu, era a expressão usada nos barcos do Mississípi pelo homem que deitava a corda de prumo e gritava, quando a sonda assinalava só duas braças de fundo: Mark twain! (Marca duas!). Em 1839, a família deslocou-se para Hannibal. Em 1847, o pai, modesto comerciante, faleceu. Seis anos depois, Mark Twain abandonou Hannibal e viveu, sucessivamente, em St. Louis, Cincinatti, Filadélfia e Nova Iorque. Foi aprendiz de tipógrafo, piloto de barco a vapor, voluntário no exército e pesquisador de ouro no Nevada até se tornar jornalista. Em 1862 começou a publicar artigos no Enterprise de Virginia adoptando o pseudónimo por que ficaria conhecido. Em 1865 escreveu o conto «The Celebrated Jumping Frog of Calaveras County» que se tornou um êxito. Mas foi em 1869 quando – no regresso da sua primeira viagem ao Mediterrâneo, Egipto e Palestina – publicou The Innocents Abroad, que passou a ser um escritor conhecido, tendo o livro vendido 150 mil exemplares. No ano seguinte passou a dirigir o Express de Buffalo e casou-se com Olivia Langdon. O casal fixou-se em Connecticut onde Twain viveu durante dezassete anos como um reconhecido e mesmo popular romancista e humorista. Foi nessa época que escreveu as suas principais obras, entre as quais Roughing It, As Aventuras de Tom Sawyer, Life on Mississipi e a sua obra-prima As Aventuras de Huckleberry Finn, em parte baseada em experiências da sua própria juventude.




 A Relógio D'Água publicou As Aventuras de Huckleberry Finn, em tradução de Sara Serras Pereira. Este livro pode ser interpretado como uma simples história sobre as aventuras de um rapaz no Vale do Mississípi durante a segunda metade do século XIX. Mas a diversidade da experiência humana e as situações humorísticas e dilacerantes por que passa Huck fazem dele uma obra ímpar.
No meio dos mais diversos episódios a solidão faz com que Huck receie não fazer parte do mundo. Mas a solidão é-lhe necessária para sentir a liberdade ou pelo menos, usando a expressão de H. Bloom, «para não renunciar ao desejo de uma permanente imagem de liberdade».





19.4.10

Cossacos, de Lev Tolstói, em recensão no Ípsilon



«Trabalhada ao longo de dez anos (1852-62), Cossacos é a obra-prima da juventude de Lev Tolstói. Tinha trinta e quatro anos quando a terminou.»

«Olénin [o protagonista] troca a boémia moscovita por uma comissão no Cáucaso, para onde vai em busca do mito de si mesmo. A pergunta "que importa que apenas cresçam as ervas?" ensombra-o. Apenas reconhece dignidade e beleza em coisas condenadas à extinção. Ele intui que a vida é um escorredouro em direcção ao desaparecimento e esquecimento.»

«Através de Olénin, Tolstói esculpe-se a si mesmo enquanto dimensão estética. O jovem militar em campanha no Cáucaso transforma-se, durante o processo de trabalho em Cossacos, num grande artista.»

Crítica de Rui Catalão, Público, 16 ABR

Rui Lagartinho sobre Hélia Correia



«Adoecer, de Hélia Correia, é um livro fascinante na forma e no conteúdo. Na forma porque dá asas literárias aos limites da História. No conteúdo porque ousa ser singular ao abordar a vida de um conjunto de criadores artísticos do século XIX inglês que ficaram conhecidos como pré-rafaelitas, um universo muito pouco frequentado pelos romancistas portugueses.»

«Adoecer é seminal na definição do romantismo para leitores até agora distraídos: uma teia intricada de um mal-estar melancólico, febril, que se projecta num futuro que pedirá uma arqueologia amorosa como a que Hélia Correia exerce quase 150 anos depois de Lizzie estar morta e com ela ter sido enterrada uma parceria artística e amorosa fundamental para compreender uma página importante da História da arte ocidental.»

in Time Out, 14-20ABR


13.4.10

Novo romance de Lorrie Moore na Relógio D'Água



Em entrevista ao jornal The Guardian, Lorrie Moore fala sobre o seu último romance, Um Portão nas Escadas, que levou dez anos a escrever.

