31.12.24

Quatro livros com edição em Portugal pela Relógio D’Água nos 100 livros a ler de 2024 da revista Time


Entre os 100 livros a ler seleccionados pela Time em 2024, encontram-se Intermezzo, de Sally Rooney (tradução de Marta Mendonça), e Mártir!, de Kaveh Akbar (tradução de José Miguel Silva), que a Relógio D’Água já editou. Em 2025 a editora publicará Os Meus Amigos, de Hisham Matar (tradução de Maria Beatriz Sequeira), e The Bright Sword, de Lev Grossman (tradução de Ana Falcão Bastos).


Mais informação em https://time.com/collection/must-read-books-2024/


Intermezzo (tradução de Marta Mendonça) e outras obras de Sally Rooney estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/sally-rooney/


Mártir!, de Kaveh Akbar (tradução de José Miguel Silva), romance finalista do National Book Award, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/martir/

Na morte de Adília Lopes



«“Le meilleur choix de poèmes est celui que l’on fait pour soi”, escreveu Paul Éluard, e, no que respeita a esta antologia, gostaria de lhe roubar o lema. Com a publicação de Obra foram criadas, pela primeira vez, as condições “materiais” para a recepção mais alargada da produção literária de Adília Lopes, cujos livros já estavam em grande parte esgotados ou eram difíceis de adquirir. A antologia, organizada em 2001, por valter hugo mãe, Quem quer casar com a poetisa?, centra-se na “questão afectiva no universo de Adília Lopes” e integra, além de uma escolha de textos de Obra, alguns poemas dispersos em revistas. Correspondendo ao desejo da autora e do editor, os textos de Caras Baratas foram escolhidos exclusivamente a partir de Obra, ou seja, os poemas do volume A mulher-a-dias (2002) e de César a César (2003) já não foram considerados.
Tendo em conta que o meu primeiro encontro com a obra de Adília aconteceu através da descoberta da pequena preciosidade que é O Marquês de Chamilly [Kabale und Liebe], que teve continuação temática em 2000 com O regresso de Chamilly; e considerando que a temática de Marianna Alcoforado, freira histórica e figura literária recriada por Adília Lopes, está presente em toda a sua obra, optei por incluir nesta antologia a totalidade dos textos que integram aqueles dois livros, tanto como todos os outros poemas que pertencem a este campo temático. Em relação aos outros textos escolhidos, deixei-me guiar mais pelo gosto pessoal do que por considerações de outra ordem. Neste gosto contaram, com certeza, o meu apreço pela auto-ironia, pelo distanciamento irónico e pela reflexão poética sobre a relação entre a vida e a literatura.
Quando Adília Lopes criou a sua Marianna Alcoforado, conseguiu insuflar o sopro da vida numa personagem cuja concepção é aberta e por isso permite que, através dela, e a partir dela, possa nascer um número virtualmente ilimitado de outros textos poéticos.» [Do Posfácio de Elfriede Engelmayer a Caras Baratas, 2004]


Adília Lopes, cujos poemas foram publicados pela primeira vez em 1984, frequentou a licenciatura em Física, licenciou-se em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa, publicou 36 livros e faleceu a 30 de Dezembro de 2024.


Mais informação em https://www.publico.pt/2024/12/30/culturaipsilon/noticia/morreu-poetisa-adilia-lopes-2112200

Sobre Museu Imaginário da Europa, de Gonçalo M. Tavares e Os Espacialistas

 Composto de cinco cadernos, cinco blocos distintos em tom e imagem, mas ligados nesse tecido que texto e projetos imaginários vão formando, este livro — Museu Imaginário da Europa e Outras Ideias — atravessa as ideias de espaço, arquitetura e fragmento, e o seu núcleo nasceu de uma investigação, que envolveu Os Espacialistas, com o fundo em Aveiro Capital Portuguesa da Cultura 2024. 

