31.8.12

A Relógio D'Água no ípsilon de 31 de Agosto





No suplemento ípsilon do Público de 31 de Agosto, Rui Lagartinho escreve sobre Infância, Adolescência e Juventude, de Lev Tolstói:
«O narrador chama-se Nikolai como o autor, mas desde o início que não é seguro que as duas peles estejam coladas. Tolstói faz deste seu primeiro livro um enorme balão de ensaio de um estilo e de uma voz própria. Procura uma disciplina, tenta afirmar uma independência de espírito através da autocrítica e da prática da introspecção dos seus variados e mutantes estados de alma. Oferece-se a si próprio a liberdade suprema de injectar ficção num texto que segue as regras da autobiografia sem o ser.»

  

No mesmo suplemento, Helena Vasconcelos escreve sobre Oficiais e Cavalheiros, de Evelyn Waugh, segundo volume de uma trilogia cuja primeira parte (Homens em Armas) será em breve editada pela Relógio D’Água:
«Waugh afasta-se decisivamente do idealismo de, por exemplo, Rudyard Kipling e Rupert Brooke, que exaltaram fervorosamente a “grandeza” dos combatentes e das batalhas em que a “honra” e a “glória” eram ponto de ordem (…), concentrando-se, tal como [Joseph] Heller, no absurdo da burocracia militar, na falta de preparação de muitos líderes, na banalidade da morte e no caos que se instala num sistema que, à partida, se pretende rigoroso e eficaz. (…)
Estes “heróis” perdem a sua aura para se revelarem simples seres humanos, sujeitos às emoções mais banais, num confronto cujo absurdo é magistralmente aproveitado pelo autor, que aqui, como fez notar o crítico George McCartney, mostra que pouco lhe interessava corrigir comportamentos pouco éticos, à maneira dos satiristas tradicionais, mas antes atacar com vigor “as certezas culturais e metafísicas do seu tempo”.»

Sobre David Copperfield, de Charles Dickens





Na biografia Charles Dickens: A Life, Claire Tomalin escreve sobre David Copperfield: «Uma obra-prima feita pela capacidade de Dickens de trabalhar a sua própria experiência, transformá-la e dar-lhe um poder de mito.»

Sobre Maria Gabriela Llansol






Antes das Quartas Jornadas Llansolianas de Sintra (29 e 30 de Setembro), o último número do JL, saído no dia 22 de Agosto, traz um artigo de João Barrento sobre a situação da edição e divulgação da obra de Maria Gabriela Llansol intitulado «Llansol: entre mentes e sementes», em que, segundo o blogue Espaço Llansol, «se defende a necessidade de manter viva a chama do texto de Llansol através da edição e da disponibilização daquilo que de novo existe e tem vindo a ser revelado pelo trabalho do Espaço Llansol. De facto, esta vontade de dar a conhecer o novo, para além dos livros publicados, vem da própria Maria Gabriela Llansol nos últimos meses de vida, ao escolher e disponibilizar textos inéditos dos seus cadernos manuscritos que alimentaram este blog no seu início.»

30.8.12

No princípio de Novelas Eróticas, de M. Teixeira-Gomes






No blogue Bibliotecário de Babel, José Mário Silva transcreve os primeiros parágrafos de Novelas Eróticas, de M. Teixeira-Gomes.



«O Inverno de 1890 foi dos mais ásperos que flagelaram a Europa durante o século findo, e na Holanda, então — onde eu o passei quase todo —, país relativamente temperado e malissimamente preparado para as baixas temperaturas, morria-se de frio. Mas morria-se deveras, isto é: apareciam com frequência, nas ruas das cidades populosas, criaturas humanas inteiriçadas e mortas de frio.»

No sítio da Relógio D’Água, pode ler as primeiras páginas deste e de outros livros recentemente editados.

29.8.12

Lanterna Mágica, de Ingmar Bergman, no Câmara Clara






Lanterna Mágica, de Ingmar Bergman, foi assunto no Diário Câmara Clara de 27 de Agosto. A peça conta com comentários de Margarida Medeiros e pode ser vista aqui (2m41s).