«Tem que ver sobretudo com a personagem (Tassie Keltjin) e com a voz de uma rapariga de vinte anos que está sozinha no Centro Oeste [dos E.U.A.] e que passa por uma série de desventuras, uma personagem como Dorothy n'O Feiticeiro de Oz. Não é o tipo de romance em que os eventos resultam de uma qualquer falha fatídica do protagonista, é mais como Alice no País das Maravilhas

«Os romances tomam coisas emprestadas do mundo desta maneira. São diferentes de uma reportagem ou de uma fotografia. Tomam coisas emprestadas e baralham-nas e criam um universo paralelo que faz perguntas e não oferece respostas.»

Um Portão nas Escadas, recentemente nomeado para o Orange Prize, será publicado em tradução de José Miguel Silva.
De Lorrie Moore, a Relógio D'Água publicou também Pássaros da América e Como a vida, duas antologias de contos.

A entrevista pode ser lida na íntegra aqui.


12.4.10

Hélia Correia amanhã na Biblioteca Nacional





A obra de Hélia Correia e em particular o seu último romance Adoecer serão apresentados a 13 de Abril, terça-feira, pelas 17.30, no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal. Esta iniciativa insere-se no programa Encontro com…, organizado pela Biblioteca Nacional e a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas.

A Professora Isabel Fernandes apresentará Adoecer, uma obra de ficção inspirada em Elizabeth Eleanor Siddal e no seu encontro com o poeta e pintor Dante Gabriel Rossetti, um romance que nos fala também de todo o universo pré-rafaelita.

O Professor Ernesto Rodrigues abordará o conjunto da obra de Hélia Correia, que inclui dezassete novelas, romances e obras de teatro publicados na editora Relógio D’Água.

A organização desta iniciativa da Biblioteca Nacional é da Dra. Teresa Sobral Cunha.


9.4.10

À Sombra de Um Toldo Vermelho

Um Toldo Vermelho de Joaquim Manuel Magalhães (JMM) provocou reacções que nem sempre ajudam a entender o livro mas que são reveladoras do estado actual da crítica literária.

No Ípsilon de 12 de Março, Luís Miguel Queirós (LMQ) recorre a Dr. Jekyll e Mr. Hyde de Stevenson para falar do «estranho caso do poeta que destruiu a sua própria obra».

Para o crítico do Público, se JMM pudesse fazer desaparecer tudo o que publicou até agora, «a poesia portuguesa teria perdido um dos seus nomes mais relevantes e, triste contrapartida, teria ganho um poeta de uma deprimente mediocridade». E para ilustrar a afirmação, LMQ analisa alguns poemas de Um Toldo Vermelho em função de poemas originais e fala em «desfiguração» e fealdade.

LMQ é poeta e a sua desilusão com Um Toldo Vermelho resulta talvez de ser um leitor admirativo da anterior obra de JMM, o que lhe perturbou os reflexos de crítico. Este não tem que opor os seus gostos aos de um autor – o seu papel é bem mais complexo.

A comparação com a obra de Louis Stevenson é, à partida, uma metáfora errada. Hyde é a irrupção das pulsões instintivas, o irracional que submerge a consciência e as acções. Ora é evidente que, num autor como JMM, que sempre se mostrou capaz de reflectir sobre a sua poesia e a dos outros, a escrita de Um Toldo Vermelho é um gesto longamente reflectido e, por isso mesmo, não isento de significado.

O papel do crítico é revelar o sentido de uma obra reconstituindo os processos que levaram à sua criação, sempre consciente de que as suas concepções estão impregnadas de ideologia. Ora uma obra literária abala, para usar a expressão de Roland Barthes, «os sentidos seguros que as crenças, ideologias e senso comum parecem deter».

Embora tenha cotejado os poemas de Um Toldo Vermelho com poemas que terão estado na sua origem, LMQ não se apercebeu do que há de novo em Um Toldo Vermelho. Neste livro as elipses são radicalizadas, não existe um único substantivo, adjectivo ou verbo repetido e alguns dos sons recorrentes da língua portuguesa são evitados, ou seja, o autor modificou regras fundamentais do seu vocabulário, fonética e sintaxe. Não estamos perante uma poesia modulada pelo ritmo tonal das sílabas e dos versos mas de um ritmo abrupto e serial.