Este é um livro a duas mãos, com a mão coletiva do grupo de artistas-arquitetos Os Espacialistas. É um livro visual, isto é: as fotografias, os desenhos e os textos são expostos nas páginas com esse espacial cuidado d’Os Espacialistas. As páginas recebem o olho do leitor, não apenas a sua leitura. Os textos perseguem a ideia de construção, imaginação e desvio. 

Todos os projetos ainda não construídos são esboços, esquiços, fragmentos — modos de os seres humanos, e os arquitetos em particular, tentarem não desesperar. Esperar, mas não sozinho e em imobilidade. Esperar ao lado de imagens, produzindo-as, se possível — eis o que muitos tentam. Não desesperar nunca foi fácil.



Gonçalo M. Tavares é autor de uma vasta obra que está a ser traduzida em cerca de setenta países. 

Recebeu importantes prémios em Portugal e no estrangeiro. 

Saramago vaticinou-lhe o Prémio Nobel. Vasco Graça Moura escreveu que Uma Viagem à Índia dará ainda que falar dentro de cem anos. Alberto Manguel considerou-o um dos grandes autores universais. Numa crónica recente, Vila-Matas comparou-o a Kafka. O mesmo já fizera a The New Yorker, afirmando que, tal como em Kafka e Beckett, Gonçalo M. Tavares mostrava que a «lógica pode servir eficazmente tanto a loucura como a razão».


«Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem […] dá vontade de lhe bater.» «Há um antes e um depois de Gonçalo M. Tavares. Creio que é o melhor elogio que posso fazer-lhe. Vaticinei-lhe o Prémio Nobel para daqui a trinta anos, ou mesmo antes, e penso que vou acertar.» [José Saramago]


«Gonçalo M. Tavares é um grande escritor que continua os melhores modelos da tradição literária europeia. Ele é magistral e original. Reconhece-se a sua perspetiva e estilo únicos desde a primeira página de cada romance. Um dos poucos escritores no mundo que consegue construir uma história parabólica.» [Olga Tokarczuk]


«A literatura de Gonçalo Tavares fascina-me pelos seus brilhantes paradoxos: é um autor indomável e racional, irónico e profundo, muito singular e próximo, exigente consigo mesmo e ao mesmo tempo irresistivelmente engraçado. A sua escrita é um feliz gatilho para a inteligência dos leitores.» [Irene Vallejo]


«A Máquina de Joseph Walser, de Gonçalo M. Tavares, é um livro muito forte.»[Don Delillo]


«Jerusalém é uma reflexão escrita múltipla, transparente, incisiva e original sobre o sofrimento humano.» [Javier Cercas]



«[Os Espacialistas], situando-se num território híbrido entre a arte contemporânea e a arquitetura, [...] centram os seus projetos na compreensão das relações espaciais, na transfiguração e na metamorfose do espaço corporalmente e simbolicamente habitado. [...] A fotografia possui uma enorme importância no seu trabalho pela sua possibilidade documental, mas também pela forma como pode proporcionar a manipulação e o engodo, parte essencial da ironia dos Espacialistas [...].

As situações que Os Espacialistas geram são produzidas a partir de assuntos e problemas que, eventualmente insignificantes ou laterais na sua origem, vêm a metamorfosear-se a partir da transformação da escala: objetos do quotidiano que são incorporados em pretensas maquetes de arquitetura, edifícios reais que são representados por pequenos jogos, instrumentos retirados ao seu contexto e reapropriados para o interior das paisagens que concebem. Este jogo de relações vai estabelecendo uma malha, uma trama, às vezes mesmo uma alegoria utópica acerca da cidade, da relação da escala urbana com o nosso corpo num vaivém que compete ao espectador tentar decifrar (e jogar).» [Delfim Sardo]


«[...] Por outras palavras, neste momento, não há mais ninguém na arquitetura portuguesa que, como os Espacialistas, me convençam de ser capazes da ousadia de questionar o sistema predeterminado do pensamento correspondente, entre o abstrato e o concreto, que é o espaço arquitetónico. [...]» [Andreia Garcia]


