30.4.25

Sobre Emma, de Jane Austen

 «O romance conta a jornada de uma jovem de vinte anos para o autoconhecimento e maturidade intelectual e sentimental, através de discussões instrutivas, da (circunscrita) variedade das relações pessoais e experiências vividas. No caso de Emma Woodhouse, estas acções de formação, em boa parte coincidentes com o programa do Bildungsroman, suprimem as deficiências da educação que a mãe cedo falecida não pôde assegurar, em que falharam o pai sem força de autoridade, deslumbrado pelas qualidades da filha, e a preceptora demasiado amiga e condescendente para exigir razoabilidade e o esforço da vontade indispensáveis à formação da discípula.» [Do Posfácio de Jorge Vaz de Carvalho]


Emma (trad. Jorge Vaz de Carvalho) e outras obras de Jane Austen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jane-austen/

29.4.25

Sobre Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento, de George Steiner

 Disponível em www.relogiodagua.pt e de volta às livrarias: Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento, de George Steiner (tradução de Ana Matoso)


«Schelling, entre outros, atribui à existência humana uma tristeza fundamental, inescapável. Mais particularmente, esta tristeza oferece o fundamento sombrio sobre o qual assentam a consciência e a cognição. Este fundamento sombrio deve, na verdade, ser a base de toda a perceção, de todo o processo mental. O pensamento é rigorosamente inseparável de uma “melancolia profunda e indestrutível”. A cosmologia atual oferece uma analogia à crença de Schelling. Aquela do “ruído de fundo”, dos comprimentos de onda cósmica, esquivos mas inescapáveis, que são os vestígios do Big Bang, do surgimento do ser.»


Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento e outras obras de George Steiner estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-steiner/

Sobre Fronteira, de Can Que

 Fronteira começa com a história de Liu Jin, uma jovem que parte sozinha para construir vida na Cidade dos Seixos, lugar surreal no sopé da Montanha da Neve, onde lobos vagueiam pelas ruas e indivíduos iluminados conseguem entrar num jardim paradisíaco.

Explorando a vida nessa cidade — ou na fronteira — através do ponto de vista de uma dúzia de personagens — algumas superficiais, outras profundas —, este romance de Can Xue tenta unificar os polos opostos da existência. A barbárie e a civilização. O espiritual e o material. O mundano e o sublime. A beleza e a morte. As culturas do Oriente e do Ocidente.


“Se a China tem possibilidade de vencer o Prémio Nobel da Literatura, é com Can Xue.” [Susan Sontag]


“Há um novo mestre mundial entre nós. O seu nome é Can Xue.” [Robert Coover]


Fronteira é uma obra maravilhosa, cuidadosamente esculpida, lúcida e pura.” [Los Angeles Review of Books]


Fronteira, de Can Xue (tradução do chinês de Tiago Nabais), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/fronteira/

28.4.25

De Democracia, de Alexandre Andrade

 Quando lhe perguntei o que a levou a ficar em Portugal, mesmo sabendo que a esperava uma vida precária e cheia de riscos, vi os seus olhos brilharem e vi os seus lábios articularem, sílaba a sílaba, a palavra “Democracia”. A democracia, para a Mafalda, significa muito mais do que depositar um voto numa urna ou escolher representantes. Significa, como ela me explicou logo a seguir, a certeza permanente de ser capaz de tomar as decisões que determinam o seu destino. Significa a vida plena, a vida de cabeça erguida e com o horizonte à altura dos olhos. Ou, para usar as palavras dela: “Andar na rua com a sua parcela de liberdade ao alcance da mão, pronta a brandir como se fosse uma bandeira ou uma ferramenta que se traz num saco a tiracolo.”


Democracia e outras obras de Alexandre Andrade estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/alexandre-andrade/

Sobre Mataram a Cotovia, de Harper Lee

 Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama, durante a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do Prémio Pulitzer, em 1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa sociedade racista. 

Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o irmão, Jem, pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala como se fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando-os a refletirem, em vez de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito. 

Atticus vive de acordo com as suas convicções. É então que uma acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um dos habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um modo brutal.

Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em miniatura o seu próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local que vive em reclusão numa casa vizinha.


«O estilo de Harper Lee revela-nos uma prosa enérgica e vigorosa capaz de traduzir com minúcia o modo de vida e o falar sulistas, bem como uma imensa panóplia de verdades úteis sobre a infância no Sul dos EUA.» [Time]


Mataram a Cotovia (trad. Fernando Ferreira-Alves) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/harper-lee/

27.4.25

Sobre O Meu Inimigo Mortal, de Willa Cather

 Pelos olhos da jovem Nellie, vemos a vida de Myra, uma lenda da cidade do Sul onde ambas nasceram. Myra trocou o luxo e ostentação em que nasceu pelo amor de Oswald Henshawe, um rapaz pobre com quem fugiu. 

Vinte e cinco anos mais tarde, Nellie encontra o casal a viver na elegante pobreza de um modesto apartamento, frequentado por cantores, atores e poetas — no coração da comunidade artística de Nova Iorque.

Mas esta precária distinção dá lugar a uma pobreza real. Myra hospeda-se num hotel barato na Costa Oeste e o seu objetivo de vida — o amor — acaba por se revelar o seu pior inimigo.


O Meu Inimigo Mortal (trad. de Ana Teresa Pereira) e outras obras de Willa Cather estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/willa-cather/

Sobre Poemas, de Mário de Sá-Carneiro

 «A poesia de Mário de Sá-Carneiro, sobretudo nalguns poemas de Dispersão, possui um fulgor, uma força e um dinamismo únicos na lírica portuguesa contemporânea. Pode-se dizer que na sua obra há poemas que nascem de uma impulsão arrebatadora que domina inteiramente a consciência e o corpo, e para a qual a imaginação e a linguagem encontram imediatamente a síntese viva e fulgurante da realidade poética. Essa impulsão pode ser tão intensa e instantânea que se volve vertigem, delírio ou álcool (palavras-chave da poesia do autor de Indícios de Oiro) ou esvai-se, após o seu súbito surgir, ou então obscurece a consciência do sujeito: «Mas a vitória fulva esvai-se logo… / E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…», «É só de mim que ando delirante — / Manhã tão forte que me anoiteceu.» [Do Prefácio de António Ramos Rosa]


Esta e outras obras de Mário de Sá-Carneiro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/mario-de-sa-carneiro/

26.4.25

Sobre A Associação das Pequenas Bombas, de Karan Mahajan

 «Um bom atentado bombista começa em todo o lado ao mesmo tempo.»


Num dia quente, em maio de 1996, uma bomba explode dentro de um carro parado num mercado em Deli. Era apenas uma “pequena” bomba, porém suficiente para matar os dois rapazes Khurana. Um amigo deles, Mansoor, sobrevive à explosão, sofrendo no entanto os efeitos físicos e psicológicos. Depois de passar um período conturbado numa universidade na América, Mansoor regressa a Deli, onde se envolve com um misterioso e carismático ativista de nome Ayub.

Mas Mansoor não foi o único afetado pela bomba. O casal Khurana vê-se preso numa labirinto de batalhas legais, desesperando por alguma forma de justiça que amenize a sua mágoa. O jovem fabricante de bombas, Shockie, numa luta pela independência da sua terra — Kashmiri —, está também em Deli no mesmo dia, acabando por ser associado à explosão da bomba.

Humano e lúcido em igual medida, A Associação das Pequenas Bombas aborda o assunto mais urgente dos dias de hoje com enorme empatia. Karan Mahajan descreve os efeitos do terrorismo, tanto nas vítimas como nos seus perpetradores, provando ser um dos romancistas mais provocantes e dinâmicos da sua geração.


