É com este título que
Isabel Lucas aborda no ípsilon de 20 de Fevereiro o alvoroço causado
pelo anúncio da publicação de Go Set a Watchman, escrito por Harper Lee.
Até agora, era considerada
autora de um único romance, Mataram a Cotovia, publicado pela Relógio
D’Água, em tradução de Fernando Ferreira Alves, em 2012.
«Alguém que sempre fugiu ao
mito é a sua principal vítima. Harper Lee, a autora de Mataram a Cotovia,
romance símbolo de uma América à procura de igualdade para a sua população,
está no centro de uma polémica que a ultrapassa depois de ser anunciado um
inédito seu a sair em Julho. Estará louca? A ser manipulada? Estará o livro à
altura? Porquê agora? O que pode o mercado? Perante isto, ela promete continuar
em silêncio.»
A jornalista do Público
cita um artigo de Lee Siegel, que conheceu Harper Lee há uns quinze anos. Nesse
encontro, Siegel achou-a «tímida, sossegada, modesta, irónica,
desconcertantemente sincera, uma mulher pequena que parecia esmagada por ter
escrito um livro que era considerado uma das obras de arte da literatura
americana».
Agora, em artigo na New
Yorker, Siegel «faz a ponte entre a grande mensagem do livro anterior,
quando Atticus Finch pede ao tribunal
para dar o benefício da dúvida ao homem que está a defender e que está a
ser falsamente acusado de violação, para aplicar agora em relação a Harper Lee:
“Dêem-lhe o benefício da dúvida.”
Lembra que a escritora não mentiu sobre não escrever mais: o livro foi
escrito antes de Mataram a Cotovia.
“Esta é uma primeira versão que vai ser publicada. Se as pessoas se
sentem desconfortáveis com isso é porque estão a usar a ocasião para expressar
a sua revolta contra a ascendência do poder do mercado e tornam a publicação de
Go Set a Watchman um produto da sua raiva. Eu sou capaz de entender
isso, mas isso não tem nada a ver com o romance.»
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