«[...] Espacialista é aquele que consegue, em simultâneo, temporalizar o espaço e espacializar o tempo; ou, em alternativa, e lembrando Helena Almeida: Espacialista é aquele a quem interessa o espaço físico e o tempo da memória, enquanto meios de “tratar de emoções” e “contar uma história”. A verdade é que não existem Espacialistas que não sejam, de igual modo, Temporalistas.» [Nuno Grande]


Mais informação em  https://www.relogiodagua.pt/produto/museu-imaginario-da-europa-e-outras-ideias/

16.12.24

Cinco livros da Relógio D’Água nas escolhas dos 30 livros do ano no Expresso


MANIAC, de Benjamín Labatut (tradução de José Miguel Silva), e Democracia, de Alexandre Andrade, são recomendados por José Mário Silva.

Canção do Profeta, de Paul Lynch (tradução de Marta Mendonça), foi escolhido por Luciana Leiderfarb, que também seleccionou Sobre Franz Kafka, de Max Brod (tradução de Susana Schnitzer da Silva e Ana Falcão Bastos).

Também em destaque nos livros do ano, Refúgio no Tempo, de Gueorgui Gospodinov (tradução do búlgaro de Monika Boneva e Paulo Tiago Jerónimo).


https://expresso.pt/cultura/Livros/2024-12-10-2024-na-cultura-os-30-melhores-livros-do-ano-48aef97b


Estes e outros livros da Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt


15.12.24

Sobre Física da Tristeza, de Gueorgui Gospodinov

 Finalista dos prémios Strega Europeo e Gregor von Rezzori, Física da Tristeza reafirma Gueorgui Gospodinov como um dos mais inventivos e ousados escritores da Europa.

Publicado quase uma década antes de Refúgio no Tempo, vencedor do International Booker Prize, Física da Tristeza tornou-se um clássico de culto underground. Encontrando um estranho consolo no mito do Minotauro, um homem chamado Gueorgui reconstrói a história da sua vida como um labirinto, deambulando pelo passado para encontrar a criança melancólica no centro de tudo.

Cataloga curiosos casos de abandono, que vão da Antiguidade ao Antropoceno; relata cenas de uma infância turbulenta na Bulgária dos anos 70, passada sobretudo numa cave; e descreve um encontro bizarro com um excêntrico flâneur chamado Gaustine.

Ao ler Física da Tristeza, encontramos diversas personagens secundárias, deambulamos por várias histórias e sentimos empatia pelo incompreendido Minotauro, que está no centro de tudo o que acontece.


“Um livro peculiar e de leitura compulsiva que sugere habilmente o vazio e a tristeza na sua essência.” [The New York Times]


Física da Tristeza e Refúgio no Tempo (traduções de Monika Boneva e Paulo Tiago Jerónimo) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/gueorgui-gospodinov/

13.12.24

Sobre António Gedeão, Príncipe Perfeito, de Cristina Carvalho

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: António Gedeão, Príncipe Perfeito, de Cristina Carvalho


“Este é um breve encontro numas linhas escritas em algumas páginas. Tudo o que eu possa afirmar e informar, ainda que com muitas omissões, sobre este eminente professor, pedagogo, historiador, cientista, poeta, é que foi um Homem do Renascimento. De um outro Renascimento, o do século xx.

Quem foi, de quem nasceu, como cresceu, que desejos, que impulsos, que transcendência foi essa que o iluminou, tudo o que realizou, como e onde trabalhou, o que deixou dito, o que deixou feito, o desejo de ser útil, a vontade, a vida, tudo dito e escrito será nada ou quase nada.