«Em tempos contemporâneos e sombrios, Mahajan mostra-nos uma visão estereoscópica da realidade.» [Rachel Kushner]


«Um livro incomum — erudito, sensível e generoso.» [Jim Crace]


«Um sucesso distinto e brilhante.» [Norman Rush]


A Associação das Pequenas Bombas, de Karan Mahajan (trad. de Alda Rodrigues), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-associacao-das-pequenas-bombas/

25.4.25

Sobre Alexandra Alpha, de José Cardoso Pires

 «Com uma escrita de apuro, Cardoso Pires traça um ambiente turvo. Com uma escrita áspera, Cardoso Pires retrata pessoas indolentes. Com uma escrita exacta, Cardoso Pires assenta diálogos derivativos, enrolados, incongruentes — e essa coisa é que é linda. (…)

Nunca antes, na nossa literatura, o dia 25 de Abril foi descrito de forma tão vibrante e tão vivida (…).

Este é um livro para ser lido de lanterna na mão. Ou, então, com uma daquelas luzes de mineiro que estes usam no capacete para descer às profundezas. É de escuridão e de bas-fond lisboeta que se trata. De uma certa vida boémia que já não existe — ou já não será exactamente assim. É um livro noctívago, este. Cheio de velhos lobos-de-bares. “Bares dialécticos com meninas à Godard”, outros “com máquinas de discos aos coices”.

Em torno de Alexandra, a publicitária, a mulher do corpo desmemoriado, cuja mais interessante característica é não prestar contas a ninguém, enxameiam as mais bizarras personagens.» [Do Prefácio de Ana Margarida de Carvalho]


Alexandra Alpha e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

24.4.25

Sobre As Superpotências da Inteligência Artificial, de Kai-Fu Lee

 Kai-Fu Lee, um dos mais respeitados especialistas mundiais em inteligência artificial (IA), revela-nos o modo como subitamente a China alcançou os Estados Unidos nesta corrida.

Neste livro, o autor demonstra que, devido aos desenvolvimentos sem precedentes na área da IA, as mudanças que se avizinham serão muito mais rápidas do que julgamos. À medida que os dois países competem pelo domínio da IA, Lee apela a ambos para que entendam a responsabilidade que advém do domínio de um tão enorme poder científico. 

Muitos especialistas já referiram que a IA terá um impacto devastador nos trabalhos rotineiros. Mas a previsão de Lee aponta para que a IA tenha impacto mesmo em empregos mais complexos, que outrora se pensou estarem seguros. 

Será o pagamento de um rendimento básico incondicional a solução? O autor pensa que não. Mas Lee fornece uma descrição clara dos empregos que serão afetados e de quão cedo tal acontecerá, assim como das atividades que poderão ser melhoradas através da IA, e, mais importante ainda, do modo como podemos encontrar soluções para uma das mais profundas alterações na história da vida do ser humano.

Para isso baseia-se na mudança surgida no modo de encarar a relação com os outros a partir de um episódio dramático da sua vida.


“Tendo trabalhado com ambos, posso afirmar que o brilhantismo com que Lee entende e explica a complexidade da IA se compara com o modo como Steve Jobs entendeu a maneira como o computador pessoal iria alterar a vida humana. Este livro é mesmo bom.” [John Sculley, ex-CEO, Apple]


“É um livro que se lê pensando: ‘Porque é que as pessoas estão a ler outros livros sobre este assunto quando é sem dúvida este que deveriam estar a ler?’” [Arianna Huffington, fundadora, HuffPost]


O livro As Superpotências da Inteligência Artificial (trad. Maria Eduarda Cardoso) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/as-superpotencias-da-inteligencia-artificial/

 Inteligência Artificial 2041 — Dez Visões para o Nosso Futuro, de Kai-Fu Lee e do escritor de ficção científica chinês Chen Qiufan (trad. Maria do Carmo Figueira), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/inteligencia-artificial-2041/


Sobre O Meu Ano de Repouso e de Relaxamento, de Ottessa Moshfegh

 Ottessa Moshfegh, uma das mais importantes novas vozes literárias, narra neste romance os esforços de uma jovem mulher para se esquivar aos males do mundo. Para tal, embarca numa hibernação prolongada, com a ajuda de uma das piores psiquiatras da história da literatura e com as enormes doses de medicamentos por ela prescritos.