A Relógio D'Água no sítio da Agenda Cultural de Lisboa




No sítio da Agenda Cultural de Lisboa, podem encontrar-se em destaque duas obras editadas pela Relógio D’Água: Contos, de Luigi Pirandello, e Os Pássaros Brancos e Outros Poemas, de W. B. Yeats.



«O teatro de Luigi Pirandello (1867/1936), Prémio Nobel de Literatura de 1934, questiona a identidade individual, dilui a distinção entre ator e personagem, teatro e realidade, forma e conteúdo e antecipa o teatro do absurdo de Ionesco, Beckett e outros. A sua obra dramática expõe a ideia paradoxal de que o ser humano só se revela verdadeiramente quando usa uma máscara ou adota um papel. Pirandello assinou o seu primeiro drama depois dos 40 anos. Anteriormente havia publicado vários contos e romances. O presente volume reúne uma seleção de 28 contos inseridos na colectânea Contos para um Ano, dado que planeava escrever 365. Estas pequenas narrativas plenas de humor dão uma nova perspetiva do autor que afirmou: “A realidade é um engano. Tudo são aparências.”»


«Os Pássaros Brancos e Outros Poemas apresenta 70 poemas escritos entre 1889, ano do segundo livro de poesia de Yeats (Nobel de Literatura em 1923) e o da sua morte, 1939. Sobre a poesia de Yeats, escreve Laureano Silveira, no prefácio à presente edição: “William Butler Yeats era, exclusivamente, um poeta que escreveu em sintonia com a dinâmica transformadora do seu tempo, mas por caminhos de incontestável originalidade, fundando um estilo dramático de enorme teor musical e conduzindo a poesia para uma zona iluminada de reflexão, onde os universos religioso, político, afectivo e filosófico surgem transfigurados pela magia da palavra, como simples elementos constituintes da perturbadora alquimia do ser.”» 

28.8.12

Sobre 50 Poemas, de Tomas Tranströmer






Na Time Out de 22 de Agosto, Hugo Pinto Santos escreve sobre 50 Poemas, de Tomas Tranströmer:
«Esta é a primeira antologia entre nós publicada do mais recente Nobel da Literatura, atribuído a um poeta que honra o galardão mais do que o contrário. Sobretudo atendendo a tantos dos autores nobelizados.
Autor de uma obra não muito extensa – como lembra Alexandre Pastor, que o traduz e prefacia, o «poeta publicou toda a sua obra sempre com parcimónia» (p.8) –, Tranströmer encontra-se aqui bem representado. 50 Poemas cobre um período que vai dos anos 50 (17 Dykter é de 1954) ao nosso século (Den stora gåtan, de 2004).
Esta poesia é marcada por uma sobriedade de modos e um ajuste expressivo notáveis.»

27.8.12

Sobre Cemitério de Elefantes, de Dalton Trevisan





No blogue Ciberescritas, Isabel Coutinho disponibilizou um texto sobre Dalton Trevisan em que se pode ler:


«A única edição portuguesa de Dalton Trevisan, Cemitério de Elefantes, traz um brinde. O livro publicado nos anos 1980 por Francisco Vale tem um prefácio de Fernando Assis Pacheco, que recomendou o livro ao editor. Sobre Trevisan diz que deu duas ou três entrevistas em toda a sua vida literária. “Numa delas explicou que prosseguia um objectivo invulgar, o de fazer prosa como os japoneses faziam ‘haikais’.” Algo dessa contenção percebe-se já no Cemitério de Elefantes.
“É curitibana esta gente. Jovens machos em tirocínio de amantes, homens de madureza desiludida, velhos para quem o desejo cai como baba pelo queixo… Gente de solidão e mágoa, palavrosa por necessidade ou finalmente sábia nos meios silêncios.” Logo no início, Pacheco cita Otto Lara Resende: “Ninguém sabe quem é Dalton Trevisan. Deus mesmo não sabe e nem por isso se impa­cienta.” Depois do Prémio Camões 2012, só não sabe quem é Dalton Trevisan quem não quiser saber.»

O texto foi inicialmente publicado na revista 2 do Público de 3 de Junho de 2012 e pode ser lido na íntegra aqui.