O seu dia-a-dia foi de trabalho, de pesquisa, de investigações demoradas e de criação. Incansavelmente. Essa vontade da ciência, da sua divulgação e do ensino, dentro do que foi possível, cum­priu-se. A disciplina, as regras e o método foram a orientação de toda a sua vida. A compreensão da atitude para com o próximo e o espírito de dádiva que marcou o longo percurso da vida pessoal, familiar e profissional desenharam um traçado permanente. A estética, a beleza, o deslumbramento, o intangível acorde de um outro mundo — o da poesia — envolveram-no e tornou-se realidade.” [Da Nota Prévia]


O livro será apresentado no dia 17 de Dezembro, às 18h30, na Casa do Comum do Bairro Alto, em Lisboa, pelo professor Carlos Fiolhais.


António Gedeão, Príncipe Perfeito e outras obras de Cristina Carvalho editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/

12.12.24

Sobre Kairos, de Jenny Erpenbeck

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Kairos, de Jenny Erpenbeck (tradução do alemão de António Sousa Ribeiro)


Berlim. 11 de Julho de 1986. Encontram-se por acaso num autocarro. Ela é uma jovem estudante. Ele é mais velho e casado. Nasce uma atracção súbita e intensa, alimentada por uma paixão partilhada pela música e pela arte e intensificada pelo secretismo que precisam de manter. Mas, quando ela se afasta por uma única noite, ele não lhe consegue perdoar. Uma fissura surge entre os dois, abrindo espaço para a crueldade, a punição e o exercício do poder.

Entretanto, o mundo em redor está a mudar. À medida que a RDA começa a ruir, também as velhas certezas e lealdades se desfazem, anunciando uma nova era cujas conquistas trazem consigo uma perda profunda.

Um relato íntimo e devastador do caminho de dois amantes pelos escombros de uma relação, num dos períodos mais turbulentos da história europeia.


Kairos reforça a convicção de que Erpenbeck é uma aposta segura para um futuro Prémio Nobel.” [The Guardian]


“Erpenbeck está entre os romancistas mais sofisticados e poderosos que temos. Não surpreende que já seja considerada uma futura nobelizável.”

[The New York Times]


“Adorei a relação amorosa condenada ao fracasso em Kairos, de Jenny Erpenbeck.”

[Zadie Smith]


“O final deste livro é como uma bomba lançada dentro dum quarto — e atordoa-nos durante semanas.” [Neel Mukherjee]



Jenny Erpenbeck nasceu em Berlim, numa família de escritores da Alemanha Oriental. Antes de iniciar a carreira como autora, foi aprendiz de encadernação e desempenhou várias funções no teatro. Posteriormente estudou encenação de ópera e encenou várias produções na Alemanha e na Áustria. Em 1999 estreou-se na literatura com a novela Geschichte vom alten Kind, à qual se seguiram vários contos e romances, incluindo Heimsuchung, Aller Tage Abend e Ging, gehen, gegangen (Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai). Recebeu inúmeras distinções pela sua obra literária, como o Prémio Thomas Mann, o Prémio Strega e o Internacional Booker Prize pelo seu romance mais recente, Kairos. Os livros de Jenny Erpenbeck foram traduzidos para mais de trinta línguas. A autora vive em Berlim com a família.


Kairos (tradução de António Sousa Ribeiro) e Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai (tradução de Ana Falcão Bastos) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/jenny-erpenbeck/

11.12.24

Apresentação de António Gedeão, Príncipe Perfeito, de Cristina Carvalho

 Apresentação de António Gedeão, Príncipe Perfeito, de Cristina Carvalho, no dia 17 de Dezembro, às 18h30, na Casa do Comum do Bairro Alto, pelo professor Carlos Fiolhais.


As obras de Cristina Carvalho já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/

10.12.24

Apresentação de Livro da Doença, de Djaimilia Pereira de Almeida

 

Livro da Doença, de Djaimilia Pereira de Almeida, será apresentado no dia 16 de Dezembro, às 18h00, na Brotéria, em Lisboa, por Pedro Mexia.