«Cáustico e divertido. Um novo membro obscuro na linhagem das pouco simpáticas personagens femininas de Jean Rhys ou Emily Brontë…» [Margaret Atwood]


«Nunca me esquecerei deste livro.» [Parul Sehgal, The New York Times]


«Ottessa Moshfegh é a autora americana contemporânea que melhor escreve sobre estar vivo, quando estar vivo é uma sensação horrível.» [Jia Tolentino, The New Yorker]


«Obscuramente cómico e altamente profundo. A prosa de Moshfegh é extraordinária.» [The New York Times Book Review]


«Uma autora com um talento superabundante.» [The New York Times]


O Meu Ano de Repouso e de Relaxamento (tradução de Ana Falcão Bastos) e Lapvona (tradução de Marta Mendonça) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ottessa-moshfegh/

Sobre O Esquilo e o Tesouro Perdido, de Coralie Bickford-Smith

 Numa noite outonal, um jovem esquilo avista uma bolota a cintilar na floresta. Ansioso por proteger o seu tesouro de olhos atentos e bocas famintas, enterra-a. Mas após o inverno, quando regressa, ela não se encontra no mesmo local. Onde poderá estar?


“O livro mais bonito do ano… é como um poema… uma obra de arte.” [Chris Packham]


“Coralie Bickford-Smith retrata a natureza na sua forma mais sublime.” [Financial Times]


“Único… As ilustrações são tão intensas e detalhadas que cada página parece viva.” [Observer]


O Esquilo e o Tesouro Perdido e outras obras de Coralie Bickford-Smith (tradução de Inês Dias) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/coralie-bickford-smith/

23.4.25

Sobre Superinteligência, de Nick Bostrom

 Se o cérebro artificial ultrapassar algum dia o cérebro humano em inteligência geral, o futuro da nossa espécie vai depender das acções da poderosa inteligência artificial (IA). Neste livro, ambicioso e original, Nick Bostrom examina o que considera ser o problema essencial do nosso tempo: seremos capazes de manter sob controlo as investigações e os avanços da IA antes que seja demasiado tarde?


“Leitura imprescindível. […] Temos de ser supercuidadosos com a IA.”   [Elon Musk]


“Recomendo imenso este livro.”   [Bill Gates]


“Esta soberba análise por um dos nossos mais clarividentes pensadores enfrenta um dos maiores desafios da humanidade: se, no futuro, a IA sobre-humana se tornar o maior acontecimento da nossa história, como ter a certeza de que não será o último?”   [Max Tegmark, professor de Física, MIT]


“De grande valor. As implicações do surgimento de uma segunda espécie inteligente sobre a Terra é de alcance suficiente para merecer a atenção de um grande pensador.”   [The Economist]


Superinteligência de Nick Bostrom (tradução de Carlos Leite) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/superinteligencia-caminhos-perigos-estrategias/

Paul Lynch no Festival 5L


O escritor irlandês Paul Lynch, autor de Canção do Profeta, vencedor do Booker Prize e finalista do Dublin Literary Award, participa em Maio no Festival 5L. Mais informação em https://www.publico.pt/2025/04/17/culturaipsilon/noticia/amin-maalouf-paul-lynch-festival-5l-focado-ia-amecas-democracia-2130137


Numa noite escura e chuvosa em Dublin, a cientista e mãe de quatro filhos Eilish Stack abre a porta de sua casa e depara-se com dois oficiais da recém-formada polícia secreta da Irlanda que pretendem interrogar o seu marido, um sindicalista. Depois do marido, também o seu filho mais velho desaparece.

A Irlanda está a desmoronar-se. O país está sob o domínio de um governo que se inclina para a tirania e Eilish só pode assistir impotente enquanto o mundo que conhecia desaparece.

Até onde irá ela para salvar a sua família? E o que — ou quem — está disposta a deixar para trás para o conseguir?


