29.7.13

Livros da Relógio D’Água Que o Expresso Recomenda como Leitura de Verão


No número de 27 de Julho do Atual, os críticos do Expresso recomendam leituras de Verão. Entre elas há quatro obras publicadas pela Relógio D’Água.
 
 

Martin Heidegger, de George Steiner

«O pensamento, por vezes obscuro, do que foi talvez o filósofo alemão mais marcante do século XX, lido e interpretado pelo perspicaz (e acessível) George Steiner.» - Ana Cristina Leonardo
 
 

Amada Vida, de Alice Munro

«Uma vez que Alice Munro anunciou que vai deixar de publicar ficção, cada livro que nos chega é precioso. (…) A surpresa do volume são as quatro últimas peças, descritas como a única autobiografia de Munro a que alguma vez teremos direito.» – Luís M. Faria



Armadilha, de Rui Nunes

«Armadilha é pura crueza, exaltante, culpada de tudo o que soa, inocente de tudo o que cala.» - Luísa Mellid-Franco



É assim Que A Perdes, de Junot Díaz

«Os contos de É assim Que a Perdes demonstram mais uma vez a atenção de Díaz às complexidades étnicas e de linguagem e estudam vários amores difíceis e infidelidades, num combate intermitente com ideias recebidas de “masculinidade”.» - Pedro Mexia

26.7.13

José Mário Silva sugere Moby Dick, de Herman Melville, para leitura no Verão



 

«Diz-se de Moby Dick que é o grande romance americano, mas o seu apelo vai mais longe, ultrapassa barreiras culturais ou linguísticas, e revela a cada releitura, geração após geração, um verdadeiro estofo universal. A história, simples, é a de um homem que arrasta outros homens na sua loucura. À frente do Pequod, o capitão Ahab entrega-se à maior obsessão alguma vez vista na literatura: anos antes, uma imensa baleia branca levou-lhe uma perna e a lucidez, deixando-o ávido de uma vingança que tem o oceano inteiro como palco e a morte de (quase) toda a tripulação como desenlace invevitável. Mas Moby Dick é muito mais do que a narrativa desta pulsão destruidora. É uma história do mar e dos homens que lhe sobrevivem; é um romance que se multiplica e bifurca e deriva, estilhaçando as formas clássicas de narrar; é um tratado científico e sociológico; é uma gloriosa amálgama de vidas que se cruzam nessa arena terrível que é o convés de um baleeiro. A bordo do Pequod vamos todos nós. E naufragamos. E queremos voltar a partir, atrás do monstro branco que é a metáfora das metáforas.» [Expresso, Revista, 20-07-2013]

25.7.13

Uma Antologia Improvável (A Escrita das Mulheres – Séculos XVI a XVIII) apresentada hoje no Palácio Fronteira



 

A antologia A Escrita das Mulheres (Séculos XVI a XVIII), organizada por Vanda Anastácio, vai ser apresentada hoje, 25 de Julho, no Palácio dos Marqueses da Fronteira, no Largo de São Domingos de Benfica, pelas 18.30.
A obra será apresentada pelo Professor António Feijó, Director da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com participação das escritoras Maria Teresa Horta e Patrícia Reis.

23.7.13

A chegar às livrarias: Lolita, de Vladimir Nabokov





«Quase quarenta anos depois, este romance tão artificial criou uma nova palavra internacional (“lolita”), inventou uma América — a dos motéis e autoestradas — de que se nutre ainda boa parte da narrativa americana contemporânea, é uma das obras com o inglês mais rico e preciso da literatura deste século e, ao contrário das acusações iniciais de pornografia que teve de sofrer, é talvez — e no que me diz respeito — o romance mais melancólico, elegante e lírico de quantos li.» [Javier Marías in Literatura e Fantasma]

«A única história de amor convincente do nosso século.»
[Vanity Fair]

«Nabokov escreve prosa do único modo que esta deve ser escrita, ou seja, extasiadamente.»
[John Updike]

A chegar às livrarias: O Talentoso Mr. Ripley, de Patricia Highsmith





Tom Ripley tenta estar sempre um passo à frente dos seus credores e da lei. Mas tudo muda quando, inesperadamente, lhe oferecem uma viagem à Europa, uma oportunidade de recomeçar a vida.
Ripley ambiciona ter dinheiro, sucesso e uma boa vida, e está disposto a matar para o conseguir. Quando a sua nova felicidade é ameaçada, a sua reação é tão repentina como chocante.