“No momento em que morreu, Joaquim escrevia um livro que nunca me mostrou. Meu pai, meu estranho. Ouvi falar da sua obra inacabada desde criança. Onde guardar a dança da mão direita do escritor, enquanto projectou o romance, toda a vida adulta, o pontilhado de gestos abortados, os rascunhos fantasma, tentativas, planos, ou seriam sonhos, a energia despendida, o fogo de que irradiavam ideias que jamais viram a luz? O que restou foi o vazio. Mas talvez o vazio seja um lugar — uma cidade — repleto de avenidas.”


Livro composto de vários livros, finais e andamentos, Livro da Doença tem na sombra um livro inacabado e nunca lido por Djaimilia Pereira de Almeida, à volta do qual se constitui uma elegia pelas várias mortes e nascimentos da imaginação.


Livro da Doença e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Na morte de Dalton Trevisan


Dalton Trevisan, vencedor do Prémio Camões em 2012, faleceu ontem, aos 99 anos.

Aquando da atribuição do Prémio Camões, o presidente do júri, Silviano Santiago, referiu as “incessantes experimentações [de Dalton Trevisan] com a Língua Portuguesa, muitas vezes em oposição a ela mesma” e sublinha “a sua dedicação ao fazer literário, sem concessões às distracções da vida social e pessoal”.

De Dalton Trevisan, a Relógio D’Água editou em 1984 Cemitério de Elefantes, com prefácio de Fernando Assis Pacheco. Em 2012 e 2013, a editora publicou O Vampiro de Curitiba, Novelas nada Exemplares, Guerra Conjugal, A Trombeta do Anjo Vingador e o romance A Polaquinha.


Mais informação em https://expresso.pt/cultura/2024-12-10-todo-vampiro-e-imortal-morreu-o-escritor-brasileiro-dalton-trevisan-premio-camoes-em-2012-8906a12e

Apresentação de Os Intelectuais e a Organização da Cultura, de Antonio Gramsci


Tem lugar na Associação José Afonso, na Rua de São Bento, n.º 170, em Lisboa, no dia 11 de Dezembro, às 19:00, a apresentação de Os Intelectuais e a Organização da Cultura, de Antonio Gramsci, com a participação da tradutora Rita Ciotta Neves, João de Almeida Santos e Roberto della Santa, e moderação de Raquel Varela.


Os Intelectuais e a Organização da Cultura, de Antonio Gramsci, com tradução e introdução de Rita Ciotta Neves, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/os-intelectuais-e-a-organizacao-da-cultura/

9.12.24

Sobre Desfile, de Rachel Cusk

 «Cusk, dona de um registo narrativo autoficcional(?) singular e inventivo, confirma-se como uma grande autora, o que se comprovou recentemente com a atribuição do Prémio Goldsmiths.

Este é um romance sobre criação, sobre representação, sobre arte, que de de formar fragmentada e pouco ensaística levanta questões sobre a capacidade de a literatura representar a verdade do mundo.

É ainda um livro sobre a evolução das mulheres, o seu papel na arte e a violência de que são geralmente vítimas. […]

Numa escrita que lida continuamente com o aperfeiçoamento da representação do real, Desfile mergulha justamente a fundo na questão da referencialidade e estilhaça a noção autoral, descentrando constantemente a narrativa entre uma voz narrativa pessoal e outra impessoal — encontrar o tom certo nesta excelente tradução adivinha-e desafiante.» [Paulo Nóbrega Serra, Postal, Cultura.Sul, 6/12/2024]


Desfile (tradução de Alda Rodrigues) e outras obras de Rachel Cusk estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/rachel-cusk/

8.12.24

Sobre Defeitos Humanos Banais, de Megan Nolan

 Em 1990, em Londres, a suspeita da morte de uma menina recai sobre uma família irlandesa, os Greens.

No centro da narrativa, está Carmel, bonita, estranha e destinada a um futuro à margem das suas circunstâncias, até que a vida e o amor aparecem no seu caminho.

Agora, o escândalo surge e os jornais sensacionalistas investigam. Carmel é confrontada com os segredos e silêncios que rondaram a sua família durante várias gerações.