«O júri do Booker Prize escolheu o livro mais oportuno e relevante da lista.» [The Guardian]


«Nenhum livro me abalava tão intensamente há muitos anos… As comparações são inevitáveis — Saramago, Orwell, McCarthy —, mas este romance ocupará o seu lugar próprio.» [Colum McCann]


«Um dos romances mais importantes desta década.» [Ron Rash]


A edição de Canção do Profeta foi publicada com o apoio da @Literature Ireland

Canção do Profeta (tradução de Marta Mendonça) está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/cancao-do-profeta-premio-booker-2023/

O Delfim, de José Cardoso Pires

 No Dia Mundial do Livro, no ano do centenário do nascimento de José Cardoso Pires, a Relógio D’Água sugere a leitura de O Delfim.


«No belíssimo romance que é O Delfim, Cardoso Pires olhou a realidade do seu país como se fosse a trama de uma intriga policial.» [Antonio Tabucchi]


«Esse espantoso, acabado, inesgotável O Delfim, que é até hoje a sua obra-prima.» [Mário Dionísio]


«Mas O Delfim é também o título de um romance, este romance que o leitor vai ler, e onde se fala da vida, e da proximidade da morte, de Palma Bravo. Talvez seja conveniente começarmos por chamar a atenção para o facto de que também o romance, o livro de Cardoso Pires, foi envolvido nessa atmosfera mítica que parece desprender-se do seu aparente herói, e tem hoje um lugar muito nítido, e obviamente privilegiado, na literatura de ficção do nosso século xx.» [Eduardo Prado Coelho]


«Que extraordinário escritor! Que extraordinário escritor é José Cardoso Pires.» [Do Prefácio de Gonçalo M. Tavares]


O Delfim e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

22.4.25

Sobre A Expulsão do Outro, de Byung-Chul Han

 A globalização exige a superação das diferenças entre as pessoas, pois quanto mais estas forem idênticas, mais veloz é a circulação do capital, das mercadorias e da informação. A tendência é para que todos se tornem semelhantes como consumidores.

Os tempos em que existia o outro estão a passar. O outro como amigo, o outro como inferno, o outro como mistério, o outro como desejo estão a ser substituídos pelo igual. E a proliferação do igual, apresentada como crescimento, faz com que o corpo social se torne patológico.

O que hoje leva a sociedade a adoecer não é a alienação, a proibição ou a repressão, mas o excesso de informação e o hiperconsumo.

A expulsão do diferente e o inferno do igual traduzem-se em fenómenos como o medo, os movimentos identitários e nacionalistas, a globalização e o terrorismo, partes integrantes de um processo marcado pela depressão e a autodestruição.


A Expulsão do Outro (trad.Miguel Serras Pereira) e outros títulos de Byung-Chul Han estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/byung-chul-han/

Sobre O Sagrado e o Profano, de Mircea Eliade

 O Sagrado e o Profano, de Mircea Eliade, ocupa-se da forma como o homem religioso se esforça por se manter num universo sagrado e da diferença entre a sua experiência de vida e a do homem privado de sentimentos religiosos, daquele que vive ou deseja viver num mundo dessacralizado.

Para a consciência moderna, a alimentação ou a sexualidade não são mais do que fenómenos orgânicos, qualquer que seja o número de tabus que os rodeia. Mas, para o primitivo e para algumas populações atuais, um tal ato é, ou pode tornar-se, um «sacramento», quer dizer, uma comunhão com o sagrado.

O sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser no mundo, duas situações existenciais assumidas pelo homem ao longo da sua história. Estes modos não interessam apenas à história das religiões ou à sociologia. Em última instância, os modos de ser sagrado e profano dependem das diferentes posições que o homem ocupa no cosmos.


O Sagrado e o Profano (tradução de Rogério Fernandes) e Patañjali e o Yoga (tradução de Elsa Castro Neves) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/mircea-eliade/

21.4.25

Sobre Bouvard e Pécuchet e Dicionário das Ideias Feitas, de Gustave Flaubert

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Bouvard e Pécuchet e Dicionário das Ideias Feitas, de Gustave Flaubert (tradução de Júlia Ferreira e José Cláudio)


Tendo permanecido inacabado em vida do autor e sendo publicado em 1881, no ano após a sua morte, este livro é hoje considerado uma das obras-primas de Flaubert.