«Uma escritora que criou o seu mundo próprio… assustadoramente mais real do que a casa do nosso próprio vizinho.» [Graham Greene]

«Um enredo preciso, uma escrita elegante, de uma inteligência ímpar. Muito à frente do thriller convencional: um clássico dentro do seu estilo.» [Evening Standard]

«Um thriller espantoso que merecidamente se tornou um clássico.» [Spectator]

«Por alguma razão obscura, uma das nossas maiores escritoras modernas — Patricia Highsmith — é vista, no seu próprio país, como uma autora de thrillers (…) É certamente uma das escritoras mais interessantes deste sombrio século.» [Gore Vidal]

22.7.13

Sobre Trabalhos de Casa, de Rogério Casanova





No suplemento Atual do Expresso de 20 de Julho de 2013, Pedro Mexia escreve sobre Trabalhos de Casa, de Rogério Casanova: «Estas figuras vêm todas do “jornalismo literário” anglo-saxónico; não são académicos a tempo inteiro nem resenhistas toca e foge, mas escritores de “ensaios curtos” (“curtos” mas extensíssimos para as dimensões actualmente em uso nos jornais portugueses). Foram esses críticos que formaram Casanova, foi com eles que aprendeu o discernimento, a clareza, a persuasão, a eufonia, a originalidade, a graça. O ensaio curto é um exercício de estilo argumentado, que se baseia em descrições vívidas, raciocínios ágeis e avaliações ousadas. É uma guerra ao cliché. “Ter razão” não é de todo fundamental: Casanova gosta de críticos que se enganam, desde que sejam interessantes e não se tornem prescritivos como Wood (com o seu estreito conceito de “realismo”) ou Bloom (com o seu freudismo hierarquizante). (…) Os ensaios críticos de Casanova, que dependem muitíssimo do formato longo, vivem de sinopses exaustivas e criativas, de raciocínios densos, de apartes hilariantes, de remates incisivos e de um conhecimento exaustivo da bibliografia. Embora desenvolvam várias ideias ou até teorias, os textos valem desde logo pela performance verbal, em parágrafos que acumulam bizarrias do enredo ficcional com hipóteses interpretativas pessoalíssimas, às vezes num exibicionismo inevitável.»

19.7.13

Sobre O Jogo Sério, de Hjalmar Söderberg





No ípsilon do Público de 19 de Julho de 2013, José Riço Direitinho rescreveu sobre O Jogo Sério, de Hjalmar Söderberg: «O Jogo Sério, o último dos romances do sueco Hjalmar Söderberg (1869-1941), publicado em 1912, ano da morte de August Strindberg — cujos temas literários influenciaram profundamente a obra de Söderberg — é uma tocante e amarga história de amor que tem como cenário a elegante Estocolmo fin-de-siècle. Com as tortuosas deambulações e os dilemas que fustigam as personagens, o autor traça uma espécie de cartografia fatalista da solidão do espírito e da impossibilidade do amor. Escrito de uma forma luminosa e precisa, este romance é um verdadeiro estudo das contradições sombrias da alma humana, dos seus anseios, das inevitáveis renúncias, da traição e do desamparo afectivo.»

Sobre Tojo, de Miguel-Manso





Na Time Out de 17 de Julho, Hugo Pinto Santos escreveu sobre Tojo, de Miguel-Manso: «Os poemas coligidos em Tojo não acatam as ordens de uma organização bibliográfica, nem cedem à tentação da cronologia. São antes os lastros gerados por mitos criadores e por outros arcanos, pelas justaposições de sentidos, o que cria as partições para os poemas. Mas são também esses elementos que lançam sub-reptícios boicotes aos possíveis nexos a impor às composições antologiadas, porque esta poesia parece adivinhar na interpretação algum modo de devassa. Daí que se esquive à declaração e prefira sugerir; não, de forma anacrónica, debaixo do credo simbolista – embora também permita a gestação de uma camada de possibilidades para o sentido –, mas, aparentemente, sem nunca admitir fixá-las num plano estável.»