«Ambicioso e original.» [David Nicholls]


«Um enorme talento literário.» [Karl Ove Knausgård]


«Nolan é uma das escritoras mais brilhantes da atualidade.» [The Times]


«Um estudo lírico e subtil sobre desespero familiar e intergeracional. Um excelente romance e uma enorme realização.» [The Guardian]


«Um romance que resiste ao óbvio. Um relato feroz e implacável de uma família em crise.» [The New York Times]


«Nolan deixa claro que não é a manifestação de um género, mas uma escritora a ser lida nos seus próprios termos.» [Financial Times]


«A prosa de Nolan é límpida e precisa, com um interesse quase clínico pelo poder da vergonha.» [The Washington Post]


Defeitos Humanos Banais (tradução de José Mário Silva) e Atos de Desespero (tradução de Maria de Fátima Carmo) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/megan-nolan/

7.12.24

Sobre Minha Ántonia, de Willa Cather

 Minha Ántonia é o mais importante romance de Willa Cather.

O narrador é Jim Burden, que nos fala de Ántonia, uma jovem mulher originária da Boémia, com quem tem uma relação entre o fraterno e o amoroso.

Mas o livro não é apenas o retrato de uma mulher. É também um fresco que evoca com cores nítidas os imigrantes que lutam contra um solo difícil, que têm de lidar com cavalos e lobos que vivem em liberdade na incomparável planície do Nebrasca.

O mundo de que nos fala é intenso, belo e muitas vezes trágico.

Willa Cather é uma pioneira da literatura dos grandes espaços, retomada mais tarde por escritores como Jim Harrison e Cormac McCarthy.


«Nenhuma narrativa romântica escrita na América, por um homem ou uma mulher, alcança metade da beleza de Minha Ántonia.» [H. L. Mencken]


Minha Ántonia (trad. Marta Mendonça) e outras obras de Willa Cather estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/willa-cather/

5.12.24

O Que Fica dos Criadores É a Sua Obra



Este texto resulta de uma resposta a um pedido do jornalista André Filipe Antunes, do Observador, sobre a notícia de uma relação amorosa de Cormac McCarthy com Augusta Britt.


Creio que, subjacente às suas perguntas, há uma concepção de literatura e arte diferente da minha, em que as obras possuem autonomia em relação ao carácter e à vida dos seus criadores.

Para exemplificar, nunca convidaria, mesmo que isso fosse possível, para tomar um café Céline, que era racista e simpatizante do fascismo; Caravaggio, que cometeu um assassinato e que por isso teve de fugir para escapar a uma condenação à morte; Ezra Pound, que enalteceu o nazismo; Heidegger, que foi cúmplice activo do nacional-socialismo e afastou Husserl da universidade; e Knut Hamsun, que elogiou Hitler. Mas isso não me leva a evitar olhar para A Flagelação de Cristo, não me impediria de publicar Viagem ao Fim da Noite, de ler com agrado Os Cantos de Pound, de achar Ser e Tempo uma obra fundamental da filosofia ou de publicar Fome.

Não são frequentes os casos em que um importante criador deixa que a sua obra seja de todo condicionada por influências da sua vida amorosa e sobretudo pelas suas opiniões políticas. Um desses casos é o da cineasta alemã Leni Riefenstahl, que realizou magníficos documentários como O Triunfo da Vontade ou Olympia, que são ao mesmo tempo deliberadamente propaganda nazi. Outros casos existem sobretudo em regimes totalitários, sendo disso exemplo o «leninismo» de Lukács.

A Relógio D’Água continuará a publicar a importante obra literária de Cormac McCarthy nas traduções que dela tem feito Paulo Faria.

Em relação ao caso amoroso que teve com Augusta Britt, nada há de reprovável em termos absolutos, mesmo que tenha sido uma relação marcada pela desigualdade entre um escritor então quase desconhecido de 42 anos e uma adolescente de 16 anos, marcada pela dureza da vida. Nessa relação que se tornou sexual a partir dos 17 anos de Britt, nada existe de abusivo, forçado ou não consentido.

