30.10.15

A chegar às livrarias: Convite para Uma Decapitação, de Vladimir Nabokov (trad. de Carlos Leite)





Escrito em Berlim em 1934, Convite para Uma Decapitação contém toda a surpresa, entusiasmo e intensidade de um trabalho criado em duas semanas de inspiração.
Conduz-nos ao fantástico mundo de Cincinnatus, um homem condenado à morte que passa os últimos dias na prisão, não sabendo exatamente quando o seu fim chegará.
Nabokov descreve o livro como «um violino num vazio»:
«O mundano julgá-­lo-­á um passe de mágica. Os velhos trocá-­lo-­ão apressadamente por romanças regionais e pelas vidas de figuras públicas. Nenhuma dama ativa em clubes ou organizações sociais se arrepiará. O espírito maldoso verá na Emmie uma irmã da Lolita, e os discípulos do curandeiro vienense rir­-se-­ão dele em silêncio no seu grotesco mundo da culpa comunal e da educação progresivnoe. Mas (como disse o autor de Discours sur les ombres sobre outra luminária): Conheço (je connais) alguns (quelques) leitores que darão saltos, com os cabelos em pé.»

«Nabokov moldou e manipulou a linguagem com mais destreza, inteligência e astúcia do que qualquer outro escritor desde Shakespeare.» [Daily Mail]

«Nabokov escreve prosa do único modo que deve ser escrita — de forma arrebatadora.» [John Updike]

Hélia Correia em entrevista ao Sol




Hélia Correia, Prémio Camões 2015, foi entrevistada por Ricardo Nabais, do jornal Sol. A entrevista pode ser lida aqui.

 

Relógio D’Água na ESTANTE da Fnac




 

A revista ESTANTE, da Fnac, chegou às bancas esta semana. Os vários artigos já podem ser lidos tanto na versão impressa como no site da publicação. Nela surgem vários livros da Relógio D’Água.
Num artigo sobre literatura sulista americana, recomenda-se Mataram a Cotovia, de Harper Lee, Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole, As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, e Meridiano de Sangue, de Cormac McCarthy.
 
 
Em Movimento, de Oliver Sacks, e Uma Conspiração de Estúpidos surgem incluídos na rubrica “O Que Está na Estante”.
 
 
Adolfo Luxúria Canibal destaca O Arranca Corações, de Boris Vian (trad. Luiza Neto Jorge), e Uivo e Outros Poemas , de Allen Ginsberg (trad. Margarida Vale de Gato), como dois dos livros da sua vida.
O Corvo, de Edgar Allan Poe, e Nas Montanhas da Loucura , de H. P. Lovecraft, são sugeridos numa lista de livros para o Halloween.

27.10.15

Sobre Obras Escolhidas II, de Oscar Wilde




«Embora a carta [a Lord Alfred Douglas] seja comovente, para reencontrar Wilde no seu melhor temos de passar a um dos textos seguintes, o ensaio clássico sobre o socialismo, no qual ele diz que a principal vantagem desse sistema político será “aliviar-nos da sórdida necessidade de vivermos para os outros, que no presente estado de coisas tanto pesa sobre toda a gente”. Permitir-nos o egoísmo, em suma. Antes de lhe chamarmos ingénuo, lembremos a sua previsão de que uma versão autoritária do socialismo tornaria a situação ainda pior do que já é. (…) Como em qualquer bom ensaio, o mérito deste reside sobretudo na qualidade das observações. O mesmo se aplica a “O Declínio da Mentira”, diálogo de paradoxos sobre a natureza da arte e da relação da arte com a natureza. O volume inclui ainda poemas, entre eles a famosa “Balada do Cárcere de Reading”. (…) Por último, os nove belíssimos contos mágicos destinados a crianças. Reunidos por Wilde em dois volumes, continuam a sobreviver com brilho ao envelhecimento de geraçoes sucessivas.» [Luís M. Faria, E, Expresso, 24/10/15]

