12.12.13

Guerra e Paz, de Lev Tolstoi

 



Guerra e Paz narra a invasão da Rússia por Napoleão e os efeitos que o acontecimento teve na vida da aristocracia, dos militares e da população envolvida no conflito.
A maior parte dos oficiais era originária das famílias nobres e as separações e perigos da guerra tornavam mais intensas todas as relações pessoais e, em particular, as amorosas.
Os hábitos sociais, as relações sentimentais e o declínio de algumas das mais importantes famílias de Petersburgo e Moscovo são apresentados com distanciamento ou irónica ternura.
Neste romance surgiram algumas das mais perduráveis personagens da literatura, o íntegro príncipe Andrei, o insólito Pierre Bezúkhov e a fascinante Natacha Rostova, que se tornaria indispensável para qualquer um deles.
Com esta obra e a sua apresentação em mosaico de grandes painéis da vida russa onde se movimentam centenas de personagens num período de convulsões militares, Tolstoi realizou o seu projeto de se confrontar com o Homero da Ilíada e da Odisseia.

«O maior de todos os romancistas — que outra coisa poderíamos dizer do autor de Guerra e Paz!» [Virginia Woolf]




«O que é Guerra e Paz?
Não é um romance, nem um poema e ainda menos uma crónica histórica. Guerra e Paz é o que autor quis e conseguiu exprimir, na forma em que está expresso. Uma tal manifestação de negligência por parte de um autor com as formas convencionais de uma obra em prosa poderia parecer presunção se fosse intencional e sem precedentes. Mas a história da literatura russa, desde os tempos de Púchkin, oferece múltiplos exemplos que se afastam dessa forma a que poderíamos chamar europeia, não se limitando a oferecer-nos apenas um exemplo contrário. Desde Almas Mortas de Gogol até A Casa dos Mortos de Dostoievski, no novo período da literatura russa, não há uma única obra de arte em prosa, acima da mediocridade, que se ajuste à forma de romance, poema épico ou conto.

O carácter da época
Alguns leitores, após o surgimento da primeira parte, disseram-me que o carácter da época não estava suficientemente definido na minha obra. A esta crítica respondo o seguinte: sei bem em que consiste o “carácter da época” que alguns leitores não encontram na minha obra. São os horrores da servidão e da plebe, as mulheres encerradas entre quatro paredes, as chicotadas nos filhos adultos, etc. Não creio que este “carácter da época” que vive na nossa imaginação se ajuste à verdade e não quis representá-lo. Nos meus estudos de cartas, diários e tradições não encontrei nem atrocidades, nem violências maiores do que as que se podem encontrar hoje ou em qualquer outra época (…).»
[Lev Tolstoi, em «Umas palavras acerca de Guerra e Paz», publicado em 1868, na revista Antiguidade Russa.]

Sem comentários:

Enviar um comentário