Livros para viajar






Recuperando um tema publicado no Verão de 2010, o JL prossegue «A Volta ao Mundo em 80 Livros», «até porque ler é a melhor forma de viajar».
Uma das sugestões de Hélia Correia é Oriente Próximo, de Alexandra Lucas Coelho.
Outras sugestões podem ser conhecidas aqui.

Novelas Eróticas de Teixeira-Gomes na imprensa





Na Tentações, da revista Sábado de 23 de Agosto, Eduardo Pitta escreve: «Dado à estampa quando o autor tinha 75 anos, Novelas Eróticas é um conjunto de seis textos em que são nítidas as marcas do simbolismo decadentista então em voga. Destacaria “O Sítio da Mulher Morta”, por reunir numa peça única todas as linhas de força da obra, mas qualquer dos outros é exemplar.
A partir do ponto ulterior ao da história contada (“eu tinha 25 anos e estava namorado e portanto couraçado contra quaisquer suspeitas…”), Manuel Teixeira-Gomes evoca momentos de grande sensualidade com várias mulheres, sempre muito jovens: “Era uma forte rapariga de seus 15 anos, com o desenvolvimento de mulher feita, embora vestindo saia curta…”»




No último número do Atual, suplemento do Expresso de 25 de Agosto, Pedro Mexia escreve: «Quando “erótico” significava “interdito”, as Novelas Eróticas de Teixeira-Gomes causavam um certo frisson. O escritor, que também foi o sétimo Presidente da República, era um hedonista, e em livros como Agosto Azul (1904) apresentou uma visão sensual e pagã dos “frutos terrestres”. Estas Novelas (contos, na verdade) são mais tardias (1935), mais ousadas e mais trágicas. O erotismo “explícito” envelheceu mal em termos verbais, há demasiado “êxtase”, “sofreguidão” e “espasmos de gozo”. Mas a força dos textos não está na consumação sexual, está na descrição do desejo como fantasia ou fantasma.»

24.8.12

Sobre A Educação Sentimental, de Gustave Flaubert






«O nome dela talvez fosse Maria»

A propósito de A Educação Sentimental, de Gustave Flaubert, Luís Januário escreve sobre os bandós de Mme. Arnoux:

«No Verão de 1840, Frédéric Moreau voltou para casa da mãe, em Nogent-sur-Seine. Tinha acabado o curso dos liceus e preparava-se para dois meses de tédio, antes de voltar a Paris e “entrar em Direito”. No barco de regresso viu-a:
“Foi como uma aparição: os bandós negros que lhe contornavam a ponta das longas sobrancelhas estavam muito descaídos e pareciam comprimir amorosamente o oval do rosto.”»

O texto, originalmente publicado no i, de 18 de Agosto de 2012, pode ser lido aqui.

Harold Pinter no Teatro da Politécnica






Feliz Aniversário, de Harold Pinter, estará em palco de 5 de Setembro a 27 de Outubro no Teatro da Politécnica. A peça é encenada por Jorge Silva Melo e conta com as representações de Alexandra Viveiros, Américo Silva, Andreia Bento, António Simão, Rúben Gomes e Tiago Matias.
O texto tem tradução de Artur Ramos e Jaime Salazar Sampaio e tem edição na Relógio D’Água.

22.8.12

A Ronda inspira filme de Fernando Meirelles





Amanhã, 23 de Agosto, estreia 360 - A vida é um círculo perfeito, o novo filme de Fernando Meirelles, inspirado na obra A Ronda, de Arthur Schnitzler. O filme tem argumento de Peter Morgan e a participação de actores como Anthony Hopkins, Rachel Weisz ou Jude Law.


21.8.12

A Relógio D’Água nos media na semana de 18 a 25 de Agosto






O Expresso e os 50 livros que «toda a gente deve ler»

No suplemento Atual do último número do Expresso um conjunto de críticos escolheu «meia centena de obras literárias e ensaísticas essenciais».
Trata-se de um grande avanço em relação à habitual lista de livros para ler nas férias, muito vulgar em períodos estivais. Por melhor romance policial que seja O Assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie, não é certamente comparável a Crime e Castigo, de Dostoievski.
Com 12 títulos escolhidos, a Relógio D’Água é de longe a editora mais bem representada na selecção feita. São eles Crime e Castigo, de Fiódor Dostoievski, Macbeth, de William Shakespeare, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, Retrato de Uma Senhora, de Henry James, Em busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, O Vermelho e o Negro, de Stendhal, Poeta em Nova Iorque, de García Lorca, As Ondas, de Virginia Woolf, O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë, O Ofício de Viver, de Cesare Pavese, Ensaios, de Montaigne, e Debaixo do Vulcão, de Malcolm Lowry.
Os três últimos títulos tiveram destaque especial por, respectivamente, Pedro Mexia, Henrique Monteiro e Ana Cristina Leonardo.