26.10.15

Sobre Sensibilidade e Bom Senso, de Jane Austen




«Sensibilidade e Bom Senso é uma Divina Comédia com menos esferas. Jane não desce muito baixo, nem sobe muito alto, porque justamente a sua época era já um prelúdio à medianização. Na esfera mais baixa, as pessoas de fortuna que voluntariamente se cegam para não ter que ver a aflição dos mais próximos. É o personagem de Mr. John Dashwood, uma involução de alma, que ousa proclamar a sua pobreza face à aflição da sua família, advogando os gastos excessivos — e excessivamente supérfluos — que o empobrecem. É o grande castigado. Willoughby, que se lança num flirt com a romântica Marianne para depois a abandonar por uma mulher rica e aborrecida, é menos punido, pois Jane perdoa mais facilmente um rapaz leviano e gastador — que peca por agir sem pensar, ao sabor da satisfação dos seus desejos — do que um calculista egoísta. Vêm a seguir as esposas cínicas e dominadoras, que deliberadamente ofuscam a inteligência (já escassa) dos maridos, a fim de preservarem a coerência dos bens e dos “valores” de uma família. Depois as esposas “apolíticas”, que se fecham no papel de mães ou gestoras da casa, demasiado ocupadas com as tarefas do “feminino” para perderem tempo com quem não contribua para a economia familiar. E muito perto, a seguir, as amigas interessadas que extraem das amizades informações.» [Leonor Baldaque, Ler, Outono de 2015]


A Relógio D’Água publicou este ano Sensibilidade e Bom Senso, de Jane Austen, em tradução de Paulo Faria.

A chegar às livrarias: A Minha Luta 3 - A Ilha da Infância, de Karl Ove Knausgård (trad. de Miguel Serras Pereira)



 A memória de Knausgård não segue uma ordem cronológica. Avança, recua, detém-se e depois adquire um novo impulso. Isso torna-se evidente nesse exercício de realismo autobiográfico que é A Minha Luta.
No terceiro volume, A Ilha da Infância, situamo-nos no Verão de 1969 na ilha de Tromøya, na costa sul da Noruega, aonde Karl Ove chega ainda bebé num carrinho empurrado pela mãe.
É nesse universo familiar, entre as florestas carregadas de mistérios, que se desenvolvem as intensas experiências da infância.
Knausgård fala-nos das suas sensações sobre a natureza do tempo, da memória e da existência, a felicidade de ir à escola, os prazeres e problemas da amizade, a excitação da vida ao ar livre, a descoberta sempre inesperada do amor, os medos, as alegrias, a leitura,as roupas, a música e o desporto.
E tudo isso entretecido na serena atenção da mãe e no autoritarismo do pai, sempre disposto a castigar.


«Knausgård combina autoficção e reflexão como ninguém o fez antes. Ao lê-lo, sentimos que estamos absorver o retrato completo de uma vida.» [Jeffrey Eugenides]

23.10.15

A chegar às livrarias: Obras Escolhidas de Hélia Correia





Neste volume das Obras Escolhidas de Hélia Correia publicam-se os seus três romances principais, A Casa Eterna, Lillias Fraser e Adoecer.
O livro integra ainda as novelas Montedemo e Bastardia.
Hélia Correia recebeu o Prémio Camões em 2015.

Entrevista de Lydia Davis




No site da The Paris Review, pode ler-se uma entrevista de Andrea Aguilar e Johanne Fronth-Nygren a Lydia Davis, publicada no n.º 227 da revista.
Lydia Davis é autora de Contos Completos e Não Posso nem Quero, ambos os títulos editados pela Relógio D’Água.


22.10.15

Sobre Em Movimento, de Oliver Sacks




« Em movimento. Uma vida é a história de um homem nascido e educado na Inglaterra («o meu lar»), no seio de uma família judaica, mais tarde radicado nos Estados Unidos onde se consagrou como médico e professor, escrevendo livros que o tornaram célebre em todo o mundo. Filho e irmão de médicos, Sacks revela-se por inteiro: família, formação em Oxford, culto das motas, depressão após uma experiência laboratorial malsucedida, homossexualidade reprimida até entrar na idade adulta (virgem aos 22 anos, relata com brutal franqueza a primeira vez que foi sodomizado), temporada num kibutz em Israel, sexo e bodybuilding, a paixão por música, arte e literatura, a amizade com o poeta Thom Gunn, a vida académica, as descobertas e avanços da medicina, a relação com os pacientes, o melanoma no olho direito, a construção do mito, a razão de cada livro que escreveu, a vida em comum com Billy Hayes nos últimos seis anos de vida. Notável.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, sobre crítica escrita para a revista Sábado, 22/10/15]