Quem analisa uma obra como Um Toldo Vermelho tem de começar por se interrogar sobre o sentido de um gesto que subverte as habituais regras da prosódia e imagética na criação da poesia e que, falhado ou conseguido, é um acto radical.

Terá o autor desejado ocultar ou mesmo suprimir a sua anterior poesia? Será uma recusa da apropriação da sua obra por leitores que não deseja ou autores que nada lhe dizem? Poderá ser a radicalização da atitude que o levou a rejeitar a integração em antologias? Ou o resultado de uma fuga a metáforas e imagens ameaçadas de facilidade e repetição? Estaremos perante uma destruição criativa? Ou, pelo contrário, de uma obsessão empobrecedora?

Na LER de Abril, Jorge Reis-Sá (JR-S), co-autor da mais bem comportada antologia de poesia portuguesa, rejubila com o que designa por «Um Toldo às Escuras» e que lhe parece ser a fatal queda no abismo de uma tendência poética.

Enredado em estéreis disputas, JR-S pretende ajustar contas com os poetas «sem qualidades» que teriam nascido sob a «tutela oficial» de JMM. Na verdade, JMM, referência em termos ensaísticos, sempre parece ter esperado dos outros poetas que recusassem influências, como ele recusou, por exemplo, a de Herberto Hélder. E talvez não seja sequer gratuito colocar a hipótese de, em Um Toldo Vermelho, ter procurado fugir à influência que a sua anterior poesia exerceu sobre ele próprio.

O cronista da LER abdica de qualquer pretensão interpretativa ao considerar Um Toldo Vermelho um livro «sem sentido». No fundo, limita-se a hesitar entre dois receios. O de que a ruptura, que considera desastrada, de JMM dê agora «uma importância desmedida a alguns poetas da nova geração» e o de que possa dar origem «a uma nova prole de filhos pródigos (quiçá os mesmos também revolucionários?)». Por isso termina prevendo que a «análise absoluta e encartada» do livro «será feita por alguns críticos hebdomadários com contorcionismos analíticos dignos do Circo Chen».

Há demasiado tempo que não frequento circos. Mas acho os seus acrobatas mil vezes preferíveis aos penosos esforços de um poeta e editor halterofilista que, num Ginásio de Ressentimento, procura erguer pesos que excedem as suas forças.

As tendências e as suas infindáveis disputas sempre foram a flor de sal da vida poética. Só que em geral, como no caso dos real visceralistas mexicanos ficcionados por Bolaño em Detectives Selvagens, possuem um certo garbo intelectual. Mas os chamados «poetas sem qualidades» só inspiram a JR-S aguados desejos de vingança.

Uma atitude crítica em relação a Um Toldo Vermelho partiu de António Guerreiro (AG) que, na revista Actual de 2 de Abril, afirma que o livro consuma «a mais radical operação poética – e a mais cheia de consequências – da literatura portuguesa das últimas décadas». Uma das razões para isso é que AG, que não é poeta, foi capaz de suspender à partida um juízo imediatista diante da estranheza de Um Toldo Vermelho. Distingue a sua linguagem de crítico, que é uma metalinguagem, da linguagem do autor que é a da criação e tem uma semântica particular, feita de regras e restrições próprias. Por isso mesmo AG é capaz de estabelecer um diálogo entre a sua própria subjectividade crítica e a de JMM.

AG reconhece que esta poesia é bárbara e «resiste com tenacidade ao discurso do sentido». Mas considera que só é assim porque estamos «anestesiados pela beleza poética que nos decora o mundo e a vida, embalados pela estética da vogal e da eufonia».

O único problema do artigo de Guerreiro vem da necessidade de pontuar Um Toldo Vermelho com estrelas, o que esbate a distância que se lhe entrevê em relação à nova poesia de JMM e que é evidente numa frase final:

«Mas, se queremos sobreviver, não nos podemos instalar definitivamente e de maneira exclusiva por baixo de Um Toldo Vermelho: a poesia anterior de JMM continua disponível e serve-nos de vingança. É a guerra.»