18.7.13

Exposição de Andersen na Torre do Tombo



 


A exposição «Hans Christian Andersen» é da autoria do designer dinamarquês Niels Fisher, que percorre Portugal desde 2005, encontra-se no edifício da Torre do Tombo até 28 de Outubro.
A exposição é da iniciativa de Niels Fisher – ideia, design, produção, organização e financiamento – e tem como objectivo a divulgação da obra do escritor dinamarquês.
A parte permanente da exposição integra quadros, livros ilustrados de artistas plásticos portugueses, recortes de papel concebidos por Hans Christian Andersen, esculturas, jóias, cerâmicas, teatro, música, bailado, filmes, etc., e sobretudo instalações de crianças, jovens e adultos anónimos de todo o país.
De Hans Christian Andersen, a Relógio D’água pubicou Contos (volumes I e II) e Contos (edição cartonada).

Mais informações aqui.

16.7.13

Uma Antologia Improvável (A Escrita das Mulheres – Séculos XVI a XVIII) apresentada no Palácio Fronteira





A antologia A Escrita das Mulheres (Séculos XVI a XVIII), organizada por Vanda Anastácio, vai ser apresentada no Palácio dos Marqueses de Fronteira, no Largo de São Domingos de Benfica, no próximo dia 25 de Julho, quinta-feira, pelas 18.30.
A obra será apresentada pelo Professor António Feijó, Director da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com participação das escritoras Maria Teresa Horta e Patrícia Reis.

«Será possível escrever uma História da Literatura Portuguesa anterior a 1900 que inclua as mulheres? Ou, dito de outro modo: será possível falar de escritoras antes da contemporaneidade?
Estas perguntas têm sido feitas insistentemente por todos aqueles que se vêem confrontados com a escassez de dados sobre as relações estabelecidas pelas mulheres do passado com a escrita e com a leitura. Numa época marcada pela revalorização das contribuições femininas para a sociedade e para a cultura, na qual se questionam os motivos da exclusão das mulheres do discurso historiográfico, o silêncio dos historiadores sobre as escritoras portuguesas parecia impossível de romper.
Esta antologia resulta do esforço de pesquisa em busca da realidade improvável que parecia ser a existência de um número significativo de mulheres com papel activo no campo literário português dos séculos XV a XIX.»

 

15.7.13

Sobre Tojo, de Miguel-Manso





«Miguel-Manso é exemplar no modo como parte de factos tangíveis — músicas, urbes distantes, cafés, histórias de amor, o fumo dos cigarros, uma foto do pai em Moçambique, “olhando o mar” — para uma espécie de “inflexão elegíaca, desconexa”, que torce o poema e o leva por caminhos sempre inesperados. Os versos materializam “um delay entre a matéria e a consciência”, porque é nesse desfasamento que a poesia acontece.»

[José Mário Silva, Ler, Julho/Agosto de 2013]

12.7.13

Imagens oficiais de The Counselor, de Cormac McCarthy e Ridley Scott





Ridley Scott reuniu alguns dos melhores actores da actualidade no seu mais recente filme, The Counselor, com argumento de Cormac McCarthy, que será editado em Outubro pela Relógio D’Água. Michael Fassbender é o protagonista, no papel de um advogado que se perde nos meandros do tráfico de droga, e contracena com actores como Brad Pitt, Javier Bardem, Cameron Diaz e Penélope Cruz. O filme tem estreia prevista para 5 de Dezembro.

Sobre Trabalhos de Casa, de Rogério Casanova





«Porque Casanova é, na genuína acepção do termo, um iconoclasta. Mesmo alguns autores que aprendemos a associar ao seu nome, como Wood (que traduziu), são assim descritos: “No seu melhor James Wood é um crítico pavão (…); mas acerta mais vezes do que falha” (p.257).