Por outro lado, há outras cinco obras editadas na Relógio D’Água e cujas edições referidas são de outras editoras; é o caso de O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Moby Dick, de Herman Melville, O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, A Terra sem Vida, de T. S. Eliot (A Terra Devastada, na edição da Relógio D’Água), e ainda Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. Ignoramos o critério seguido nestas opções entre editoras, mas não terá sido provavelmente a qualidade das traduções, já que na Relógio D’Água a edição de Dom Quixote é de José Bento, A Terra Devastada de Gualter Cunha, Moby Dick de Alfredo Margarido e Daniel Gonçalves, e O Grande Gatsby de Ana Luísa Faria.
De notar ainda que três dos clássicos escolhidos terão nos próximos meses novas traduções na Relógio D’Água. Guerra e Paz, de Tolstói, será traduzido por António Pescada, Ulisses, de James Joyce, por Jorge Vaz de Carvalho, e Lolita, de Vladimir Nabokov, por Margarida Vale de Gato.
Mas se a escolha do Expresso tem o mérito de fugir a uma lógica estival, a verdade é que é uma selecção entre outras possíveis. Basta pensar na ausência de Sonetos ou Os Lusíadas, de Camões, Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, Anna Karénina, de Tolstói, de Middlemarch, de George Eliot, de Os Irmãos Karamázov, de Dostoievski, Folhas de Erva, de Walt Whitman, Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, A Morte de Virgílio, de Hermann Broch, ou Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar.



No mesmo número do Atual, Pedro Mexia escreve sobre a edição de 50 Poemas, de Tomas Tranströmer, traduzido do sueco por Alexandre Pastor: «Celebradíssimo na Suécia, traduzido em dezenas de línguas, canónico nas antologias internacionais, Tomas Tranströmer está longe porém de ser uma figura conhecida fora do circuito poético. Octogenário, ferozmente discreto, há mais de vinte anos que vive retirado e incapacitado, na sequência de um acidente vascular cerebral. A atribuição do Prémio Nobel justificou enfim uma tradução portuguesa substancial (havia poemas em obras colectivas, incluindo os pouco interessantes poemas “portugueses”). Alexandre Pastor, o nosso homem em Estocolmo, traduziu 50 textos que representam cinquenta anos de uma produção vigiada, com uma escassa dezena de colectâneas, de 17 Poemas (1954) a O Grande Enigma (2004).»



No Público de 18 de Agosto, Susana Moreira Marques escreveu sobre Hélia Correia: «Atrás de Lillias Fraser, romance de 2001, voltamos ao século XVIII, fugimos por campos de sangue na Escócia, passamos por Lisboa, o mundo cai e reconstrói-se. No sexto artigo da série, visitamos a casa de Hélia Correia, onde as paredes falam e a inspiração não passa de moda.»


20.8.12

Sobre Tomas Tranströmer





No Quociente de Inteligência, do Diário de Notícias de 4 de Agosto, Joana Emídio Marques escreveu sobre Tomas Tranströmer:
«Quase um ano depois do Nobel a editora Relógio D’Água edita a antologia 50 Poemas, traduzidos por Alexandre Pastor, e Tomas Tranströmer deixa de ser um ilustre desconhecido em Portugal. Esse país cujas paisagens evoca em vários dos seus enigmáticos poemas. (…) Mas se algo caracteriza a obra do sueco é uma paradoxal fixidez mutante idêntica à de certas fotografias como as de Diane Arbus, Nan Goldin ou Robert Frank (…).
A melancolia e a irrepetibilidade dos instantes vividos ou imaginados são outras das constantes da lírica de Tranströmer e que ele mostra em recorrentes figurações da natureza a mudar com as estações do ano ou o bulício humano das grandes urbes.»