Bouvard e Pécuchet, dois copistas reformados, um viúvo, o outro celibatário, decidem ocupar em conjunto a sua solidão. Retiram-se para o campo e embarcam numa busca incessante pela verdade e pelo conhecimento. Da agricultura à  filosofia, passando pela política e a literatura, todos os saberes são objeto da sua curiosidade e experiências. No processo mantêm-se otimistas, apesar de cada nova tentativa de compreender o mundo acabar em desastre.

Na tradição literária de Rabelais, Cervantes e Swift, a história é contada com uma mistura de sátira e empatia, levando o leitor a desenvolver afeição por estes dois D. Quixotes das Ideias, ao mesmo tempo que denuncia a pobreza de espírito dos contemporâneos e a estupidez humana.

Esta edição inclui também o Dicionário das Ideias Feitas, de Flaubert.


«Os romancistas deveriam agradecer a Flaubert como os poetas agradecem à primavera. Tudo recomeça com ele.» [James Wood]


Bouvard e Pécuchet e Dicionário das Ideias Feitas e outras obras de Gustave Flaubert estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/gustave-flaubert/

Sobre Quinta Estação, de N. K. Jemisin

 É assim que o mundo acaba pela última vez.

Começa com a grande fratura no coração do único continente do mundo, vomitando cinzas que encobrem o sol.

Começa com morte, com um filho assassinado e uma filha desaparecida.

Começa com traição e feridas há muito adormecidas que recomeçam a supurar.

Isto é o Sossego, um território de catástrofe, onde o poder da terra é empunhado como arma. E onde não há misericórdia.


«Intrincado e extraordinário.» [New York Times]


«Brilhante.» [Washington Post]


«Surpreendente.» [NPR]


«Incrível.» [Ann Leckie]


Quinta Estação e O Portal dos Obeliscos (trad. Alda Rodrigues) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/n-k-jemisin/

O Céu de Pedra, o terceiro volume da trilogia, será em breve publicado pela Relógio D’Água, também com tradução de Alda Rodrigues.

Sobre Homenagem a Barcelona, de Colm Tóibín

 Este livro celebra uma das mais extraordinárias cidades da Europa – um centro cosmopolita de vibrante arquitetura, arte, cultura e vida noturna. Leva-nos desde a história da fundação de Barcelona e a sua enorme expansão no século XIX às vidas de Gaudí, Miró, Picasso, Casals e Dalí. Explora também a história do nacionalismo catalão, a tragédia da Guerra Civil, o franquismo e a transição para a democracia que Colm Tóibín testemunhou na década de 1970.


Escrito com profundo conhecimento da terra, Homenagem a Barcelona é o retrato de um singular porto mediterrâneo e de um lar adotivo.


«Tendo vivido em Barcelona por diversos períodos ao longo dos anos 70, Tóibín conhece todos os encantos da sensual história e vida mediterrânica e “a joia mais preciosa do tesouro de bares da cidade”… Tóibín é o guia perfeito.» [Chicago Tribune]


«Tóibín escreve prosa de uma beleza avassaladora.» [Daily Telegraph]


Homenagem a Barcelona, traduzido por Ana Falcão Bastos, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/homenagem-a-barcelona/

20.4.25

De Paul Celan

 «CORONA


À minha mão vem o Outono comer suas folhas: somos amigos. Descascamos o tempo das nozes e ensinamo‐lo a partir:

o tempo retorna à casca.


No espelho é domingo,

no sonho dorme‐se,

a boca diz a verdade.


O meu olho desce até ao sexo da amada: olhamo‐nos,

dizemo‐nos algo sombrio,

amamo‐nos como papoila e memória,

dormimos como vinho nas conchas,

como o mar no jorro‐sangue da Lua.


Estamos abraçados à janela, vêem‐nos da rua:

chegou a altura de se saber!

Chegou a altura de a pedra se dignar em florir,

de o coração do desassossego começar a bater.

Chegou a altura de ser altura.


Chegou a altura.»