Não quer isso dizer que R. Casanova exerça a crítica bulldozer. Mas o que pratica parece estar em vias de extinção: uma crítica de notável amplitude e inusual proficiência, capaz de ser apelativa sem relaxar; que é incisiva sem ter de lavar roupa suja, nem comprometer a tão descurada forma. Esta grande prosa parece ter levado à letra o conselho de Pound aos poetas: “fazê-lo novo”. Casanova é, definitivamente, aquilo que, algures, chama “crítico-escritor”. Por isso, não pertence a qualquer casta de crítico actualmente em stock, porque – usando uma metáfora mimética das suas recorrências desportivas – está demasiado longe do pelotão: isolado, prestes a cruzar a meta. Mas recusará, com grande probabilidade, a camisola. Basta-lhe a corrida. (…) Diferentemente do que sucede com a generalidade dos críticos, o que está aqui em causa é, além do mais – sobretudo, dir-se-ia –, uma teoria do romance.» [Hugo Pinto Santos, Time Out, 10-07-2013]

10.7.13

Alice Munro (11-07-1931)



 

«Depois de tantos anos, tantas antologias e tantos contos maravilhosos, os leitores podem ter a sensação de saber tudo sobre Alice Munro, principalmente porque muitas das suas personagens têm vidas parecidas à sua. Na verdade, sabemos muito pouco sobre ela. Esta é uma das razões por que os leitores ficam loucamente enamorados por Munro. A outra razão é que ela é muito boa.» [Anne Enright, The Guardian, 8-11-2012]

 



De Alice Munro, a Relógio D’Água publicou Fugas, O Amor de Uma Boa Mulher, A Vista de Castle Rock, Demasiada Felicidade, O Progresso do Amor e Amada Vida.

A Relógio D'Água na imprensa





No Atual de 6 de Julho de 2013, Carlos Vaz Marques destaca dois livros da Relógio D’Água: A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector, e É assim Que A Perdes, de Junot Díaz.
 

9.7.13

Oliver Sacks (09-07-1933)





«A linguagem, essa invenção tão humana, permite o que, em princípio, não devia ser possível. Permite que todos nós, mesmo os cegos congénitos, vejamos pelos olhos de outra pessoa.» [Oliver Sacks, O Olhar da Mente]

 


De Oliver Sacks, a Relógio D’Água publicou O Homem Que Confundiu a Mulher com Um Chapéu, Despertares, Um Antropólogo em Marte, Perna para Que Te Quero, A Ilha sem Cor, O Tio Tungsténio, Musicofilia, Vejo Uma Voz, O Olhar da Mente, Diário de Oaxaca e Alucinações.

A chegar às livrarias: animalescos, de Gonçalo M. Tavares





«Gonçalo M. Tavares é um escritor diferente de tudo o que lemos até hoje. Ele tem o dom — como Flann O’Brien, Kafka ou Beckett — de mostrar a forma como a lógica pode servir eficazmente tanto a loucura como a razão.» [The New Yorker]

A chegar às livrarias: Mensagem, de Fernando Pessoa





«Mensagem — o único livro de poesia em língua portuguesa dado a público por Fernando Pessoa — foi impresso em Outubro de 1934. dividido em três partes (“Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”), este livro, que esteve para se chamar Portugal, incorpora 44 poemas, alguns dos quais já anteriormente publicados em jornais e revistas. (…) Mensagem — uma colectânea identificável com o sinal, necessariamente aleatório, de um nacionalismo místico, esotérico e profetista — pode também deixar visionada, por acrescento, a projecção de um “reino de alma humana continuamente sendo e continuamente ansiosa de mais ser”.» [Agostinho da Silva em Um Fernando Pessoa]

8.7.13

Sobre Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto





«Livro estruturalmente compósito, a Peregrinação entremeia, com maior ou menor coerência — e disso Mendes Pinto é bem consciente —, a narrativa dos seus trabalhos, a obscura busca da explicação quer para os seus múltiplos tormentos quer para os inumeráveis resgates de tantos perigos, com a crónica minuciosa, quase como de agente secreto por conta de si e da nossa empresa descrita como maldita e sublime ao mesmo tempo. (…) Escrevendo Peregrinação, Mendes Pinto não salvou apenas a sua vida aventurosa, mas a aventura escrita em português, a que para sempre nos compensará de não vir a ter no futuro os Kipling e os Conrad no nosso império de rapina, de esplendor e engano.» [Eduardo Lourenço, 30 de Junho de 1989]

Sobre A Rosa, de Robert Walser





«Por exemplo, num livro de ficções curtas que li recentemente, A Rosa, uma personagem não só consegue discordar de si própria como, ainda por cima, se consola por causa disso. Os textos de Walser estão cheios de coisas inesperadas, frases que parecem aterrar neles vindas de um tempo mais moderno do que o seu, criaturas metidas em cenários que simplesmente não as pediam (um macaco numa taberna sem saber como se comportar com as senhoras), uma deliciosa desfaçatez que pode ser logo a seguir desarmada por um pedido aos leitores para que não levem aquilo a sério; enfim, têm uma pitada de loucura (…).» [Maria do Rosário Pedreira sobre A Rosa, de Robert Walser, no blogue Horas Extraordinárias]
 

De Robert Walser, a Relógio D’Água publicou O Salteador, A Rosa, Jakob von Gunten  — Um Diário, O Ajudante, Histórias de Amor e Os Irmãos Tanner.