No blogue Bibliotecário de Babel, José Mário Silva transcreveu cinco dos 50 Poemas agora publicados pela Relógio D’Água.

10.8.12

Luigi Pirandello no Ípsilon




Rui Lagartinho escreve sobre os Contos de Luigi Pirandello, no suplemento Ípsilon do Público de 10 de Agosto:

«Além do teatro e dos romances que o tornaram famoso, durante os seus 40 anos de produção literária Luigi Pirandello nunca descurou o conto. São centenas de histórias breves que não poucas vezes serviram de balão de ensaio às suas ambições maiores, coroadas com o Prémio Nobel da Literatura que lhe foi atribuído em 1934. (…)
Com esta mistura confessional entre realismo e fantasia, Pirandello experimenta-se a si e deixa sementes que serão colhidas (apenas um exemplo) por Alberto Moravia em muitos dos seus contos, umas décadas depois.»

9.8.12

Novidades




«A minha mãe passou anos a dizer que eu era egoísta, descuidada, irresponsável, etc. Muitas vezes, irritava-se. E quando eu queria responder, tapava os ouvidos com as mãos. Fez tudo o que pôde para mudar-me, mas os anos passavam e eu não mudava, ou, se mudava, nunca tinha a certeza de ter mudado, porque nunca houve um momento em que a minha mãe dissesse: “Deixaste de ser egoísta, descuidada, irresponsável, etc.” Agora sou eu que me digo: “Porque é que não és capaz de pensar primeiro nos outros? Porque não prestas atenção ao que estás a fazer? Porque não te lembras do que tens de fazer?” Irrito-me. Concordo com a minha mãe. Sou um caso tão difícil! Mas não lho posso dizer, a ela — porque, no momento em que lho quero dizer, estou aqui ao telefone com ela, a ouvi-la e preparada para me defender.»


[Lydia Davis, «Um Caso Tão Difícil», de Contos Completos]

Novidades





«A ação deste livro decorre em 1547. Conta-nos a história de dois rapazes, muito semelhantes na aparência. Um é Tom Canty, que vive com o seu violento pai em Offal Court, perto de Pudding Lane, em Londres. O outro, o príncipe Eduardo, filho do rei Henrique VIII.
Tom era forçado pelo pai a pedir esmolas e castigado quando as não obtinha. E para esquecer a sua vida infeliz gostava de brincar com os seus amigos na rua, representando o papel de príncipe.
Foi isso que o levou um dia ao palácio do rei Henrique VIII. Quando o avistou, o príncipe mandou-o entrar. É então que decidem, por brincadeira, trocar de roupas. Mas era tal a semelhança entre os dois rapazes que os guardas acabam por expulsar o príncipe do palácio. Eduardo vagueia pelas ruas da cidade, proclamando-se o verdadeiro príncipe de Gales.
Enquanto isso, e apesar das tentativas de Tom para explicar o sucedido, tanto a corte como o rei insistem em que é ele o verdadeiro príncipe.
Mais tarde, Eduardo acaba por se cruzar com a família de Tom e com um bando de ladrões – parte da história que Mark Twain utiliza como crítica ao sistema de justiça inglês.
Após a morte de Henrique VIII, Eduardo interrompe a cerimónia de coroação de Tom.»

[Mark Twain, O Príncipe e o Pobre]

7.8.12

Nas livrarias




«Para contar a vida íntima de alguém é necessário compreender detalhes simples em que geralmente não reparamos. Laura é uma galinha quase vulgar, não fosse o jeito especial como a sua história é contada. Meio castanha, meio ruiva, Laura tem um pescoço muito feio mas é bonita por dentro, além de ser bem simpática. Não é muito inteligente, mas não é burra de todo porque ao ciscar escolhe coisas que não lhe fazem mal. Laura é casada com Luís, um galo vaidoso que gosta muito dela. Dos muitos ovos que pôs, nasceu Hermany, um pintainho guloso de quem Laura e Luís se orgulham.

Aprender a observar é quase contar uma história. É uma aventura emocionante que todos nós deveríamos experimentar. O leitor já alguma vez tentou?»

[Clarice Lispector, A Vida Íntima de Laura]