A chegar às livrarias: Os Meus Primeiros Passos como Escritora de Eudora Welty (trad. Ana Matoso)




«Quando eu era pequena e ainda demorava muito tempo a abotoar os sapatos de manhã, punha-me à escuta dos sons que chegavam até mim vindos do corredor: o Papá, no andar de cima, fazia a barba na casa de banho, e a Mãe, no andar de baixo, fritava o bacon. Começavam a assobiar um para o outro, escada acima, escada abaixo. O meu pai assobiava a sua frase, a minha mãe tentava assobiar, e depois respondia, cantarolando a sua. Era o dueto deles. Eu abotoava e desabotoava a presilha dos sapatos e escutava aquilo — sabia que era “A Viúva Alegre”. A diferença era que a canção deles quase pairava no ar com risos: quão diferente do disco, que rosnava deste o início, como se se estivesse a dar lentamente corda à grafonola. Eles continuavam naquele diálogo musical através das escadas, onde eu já me encontrava, prestes a descer batendo ruidosamente com os pés e a mostrar-lhes os meus sapatos já calçados.»


Na origem deste livro estão três conferências proferidas na Universidade de Harvard, em Abril de 1983, para inaugurar o ciclo de conferências William E. Massey.



De Eudora Welty a Relógio D’Água tem também publicados O Coração dos Ponders, A Filha do Optimista e Os Melhores Contos.

Departamento de Especulações, de Jenny Offill, uma das obras em destaque na secção Na Estante da revista Ler de Outono de 2015




 

«É um breve romance que pode passar despercebido – mas (…) trata-se de uma pérola escrita em fragmentos curtos, divertidos, cheiros de ironia e de mágoa (como devem ser todas as histórias de adultério e reconciliação), cheios de (boa) literatura e de melancolia invulgar. (…) é um belíssimo livro.»

21.10.15

Contos de Guerra, de Lev Tolstói, uma das obras em destaque na secção Na Estante da revista Ler de Outono de 2015




 

«Os contos de Lev Tolstói reunidos nesta antologia têm o benefício de uma certa atualidade, uma vez que se situam no final da década de 50 do século XIX, durante a guerra da Crimeia e os combates em redor de Sevastópol. “Sevastópol em dezembro de 1854”, primeiro conto, é sublime como descrição de um cenário de distúrbio, um misto de reportagem e lamento.»

20.10.15

História de Quem Vai e de Quem Fica, de Elena Ferrante, uma das obras em destaque na secção Na Estante da revista Ler de Outono de 2015



 

«Para satisfação de um número crescente de leitores, chega às livrarias o terceiro volume de A Amiga Genial, de Elena Ferrante. Depois dos dois primeiros – A Amiga Genial e História do Novo Nome – a vida das protagonistas, Elena e Lila, mudou bastante. (…) No centro do enredo continua a amizade muito peculiar das duas mulheres, que tanto parece obsessiva como desprendida, num tempo – os anos 70 – de grandes tensões sociais em Itália.»

Sobre Em Movimento, de Oliver Sacks







«A recente morte de Oliver Sacks privou-nos do melhor divulgador científico do nosso tempo. Não que faltem físicos, biólogos e matemáticos capazes de transmitir o seu saber a várias gerações de leitores. No entanto, só raramente conseguirão gerar uma empatia idêntica à de Sacks. Porque o assunto dele era o humano, num sentido direto e profundo. Neurologista, os casos que descrevia referiam-se a alterações de funcionamento resultantes de algum evento dramático no cérebro: drogas, traumatismo, acidente vascular. (…) Enquanto o livro anterior falava de família e de ciência (em especial, química), aqui é o apelo da vida comum que sobressai. Após os estudos universitários em medicina, o tímido nativo do bairro londrino de Willesden começa a carreira profissional e emigra para os EUA. Ainda adolescente percebera a sua atração por rapazes, mas cometera a imprudência de contar ao pai; os efeitos deixaram-lhe um peso eterno de vergonha. Virão depois anos de experiências com drogas, musculação, motocicletas e sexo, seguidos por um período de abstinência que durará três décadas e meia. Esta fase coincidiu com o sucesso literário e profissional de Sacks, e ele descreve-a como gratificante, mas muitos leitores acharão o caso tão estranho como qualquer um dos que relatou. Na medida do possível, como sempre, ele explica.» [Luís M. Faria, E, Expresso, 17-10-15]