Nota: Nunca falei com JMM sobre o conteúdo de Um Toldo Vermelho. Abordei com ele apenas questões como o formato, o tipo de impressão e a capa do livro. Considero que um editor, nisto semelhante a um crítico, deve ser capaz de acolher a radical estranheza de uma nova linguagem.



Francisco Vale

Jaime Rocha em entrevista sobre Necrophilia



«É como se estivesse assombrado por uma imagem, por aquela Ofélia morta. Na minha tetralogia ora está viva ora está morta. Como se o poeta tivesse o poder de matar e ressuscitar, o poder de se apropriar daquela imagem, daquela pessoa. No fundo, é o desejo de possuir o Outro que atravessa os livros. E falo da sua impossibilidade, que cria a violência e a crueldade. Tudo isto é uma assombração, uma visão.»

«O fascínio por essa imagem da Ofélia pode mesmo ter que ver com o fascínio que sempre tive pela morte. Talvez por ter nascido numa terra de luto, a Nazaré, e ter vivido muito próximo dessas imagens de choro e dor, das mulheres dos pescadores vestidas de negro. Era um mundo muito forte, que me amedrontava. Foi  só transpor esse quotidiano de vida para o meu universo literário. A escrita é nesse sentido o prolongamento da minha infância. Por isso, a morte, o mal, a imperfeição estão em toda a minha obra. Daí que as minhas personagens todas tenham defeitos e que as minhas peças nunca tenham um happy end. Não o procuro. Simplesmente, talvez tenha um certo medo da perfeição. Se a minha poesia fosse perfeita, acabava.» (JL 24MAR)

Crónica de Wapshot na Time Out



«Cheever», escreve Sara Figueiredo Costa, «tinha criado uma saga familiar à altura da melhor literatura, rompendo regras estilísticas e estruturas canónicas e deixando, com o osso à vista, o melhor do temário e da vocação universal da literatura norte-americana.» Depois de uma breve sinopse do enredo, SFC conclui: «Cheever domina, levando a patamares superiores, a mecânica perniciosa das relações familiares, mas é o registo dos pequenos episódios, dos momentos de evasão individual e das esperanças mais insignificantes por entre o correr dos dias que faz brilhar a saga dos Wapshot.» (Time Out, 7-13 ABR)


8.4.10

Hélia Correia em entrevista sobre o seu último livro



«Foi uma paixão pela imagem, pelo quadro da "Ofélia", do [John Everett] Millais (1851-52). Uma grande paixão, um "coup de foudre". Essa imagem acompanhou-me sempre. E depois [continuou] durante a vida, sempre com a minha fortíssima anglofilia a dominar sobre a minha formação românica, francesa. Tem sido sempre assim e isso é uma coisa boa que me tem acontecido: como não é uma cultura académica, é sempre uma descoberta pessoal, não vai orientada por ninguém. Aos poucos, com todo o século XIX inglês, fui descobrindo a existência de personagens. Descobri que aquela figura se chamava Elizabeth Siddal.»

«A Lizzie é diferente porque - e aí já vamos ao coração da coisa - ela não é uma tela na qual o Gabriel [Rossetti] pinta, não é uma mulher-lua, nesse sentido de ser uma superfície plana. O que sinto que acontece é que, enquanto todas as outras mulheres foram escritas por esse ideal, ela foi o ser vivo que incarnava esse ideal sem que ninguém lhe inscrevesse nada. Até porque ela nunca se transformou, nunca se modificou nem para agradar, nem para desagradar. Surgiu como uma pintura viva, intocada pelos artistas. Não foram eles que a construíram, construiu-se sozinha segundo o ideal daqueles homens, e muito especial, segundo o ideal de Gabriel Rossetti.»

«[Lizzie] assustava. Assustava os homens. E com a sua parte de doente, frágil, e de desprotegida, enternecia as mulheres. O erotismo que emanava dela não era um erotismo directo, não era a carne que falava. Era de tal modo embrulhado em mito, o do cabelo vermelho, e inspirado pela distância, tão grande, que os homens, para entenderem, para continuarem a viver no mesmo meio, se consolavam em afirmar o oposto: que era frígida, que não era tão bela quanto isso, que era muito magra, antipática, mal-educada. É a reacção masculina a um feminino que é misterioso, e que tem uma coisa muito irritante para os homens: ela não quer saber deles. Há a típica mulher fatal que é a mulher misteriosa que emana um apelo de sereia, que, quando canta, canta para que o homem a ouça. Lizzie é completamente indiferente ao que pensem, ao que sintam os homens. Só lhe interessava a arte, o envolvimento poético e mítico daquela relação, e o Gabriel Rossetti.»