5.7.13

Oliver Sacks, o herói de Hilary Mantel



 

«Tudo o que Sacks escreve tem a sua marca inconfundível. (…) Descreve-se como um “neuroantropólogo”, e viaja até ao território desconhecido no interior das nossas cabeças. Com o conhecimento acumulado por 25 anos de experiência hospitalar, vê a alma por entre os sintomas. Também esteve doente, e é sensato o bastante para saber que não pode deixar-se fora da história. (…) Lembra-nos que, apesar de a medicina ser uma ciência, curar é uma arte.» [Hilary Mantel, The Guardian, 08-02-2013]

 


De Oliver Sacks, a Relógio D’Água publicou O Homem Que Confundiu a Mulher com Um Chapéu, Despertares, Um Antropólogo em Marte, Perna para Que Te Quero, A Ilha sem Cor, O Tio Tungsténio, Musicofilia, Vejo Uma Voz, O Olhar da Mente, Diário de Oaxaca e Alucinações.

Franz Kafka (03-07-1883/03-06-1924)





 

«Tive imediatamente a impressão de que não se tratava de um talento comum, mas de um génio.» [Max Brod]

De Kafka, a Relógio D’Água tem publicados O Castelo, O Desaparecido, Contos (com selecção e prólogo de Jorge Luis Borges), Carta ao Pai e A Metamorfose (prefácio de Vladimir Nabokov).





«Prestemos atenção ao estilo de Kafka. Na sua claridade, no seu tom preciso e formal, em agudo contraste com o assunto tenebroso do conto. Não há metáforas poéticas a adornar esta severa história a preto-e-branco. A nitidez do seu estilo sublinha a riqueza perversa da sua fantasia. Contraste e unidade, estilo e assunto, trama e forma, alcançam aqui uma coesão perfeita.» [Do Prefácio de Vladimir Nabokov]



«A elaboração, em Kafka, é menos admirável que a invocação. Homens, há apenas um na sua obra: o homo domesticus — bem judeu e bem alemão —, sequioso de um lugar, mesmo que o mais humilde, numa qualquer Ordem; num universo, num ministério, num asilo de loucos, na prisão. O argumento e o ambiene são o essencial; não as evoluções da fábula nem a penetração psicológica. Daí a primazia dos seus contos sobre os seus romances; daí o direito a afirmar que esta antologia de contos nos dá integralmente a medida de tão singular escritor. [Do Prólogo de Jorge Luis Borges]



Kafka começou a escrever O Castelo na noite de 22 de Janeiro de 1922, dia em que chegou à montanha de Spindlemühle, na actual República Checa. Morreu antes de terminar a obra que foi publicada em 1926 pelo seu amigo Max Brod, que felizmente não cumpriu o pedido de Kafka para destruir todos os seus manuscritos. Este último romance de Kafka narra a história de um homem e da sua ineficaz luta contra uma autoridade, misteriosa e impenetrável. É ela quem dirige o castelo que governa a aldeia onde K. chegou para trabalhar como agrimensor. Apesar de Kafka considerar O Castelo um falhanço, a crítica reconheceu-o como o seu principal romance e um dos maiores de todo o século XX.

2.7.13

Wislawa Szymborska (02-07-1923/01-02-2012)





«Pode-se dizer que sua poesia deixa ver algo dessa empresa aparentemente pouco ágil, despojada, contemplativa e doméstica nas imagens em que ressaltam o humor, a ironia, o realismo sutil e um registro coloquial a que não faltam elegância e pudor.» [Eucanaã Ferraz, texto completo aqui]



De Wislawa Szymborska , a Relógio D’Água publicou Paisagem com Grão de Areia (1998) e Instante (2006).