[p. 19, de Não Sabemos mesmo O Que Importa, de Paul Celan, trad. Gilda Lopes Encarnação]


Não Sabemos mesmo O Que Importa (trad. e posfácio de Gilda Lopes Encarnação) e outras obras de Paul Celan estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/paul-celan/


19.4.25

Sobre Cartografias de Lugares mal Situados, de Ana Margarida de Carvalho

 Os cenários de guerra são, por definição, lugares mal situados. Neles, as emoções são intensificadas, a generosidade, a compaixão, mas sobretudo a raiva, o medo, a crueldade e a bruteza.

Nestes contos, Ana Margarida de Carvalho percorre alguns desses lugares, desde uma povoação de Portugal durante a Terceira Invasão Francesa, passando por uma biblioteca não nomeada, centro de operações da resistência, onde os livros servem para tudo menos para ler, até um lugar incerto onde há mulheres cercadas por snipers, as vozes são proibidas e o silêncio parece interminável.


«Cartografias de Lugares mal Situados» e outras obras de Ana Margarida de Carvalho estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/ana-margarida-de-carvalho/

18.4.25

Sobre A Letra Encarnada, de Nathaniel Hawthorne

 Depois de ter sido declarada culpada por adultério, Hester Prynne é obrigada a usar a letra vermelha “A” bordada nas roupas como castigo pelo seu crime. Enquanto o seu vingativo marido procura descobrir a verdadeira identidade do seu amante, Prynne tem de enfrentar as consequências da sua infidelidade e encontrar um lugar para si e para a sua filha ilegítima no ambiente hostil da Boston puritana em pleno século XVII.

Esta narrativa de Hawthorne surpreendeu os leitores pela sua densidade psicológica sem precedentes. O romance é agora considerado um marco na literatura americana.


«É belo, admirável, extraordinário […] tem o encanto e o mistério inesgotáveis das grandes obras de arte.» [Henry James]


A Letra Encarnada (trad. Fernando Pessoa) e Wakefield (trad. Ana Falcão Bastos) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/nathaniel-hawthorne/

17.4.25

Sobre O Amante, de Marguerite Duras

 O Amante é, em larga medida, um romance autobiográfico.

A narradora vive desde a infância com a mãe e os irmãos na Indochina Francesa. Tem quinze anos quando, ao atravessar um afluente do Mékong, conhece um chinês rico e experimentado nas lides do amor, por quem se apaixona. Tudo parece separá-los, a idade, a riqueza e os preconceitos, que se opõem a uma relação amorosa entre um asiático e uma europeia.

A narrativa fala das incertezas de uma adolescente que tem a sua primeira experiência do amor físico, se lança na travessia dos sentidos, e procura a libertação do domínio da mãe e da asfixiante relação que esta tem com o filho mais velho.

Esta paixão adolescente decorre num cenário exótico, perverso, num fundo de lentidão e meandros asiáticos. 

Quase tudo parece esbatido pela memória, a adolescente de rosto infantil e precoce com um chapéu de homem e sapatos de baile, ou a mãe, que luta contra a ruína familiar, ou mesmo a escandalizada comunidade branca. Nítido, só o homem jovem numa barcaça, junto da limusina e do motorista. Ele será a personagem nítida, com uma posição clara, a do amante que dá título ao livro.

Publicado em 1984, O Amante recebeu o Prémio Goncourt e o Prémio Ritz Paris Hemingway, para o melhor romance publicado em inglês, em 1986.


O Amante (trad. Luísa Costa Gomes e Maria da Piedade Ferreira) e outras obras de Marguerite Duras estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/marguerite-duras/

16.4.25

Sobre Zipper e o Seu Pai, de Joseph Roth (tradução de António Sousa Ribeiro)

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Zipper e o Seu Pai, de Joseph Roth (tradução de António Sousa Ribeiro)


Passado em Viena no início do século xx, Zipper e o Seu Pai retrata a amizade de infância entre Arnold Zipper e o narrador, vista pelos olhos deste último, enquanto jovem.

A família Zipper recebe com entusiasmo o novo amigo do filho e o rapaz fica fascinado com a sua vida acolhedora e suburbana. O pai de Zipper, fabricante de violinos e vendedor ambulante, está determinado a alcançar o sucesso.