 

19.10.15

Carol ou O Preço do Sal premiado na Feira do Livro de Frankfurt




O filme Carol ou O Preço do Sal, de Todd Haynes, baseado no livro de Patricia Highsmith, foi distinguido na última Feira do Livro de Frankfurt com o prémio de melhor adaptação cinematográfica de uma obra literária.
O romance será publicado pela Relógio D’Água, em tradução de Ana Luísa Amaral.
A estreia do filme em Portugal está prevista para Janeiro de 2016.

De Patricia Highsmith a Relógio D’Água já publicou O Talentoso Mr. Ripley, O Desconhecido do Norte Expresso e As Duas Faces de Janeiro.

A chegar às livrarias: De Quanta Terra Precisa o Homem e Outros Contos, de Lev Tolstoi (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra)



 
«De Quanta Terra Precisa o Homem, de Tolstoi (que Joyce considerava como “a melhor literatura do mundo”), só podia ter sido escrita, no século dezanove, por um russo ou por um americano. É uma parábola da imensidade da terra; não teria feito sentido nem na paisagem de Kent de Dickens, nem na Normandia de Flaubert.» [George Steiner, Tolstoi ou Dostoievski]

A chegar às livrarias: Aquário, de David Vann (trad. de José Lima)





Caitlin tem doze anos e vive sozinha com a mãe — uma estivadora das docas locais — numa casa subsidiada próxima de um aeroporto de Seattle. Todos os dias, enquanto espera que a mãe a vá buscar à escola, Caitlin visita o aquário local para estudar os peixes. À medida que observa as criaturas que se movem nas águas profundas, Caitlin fica imersa num outro universo.
Quando certo dia trava amizade com um velho que partilha a sua paixão pelos peixes, Caitlin descobre um obscuro segredo de família que precipita a relação dela com a mãe para um precipício de terríveis consequências.
Escrito em prosa cristalina, Aquário leva-nos até ao coração de uma jovem corajosa e destemida, cuja busca pelo amor e a capacidade de perdoar transforma as pessoas em seu redor.
Implacável e desolador, original e redentor, Aquário é uma história comovente de um dos maiores escritores americanos do nosso tempo.


«Como Melville, Faulkner e McCarthy, Vann é já um dos grandes da literatura americana.» [ABC]

«Um escritor para ler e reler.» [Economist]

«Um escritor convincente e poderoso.» [Guardian]


«Maravilhoso — de partir o coração. Belíssimo… Nunca vi arte tão cuidada e luminosa.» [Lorrie Moore]

Sobre Opiniões Fortes, de Vladimir Nabokov




«Nem o nome, nem o adjectivo são casuais, nem decepcionam, no título desta recolha de Vladimir Nabokov. E o nome é, como dantes se dizia, substantivo. Trata-se, realmente, de opiniões que são fortes. Nabokov sempre assumiu essa posição opinativa que o levava a escolher ou a excluir (a famosa sala de espera em que deixava Dostoievsky) com a assertividade (ou crueldade) que era um dos seus timbres mais reconhecíveis – “Recuso-me a ser guiado e controlado por uma comunhão de opiniões estabelecidas e traduções académicas”, escreveu Nabokov, na fascinante polémica que manteve com um opositor à altura, Edmund Wilson. Subjectividade ou caturrice, estamos a falar do homem que escreveu: “um leitor sábio lê o livro de génio não tanto com o coração, não tanto com o cérebro, mas com a espinha. É aí que ocorre o formigueiro revelador” (Aulas de Literatura, Relógio D’Água).» [Hugo Pinto Santos, Time Out, 14/10/15]

15.10.15

A chegar às livrarias: A Família dos Mumins e O Cometa na Terra dos Mumins, de Tove Jansson




A primavera chegou ao Vale dos Mumins, assim como uma cartola mágica que o Mumintroll e os seus amigos Farisco e Sniff descobrem, e que pode transformar qualquer coisa ou alguém em seja o que for.