De resto, em balanço recente para a revista Vanity Fair, Britt afirmou em relação a McCarthy: “Adorei-o. Ele era a minha segurança.”

Para situar os leitores, deve dizer-se que o autor de Meridiano de Sangue, Este País não É para Velhos e A Estrada conheceu Britt na piscina de um motel quando ela, que entrava e saía de um orfanato, apareceu envergando um revólver que roubara afivelado aos jeans. Desde os onze anos, levava uma vida em que foi muitas vezes agredida pelo pai ou nas famílias de acolhimento em que esteve.

Augusta Britt acabaria por ajudar à criação de algumas das personagens de Cormac McCarthy, que, como é natural, eram compostas de outras influências, amorosas e pessoais.

É claro que os leitores são livres de continuar ou não a ler Cormac McCarthy. É uma decisão pessoal. Mas, como já escreveu Javier Marías, creio que nenhum homem ou mulher passa por este mundo sem que uma mancha acompanhe a sua vida (haverá talvez excepções em escritores como Tchékhov, Primo Levi, Marías ou Lídia Jorge, mas nem nestes casos isso é certo).

O referido episódio na vida de McCarthy parece-me ter uma importância menor, excepto para os mais puritanos, que, em todo o caso, deveriam também censurar George Eliot, Colette ou Marguerite Duras, ou Édith Piaf, que tiveram relações amorosas com homens muito mais novos do que elas.

Num país com tendência a seguir apenas o que de pior vem dos EUA, não dei por que o meio literário português concedesse mesmo assim grande importância a esta notícia.

Vivemos numa época em que a vida, sobretudo a dos criadores, é vasculhada até à exaustão um busca de episódios condenáveis, mesmo que cometidos na infância. Enid Blyton é acusada de ser pouco atenta aos filhos, Salinger de não os querer por perto quando escrevia, J. K. Rowling de ser transfóbica apenas por reivindicar a sua biologia de mulher e Picasso é considerado mais um misógino devido ao modo como tratou algumas das mulheres com quem viveu. Woody Allen ou Kevin Spacey foram ostracizados mesmo sem provas ou apesar das absolvições. Creio que dentro de alguns anos esta época, que assistiu a importantes avanços nos direitos de algumas minorias e na afirmação das mulheres, será considerada sob vários aspectos censória, ingrata e sombria em relação a alguns dos seus principais criadores, de Picasso a Woody Allen.



Francisco Vale

4.12.24

Sobre Como o Grincho Perdeu o Natal!, de Dr. Seuss, com texto de Alastair Heim e ilustrações de Aristides Ruiz

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Como o Grincho Perdeu o Natal!, de Dr. Seuss, com texto de Alastair Heim e ilustrações de Aristides Ruiz (tradução de Maria Eduarda Cardoso)


O Grincho está de volta e pronto para provar aos habitantes da Vila Tal que mudou. Uma comovente sequela, escrita e ilustrada ao estilo de Como o Grincho Roubou o Natal!, o clássico natalício de Dr. Seuss.


Passou um ano desde que o Grincho roubou o Natal. Agora, ansioso para provar aos habitantes da Vila Tal que o seu coração cresceu e que passou a amar o Natal, elabora um plano para ganhar a Coroa de Natal da Vila Tal, fazendo a maior e mais espetacular árvore de Natal que os Tais já viram!

Mas, quando as coisas não correm como planeado, o coração do Grincho volta a ficar gelado e ele ameaça abandonar a Vila Tal para sempre... até que um Tal pequeno e especial lhe relembra que o Natal não é uma questão de vencedores.


“Uma bela história natalícia.” [School Library Journal]


Como o Grincho Roubou o Natal! e Como o Grincho Perdeu o Natal! estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/dr-seuss/