Da entrevista de Raquel Ribeiro a propósito do livro Adoecer. (Público, 24MAR)

Necrophilia, de Jaime Rocha, com prefácio de João Barrento





1.

A mulher caminha pelas urzes, no auge
do vento, já depois da morte, enovelada
pelos ramos que cortam a paisagem.
O homem está parado como uma ave
de pedra, batida pelo fumo. Depois, é o
corpo dela desfeito sobre os rochedos,
uma faísca que incendeia um pedaço
de madeira. O homem, amarrado a uma
mancha de ferro, contempla o corpo vazio.
Um pássaro cego cai em cima de um espelho.
É o rosto dele despedaçado, a dor.
Tudo é medonho à sua volta, a parte
de trás da luz, a humidade, a respiração
das plantas.






«A poesia de Jaime Rocha não vive nem da emoção, nem da conceptualidade abstracta, muito menos de qualquer piscar de olhos a experimentalismos de linguagem. É pura construção imagética, sem truques nem metáforas, uma sequência obsessiva de imagens nuas, em carne viva, angulosas e surpreendentes, para servir um universo de grandes percepções (e não mundos minimais e subjectivos, como acontece em grande parte da poesia que hoje se lê), num registo acentuadamente descritivo – no espaço (os cenários de cada acção ou a movimentação das figuras) e no tempo (o decurso do acontecer, os seus vários momentos e metamorfoses). Passando-se as coisas assim no plano da linguagem, esta poesia só podia ter um travejamento conceptual de tipo alegórico, em que o mundo se oferece ao olhar e por ele é interpretado.»
(Do Prefácio de João Barrento)


Jaime Rocha nasceu em 1949. Frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa. Viveu em França nos últimos anos da ditadura. Publicou várias obras nos domínios da ficção, da poesia e do teatro. Com a edição de Necrophilia termina a sua Tetralogia da Assombração que inclui os livros Os Que Vão Morrer, 2000, Zona de Caça, 2002, e Lacrimatória, 2005, editados na Relógio D'Água.


7.4.10

António Guerreiro sobre Mãe-do-Fogo


Sobre o livro Mãe-do-Fogo, António Guerreiro diz: «Entre os desenhos de João Cruz Rosa e os poemas de João Miguel Fernandes Jorge não há uma relação ilustrativa nem de interpretação: cada uma das secções do livro é autónoma. Mas não há na poesia portuguesa contemporânea um diálogo mais fecundo com a arte irmã da poesia do que aquele que este poeta tem desenvolvido.» Na revista Actual de 27 de Março.


6.4.10

José Riço Direitinho sobre John Cheever



John Cheever ganhou fama de contista exímio cujo talento foi reconhecido por Nabokov, Bellow e Updike. No entanto, frisa José Riço Direitinho, «foi nos romances – escreveu cinco (que a Relógio d'Água tem vindo a publicar, Crónica de Wapshot, vencedor do National Book Award em 1958, é o terceiro) – que John Cheever mais explorou a dualidade da natureza humana, representada por conflitos entre dois personagens com diferentes visões da vida, quase sempre opostas.» Este livro é assim, segundo o crítico, «um exemplo do virtuosismo narrativo de Cheever e da sua assombrosa capacidade de observação.» Na revista LER de Abril.


Último livro de Turguénev recenseado no Ípsilon


A propósito de Fumo, de Ivan Turguénev, Rui Catalão procede à sua comparação, no Público de 2 de Abril, com Anna Karenina de Tolstói, para concluir que «O enredo, as características gerais dos protagonistas, temas e enfoque social até são comuns aos dois livros, mas a locomotiva emocional de Tolstói é substituída em Turguénev por subtis estados de intranquilidade.»
O eixo de gravidade do romance é assim, segundo este crítico, a descrição apurada das paixões da alma: «A arte de Turguénev revela-se na sua força maior quando a narrativa é suspensa para as personagens serem retratadas.»