Um pressentimento acerca de uma estrela com cauda leva o Mumintroll e o seu amigo Sniff a um observatório no cimo de uma montanha. Mas a verdadeira aventura começa quando descobrem que um cometa se encaminha em direção à Terra.


«Um tesouro perdido, agora redescoberto… Uma obra-prima.»
[Neil Gaiman]

«Jansson era um génio de um modo subtil. Estas histórias simples estão repletas de emoções únicas profundas e complexas, como jamais se viram em literatura para crianças ou adultos.»
[Philip Pullman]

«Tove Jansson é, sem dúvida, uma das maiores escritoras de livros para crianças.»

[Sir Terry Pratchett]

13.10.15

A chegar às livrarias: Ricardo III, de William Shakespeare (trad. de Rui Carvalho Homem)




«Shakespeare inscreve, assim, num padrão trágico o segmento da história inglesa que contém a ascensão e queda de Ricardo III (Lull 90, 96-8), sendo que se trata do segmento final e decisivo do conflito que ficou conhecido por “Guerras das Rosas”, uma prolongada querela dinástica pelo trono de Inglaterra que, na segunda metade do século xv, opôs as casas de York e Lancaster, heraldicamente identificadas (respectivamente) por uma rosa branca e uma vermelha. (…)

Ricardo, Duque de Gloucester no início e Rei Ricardo a partir do meio da acção, é enfaticamente destacado dos outros agentes do processo histórico que compõem a galeria de personagens desta peça pela determinação que o define e pelo enorme ascendente verbal que o dramaturgo lhe confere — aferível pelos seus triunfos retóricos sobre outras personagens, bem como (quantitativamente) pela percepção de que um terço do texto da peça está na sua voz.» [Da Introdução]

12.10.15

Cinemateca Portuguesa comemora aniversário de José Cardoso Pires






José Cardoso Pires (1925-1998) teria completado 90 anos a 2 de Outubro e é esta a data tomada por pretexto para voltar a evocar o reflexo do trabalho do escritor no cinema português, em três sessões que retomam as adaptações a longas-metragens de dois dos seus extraordinários livros, Balada da Praia dos Cães (19/10, às 21h30)  e O Delfim (19/10, às 19h00), que José Fonseca e Costa e Fernando Lopes levaram ao cinema respetivamente em finais dos anos oitenta e início da década dois mil; bem como o retrato filmado do escritor por Manuel Mozos – José Cardoso Pires: Diário de Bordo.

9.10.15

Isabel Lucas entrevista Rachel Kushner, que vai estar presente no Folio, Festival Literário de Óbidos




«Em vésperas de estar em Portugal onde vai participal no Folio, o Festival de Literatura de Óbidos que começa no  dia 15, e pouco depois de editar por cá o seu primeiro romance, Kushner falou da admiração que sente por Roberto Bolaño e o modo como ele deixa que as personagens tomem conta da acção, do quanto é doloroso escrever antes de encontrar o tom, da preocupação com a forma, do gosto pela velocidade, de coisas que não cabem no espaço de uma entrevista onde disse, sobretudo, o que a motiva na escrita: uma espécie de entendimento sobre as pessoas num lugar e num tempo.

— Uma das suas personagens mais controversas em Telex de Cuba diz que o ingrediente especial para tornar a carne tenra é a contradição. Isso é valido para a literatura?