Hjalmar Söderberg (02-07-1869/14-10-1941)



Hjalmar Söderberg





«Se O Doutor Glas é um livro maravilhoso, O Jogo Sério é quase melhor. (…) Parece alcançar verdadeira mudança, psicológica e historicamente, como só um romance consegue.» [Michael Hofmann, London Review of Books]

 
 


«Entre as virtudes caracteristicamente escandinavas deste romance estão o sentido de justiça de Söderberg, o seu sentido de proporção e o (levemente irónico) sentido de humor, além da sua antipatia pelo nacionalismo exacerbado e pelos dogmas.» [Bruce Bawer, The New York Times Book Review]

Sobre O Falecido Mattia Pascal, de Luigi Pirandello





No suplemento Atual do Expresso de 29 de junho de 2013, Pedro Mexia escreveu sobre O Falecido Mattia Pascal, de Luigi Pirandello: «O Falecido Mattia Pascal é o mais célebre romance de Luigi Pirandello. Publicado em 1904, situa-se na passagem entre a “tragédia antiga” e a “tragédia moderna”. De tragédia antiga tem um estilo “verista”, um naturalismo melodramático e quase grotesco, com intriguistas de pensão, marqueses reaccionários, meninas casadoiras, vigaristas, megeras, personagens sentimentais e venais. Da tragédia moderna traz o tema da identidade, o “quem sou eu”, o humor negro. Pirandello propõe a seguinte imagem: é como se o Orestes de Electra fosse um fantoche e se desse conta de um rasgão no texto de papel do teatrinho de marionetes; e é como se esse rasgão fosse tão inquietante que perturbasse ainda mais o angustiado Orestes, transformando-o em Hamlet, o indeciso infeliz, o infeliz moderno.»

Maria do Rosário Pedreira sobre Os Adeuses, de Juan Carlos Onetti





No blogue Horas Extraordinárias, Maria do Rosário Pedreira escreveu sobre Os Adeuses, de Juan Carlos Onetti. De Onetti, a Relógio D’Água publicou A Vida Breve, Um Sonho Realizado e Outros Contos, e Os Adeuses.

 

1.7.13

A Crítica como Forma de Subjectividade





Rogério Casanova é um dos mais talentosos críticos da sua geração. Ajudou-nos a ampliar a leitura de autores como Martin Amis, Thomas Pynchon, Saul Bellow, Jonathan Franzen, Houellebecq e Bolaño. Foi o primeiro a falar-nos de Tom McCarthy, David Foster Wallace, Geoff Dyer e muitos outros. Fê-lo com ironia, estabelecendo inesperadas conexões e sendo sempre incompatível com a rotina.
Em troca disso, tivemos apenas de lhe perdoar fazer-nos sentir desactualizados, alguns anglicismos e uma fase de excessivo entusiasmo jameswoodiano.
Foi por isso com surpresa que li o que sobre o seu livro Trabalhos de Casa é escrito no ípsilon por um crítico não identificado. Este assume que a sua opinião é «completamente subjectiva» e que o livro de Casanova «peca por não ser tão pessoal como deveria, por haver menos Casanova do que o desejável». Acrescenta, citando Rogério Casanova, que «a boa crítica nasce de um bom leitor e bom escritor», que terão falhado em alguns textos (outros são elogiados).
Ou seja, o crítico não só assume uma completa subjectividade como recomenda a Casanova que seja mais subjectivo.
Não é fácil falar de uma crítica quando, como é o caso, esta atinge uma espécie de grau zero de estilo e conceitos.
O fragmento que vai de «Medindo as críticas de Casanova» até «Trabalhos de Casa», na coluna seguinte, tem 54 linhas sem um ponto final e seis frases entre parêntesis. Ou seria um fragmento à Proust ou um desastre. É um desastre.
Além disso, um «fim de contas completamente subjectivo» faz tábua rasa das mais diferentes correntes críticas que se sucederam no passado e dos conceitos que foram deixando. Contributos que vão desde os de Samuel Johnson a Pritchett, Steiner e James Wood, passando por Barthes ou os textos de Benjamin sobre Goethe, Kafka ou Baudelaire, não parecem fazer parte do horizonte de alguém que escolhe como título do seu artigo «A Boa Crítica».
Mesmo a baudelairiana fórmula de que a crítica deve ser absolutamente apaixonada nunca foi uma defesa de reacções emocionais em estado de ignorância literária. São os conceitos inerentes à crítica que permitem a estratificação de valores, considerar hoje que Henry James e Fernando Pessoa são melhores escritores que Du Maurier ou Júlio Dantas, apesar de a maior parte dos críticos «subjectivistas» das respectivas épocas terem pensado o contrário. Um crítico não é apenas um bom leitor, tem de ter os conhecimentos que permitam situar, relacionar e interpretar as obras.
Que o crítico anónimo (falha que não é provavelmente sua) não tenha sequer compreendido a ironia contida no título Trabalhos de Casa só pode ser considerado coerente com a «completa» subjectividade, neste caso sinónimo de ausência de pensamento crítico.