Talvez. Pelo menos podem-se arranjar argumentos muito interessantes em defesa disso. Não costumo passar receitas sobre o que é bom para a literatura mas acho a contradição muito útil para atingir uma energia criativa. Parece que se chega a alguma coisa mais parecida com a verdade se olharmos as coisas por uma via em que não se possam facilmente reconciliar-se. A vida contemporânea quer que funcionemos sem reconciliação, através de grandes contradições. Viver numa sociedade capitalista e ao mesmo tempo pensarmos em nós como pessoas com uma ética requer grande contradição. Gosto de pensar nas contradições quando escrevo. » [ípsilon, 9/10/15]

José Mário Silva escolheu Elena Ferrante para Nobel de 2015


 

 
No blogue Bibliotecário de Babel, o crítico José Mário Silva exprimiu o seu desejo para o Nobel deste ano, entretanto atribuído a Svetlana Alexievich:

«Não é bem um prognóstico, nem uma aposta. É mais um desejo: a italiana Elena Ferrante, que ninguém sabe ao certo quem é, por nunca ter dado a cara e existir só através dos seus extraordinários livros. Duvido muito que a Academia lhe atribua o Nobel. E tenho quase a certeza de que ela não o aceitaria (se aceitasse, seria um acontecimento, o improbabilíssimo milagre da sua materialização pública). Ainda assim, estaríamos perante um Nobel forte, arrojado, mais do que merecido.» [8/10/15]

Sobre Departamento de Especulações, de Jenny Offill





«Este desconcertante romance de Jenny Offill é daqueles livros que não pode ser reduzido a uma sinopse. Porque a sinopse seria qualquer coisa como isto: um casal aproxima-se, descobre o amor, surge uma família, nasce uma criança, o homem tem um caso amoroso, o casamento fica em risco, a hipótese de uma rutura definitiva insinua-se, tal como a da improvável salvação. No século XIX, talvez se fizesse disto um drama burguês. No século XXI, é só um enredo vulgar, esgotadíssimo.
Esqueçamos então a sinopse, a trama, a “história”. Porque o estranho sortilégio em que este romance nos enreda não nasce da matéria narrativa, mas da narração propriamente dita. (….)
Na verdade, Departamento de Especulações revela-se tão mais verdadeiro quanto mais descontínuo, disperso e aparentemente aleatório. Talvez porque se aproxima, assim, do caos que é a vida.» [José Mário Silva, Expresso, revista E]

6.10.15

Nas livrarias: A Solidão dos Números Primos, de Paolo Giordano






A Solidão dos Números Primos obteve o Prémio Strega em 2008 e o Prémio Campiello Opera Prima e foi traduzido em mais de quarenta línguas.
A narrativa centra-se nas vidas de Alice e Mattia, ambos marcados por um episódio traumático sucedido na sua infância e que se parecem com aqueles números especiais, a que os matemáticos chamam «primos gémeos», separados apenas por um número par, próximos mas incapazes de se tocarem realmente.

De Paolo Giordano, a Relógio D'Água editou também Negro e Prata.

5.10.15

A chegar às livrarias: Psicologia dos Comportamentos Online, organização de Guilhermina Lobato Miranda




O que leva tantas pessoas a sentirem-se atraídas por relações de amizade, amorosas e de trabalho online? Como são geridas estas relações? Que ligações existem entre o online e o presencial? Que papel desempenham as redes sociais na socialização dos jovens? Que contributos dão para a construção da identidade pessoal? Como se expressam as emoções online? Como se manifesta o fenómeno do cyberbullying? O que leva algumas pessoas a traírem os seus parceiros em relações iniciadas ou mantidas através da Internet?
Ao longo dos oito capítulos deste livro, especialistas nacionais e estrangeiros respondem às perguntas que muitos de nós se colocam, integrando os resultados mais conclusivos das investigações até hoje realizadas.


Textos de: Ana Isabel Runa; Armanda Matos; Cristina Ponte; Guilhermina Lobato Miranda; Gustavo Cardoso; Jeffrey T. Hancock; João Amado; José Alberto Simões; Katelyn Y. A. McKenna; Telmo Mourinho Baptista; Tiago Lapa; Tom Postmes.