 

Francisco Vale

Trabalhos de Casa, de Rogério Casanova, aprovado pelo i





«As reflexões sobre a literatura, portuguesa ou estrangeira, comercial, de cordel ou intelectual, estão todas lá, para ajudar a repensar os livros.» [i, 29-06-2013]

 

Sobre Uma Antologia Improvável, com organização de Vanda Anastácio



 

«Será possível incluir o papel das mulheres no campo literário dos séculos XV a XVIII? Vanda Anastácio organiza a antologia que responde à pergunta. (…) Dedicatórias a rainhas, prólogos à Virgem Maria, ameaças “da Justiça Divina contra os senhores sacerdotes”, narrações de donzelas pobrezinhas. Não julgue um escrito pelo seu conteúdo e muito menos a sua autora pelo eventual vazio intelectual dos temas. Muito menos acredite que o rol de escribas que se segue seguiu à risca as coordenadas de D. Francisco Manuel de Melo, em “Mulheres ídolos, varonis e sábias” – “Sirva a mulher de ser senhora de sua casa, satisfaça as obrigações deste seu ofício: que assaz fará de serviço a sua casa, a seu marido, se o fizer como deve”.» [Maria Ramos Silva, «i», 29 de Junho de 2013]

Sobre Moby Dick, de Herman Melville





«Melville foi marinheiro, desertou, viveu entre canibais, foi resgatado, chefiou motins. Clássico dos clássicos, Moby Dick transporta-nos para a mais arriscada das viagens: uma viagem à alma humana.» [Henrique Fialho, livreiro da Livraria Bertrand das Caldas da Rainha, sugere cinco livros na revista Somos Livros: Moby Dick, de Herman Melville; Walden ou A Vida nos Bosques, de Henry David Thoreau; Na Patagónia, de Bruce Chatwin, Os Passos em Volta, de Herberto Helder e Livro da Luz, de António Poppe.]

George Sand (01-07-1804/08-06-1876)





A Correspondance de George Sand et Alfred de Musset foi publicada integralmente pela primeira vez em 1904, em Bruxelas, pelo advogado Félix Decori. Esses textos foram de novo editados, com outras cartas e documentos, em 1956.
Os desenhos que representam George Sand são retirados de um caderno de Alfred de Musset conservado em Chantilly na Biblioteca Spoelberch de Lovenjoul.

Sobre Amada Vida, de Alice Munro






«Tornou-se um lugar-comum comparar Alice Munro (n. 1931) com Tchékhov, um dos mestres da arte do conto: com ele partilha o gosto pelo realismo lírico, pela inovação que rejeita o experimentalismo e pela supremacia do mundo interior das personagens sobre a construção do enredo. É a atenção à vida secreta das protagonistas que lhe permite revelar tanta coisa através de curtas narrativas onde aparentemente muito pouco acontece. As suas histórias inspiram-se no quotidiano e analisam com grande subtileza as distinções de classe e costumes típicos da sociedade canadiana dos anos 60: as protagonistas são, como ela, dotadas de uma invulgar capacidade de observação e ironia. Amada Vida reúne 14 contos da vencedora do Man Booker Prize 2009. Os quatro últimos formam, na opinião da escritora, “um conjunto à parte, autobiográfico no sentimento, embora nem sempre no que concerne aos factos. Penso que são as primeiras e últimas – e mais íntimas- coisas que tenho a dizer sobre a minha vida”.» [Sobre Amada Vida, de Alice Munro, no sítio da Agenda Cultural de Lisboa]