Francisco José Viegas entusiasmado com Oliver Sacks




Cansado dos comentadores políticos, Francisco José Viegas escreveu no Correio da Manhã:

«E passei a ler coisas inesperadas, como a magnífica autobiografia de Oliver Sacks, neurologista que morreu este ano e de que tinha lido ‘O Homem que Confundiu a Mulher com Um Chapéu’ e ‘Despertares’ (que valeu um filme com De Niro e Robin Williams). É um testemunho apaixonante e apaixonado. ‘Em Movimento’ (Relógio d’Água) conta a vida de um estudante judeu inglês que se transforma numa referência de humanidade e de tolerância; foi também mergulhador, viajante, halterofilista, motociclista, grande leitor de poesia (viveu com o poeta Thom Gunn), antropólogo dedicado. Talvez seja um livro indicado para os adolescentes se encantarem, de vez em quando, com os mistérios e os rigores da vida – e os seus inesperados.» [28-09-2015]

2.10.15

Sobre Fala, Memória, de Vladimir Nabokov




«Fala, Memória, a autobiografia de Nabokov, é um supremo exercício literário.
Só comparável em importância às Confissões de Santo Agostinho ou de Rousseau.
Nada de paixões por reflexos em fontes ou de madalenas mergulhadas no chá. Para Vladimir Nabokov (1899-1977), uma autobiografia honesta e perene nasce, não de um gesto egocêntrico ou narcótico, mas de um ato «excêntrico»: o de moldar um conteúdo individual a uma forma impessoal e artística. Para ser verdadeira, a criação autobiográfica deve, antes de mais, tomar a rememoração como exercício técnico de procura, exploração e análise de «sendas ou correntes temáticas» nas regiões mais remotas da vida passada. Segundo este método, a retrospecção é uma tentativa de transformar uma evidência numa conclusão.»

[Filipa Melo, no blogue Coração Duplo, crítica a Fala, Memória publicada na Ler de Maio de 2013]

A chegar às livrarias: Intimidade, de Hanif Kureishi (trad. Inês Dias)





«Esta é a noite mais triste, porque me vou embora e não volto mais.» Esta é a primeira frase de Jay, personagem da fascinante história de Hanif Kureishi sobre o final de um relacionamento.

«O melhor livro de Kureishi até ao momento.» [The Times]

«É de longe a dissecação mais astuta e dolorosa sobre a inquietação sexual masculina que já li… Os diálogos são desconcertantes e existe uma permanente recusa do compromisso e do fastidioso… Contar a verdade é sempre uma atividade precária, mas Kureishi fá-lo com seriedade, afeto e desconcertante aprumo.» [Mail on Sunday]

«Se, como refere John Updike, o dever de um escritor é contar o que é para si a verdade, então Kureishi triunfou: neste livro a honestidade é devastadora.» [Observer]


«Kureishi possui um dom incomum para construir personagens.» [Independent]

1.10.15

A chegar às livrarias: Contos de Petersburgo, de Nikolai Gogol (trad. do russo de Carlos Leite)





«Gogol era uma criatura estranha, mas o génio é sempre estranho; só o escritor de segunda ordem e são de espírito é que parece ao leitor agradecido um sábio e velho amigo que expõe com finura as suas próprias opiniões (do leitor) sobre a vida. A grande literatura roça o irracional. O Hamlet é o sonho demente de um académico neurótico. O Capote de Gogol é um pesadelo grotesco e sinistro que abre buracos negros no desenho pouco claro da vida. O leitor superficial verá nessa história apenas as cabriolas pesadas de um bufão extravagante; o leitor solene terá como certo que a primeira intenção de Gogol era denunciar os horrores da burocracia russa. Mas nem aquele que quer umas boas gargalhadas, nem o que anseia por livros “que nos façam pensar” compreenderão de que trata O Capote realmente. Mas deem-me o leitor criativo; este conto é para ele.» [Do Posfácio de Vladimir Nabokov]

Paulo Faria e Jorge Vaz de Carvalho recebem Grande Prémio de Tradução Literária APT/SPA




A tradução de Ulisses, de James Joyce, por Jorge Vaz de Carvalho, e de História em Duas Cidades, de Charles Dickens, por Paulo Faria, receberam ex aequo o Grande Prémio de Tradução Literária da Associação Portuguesa de Tradutores e da Sociedade Portuguesa de Autores.


Margarida Vale Gato recebeu uma Menção Honrosa, pela tradução de Uivo e Outros Poemas, de Allen Ginsberg. Eugénia Antunes recebeu também uma Menção Honrosa.


O júri foi constituído por António Torrado, Alexandra Gomes e Teresa Seruya.

O prémio foi entregue ontem, 30 de Setembro, às 18h30, na Sala Carlos Paredes da Sociedade Portuguesa de Autores.