À medida que os dois amigos crescem, as suas vidas seguem caminhos distintos — o exército, a universidade, as primeiras escolhas profissionais e um casamento desastroso com uma aspirante a actriz deixam marcas profundas e cada um tem uma história muito diferente para contar. Das periferias de Viena às colinas de Hollywood, Zipper e o Seu Pai traça o percurso de uma geração que atravessou a experiência da guerra e, num período de profundas mudanças sociais, gradualmente ruir os seus sonhos.


“Joseph Roth é um dos grandes escritores de língua alemã deste século.” [The Times]


“Pode não haver escritor moderno mais cativante e capaz de combinar romance e poesia, de fundir um realismo vigoroso e intocado com um brilhante poder de metáfora e comparação.” [James Wood]


Mais informação sobre esta e outras obras de Joseph Roth editadas pela Relógio D’Água em https://www.relogiodagua.pt/autor/joseph-roth/

Don DeLillo recebe Medalha de Ouro da Academia Americana de Artes e Letras


Don DeLillo, autor “de uma obra prolífica” e considerado “estilisticamente o escritor mais influente da sua geração”, foi distinguido pela Academia Americana de Artes e Letras com a Medalha de Ouro na categoria de Ficção. A cerimónia de entrega do prémio terá lugar em Maio. Mais informação aqui: https://www.artsandletters.org/news?slug=2025honors


As obras de Don DeLillo editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/don-delillo/

Sobre O Anticristo, Ecce Homo e Nietzsche contra Wagner, de Friedrich Nietzsche

 «Neste ano derradeiro da sua actividade, as grandes oposições da filosofia de Nietzsche ficam assim com contornos definitivos e para a posteridade permanecerá a figura inteira do filósofo maldito que não abdicou da talvez mais forte iconoclastia produzida pela nossa cultura contra os seus próprios fundamentos. O seu sistema de contrário pode agora resumir‑se a dois pares incontornáveis: Dioniso contra Cristo e Nietzsche contra Wagner. Limitada por estes pares decorre toda a sua interpretação dos valores, da genealogia da moral, da história do cristianismo e da pulsão pelo verídico que estrutura o niilismo, a interpretação da luta contra a indiferenciação e a defesa de um tipo nobre ou a defesa da expressão global da vida.» [Do Prefácio de António Marques]


O Anticristo, Ecce Homo e Nietzsche contra Wagner (trad. Paulo Osório de Castro) e outros livros de Friedrich Nietzsche estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/friedrich-nietzsche/

15.4.25

Sobre O Primeiro Amor, de Ivan Turguénev

 «O Primeiro Amor» é uma narrativa sobre o amor adolescente. Voldemar, um jovem de dezasseis anos, apaixona-se pela filha do seu vizinho, a bela Zinaída, alguns anos mais velha que ele e a quem não faltam pretendentes. O leitor é arrastado pelas inconstantes emoções de Voldemar: exaltação, ciúme, desespero, ódio, renúncia e, de novo, devoção. No final, Voldemar sente-se destroçado ao descobrir a identidade do seu verdadeiro rival — uma revelação esmagadora, que, no entanto, lhe abre as portas para a compreensão dos abismos da paixão.


O Primeiro Amor (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) e outros livros de Ivan Turguénev estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ivan-turguenev/

De O Ajudante, de Robert Walser

 «Certa manhã, pelas oito horas, frente à porta de uma casa isolada e de fachada elegante, estava um homem ainda novo. Chovia. "Quase me admira", pensou o homem ali postado, "que tenha comigo um chapéu-de-chuva." Pois nos seus anos de juventude nunca tivera um chapéu-de-chuva. Numa das mãos, estendida para baixo em linha recta, segurava uma mala castanha das mais baratas. Diante dos olhos deste homem, que parecia acabado de chegar de uma viagem, estava uma placa de esmalte onde se podia ler: C. Tobler, Escritório Técnico. Esperou ainda um momento, como se reflectisse sobre alguma coisa, sem dúvida bastante irrelevante, depois premiu o botão da campainha eléctrica e chegou alguém para lhe abrir a porta, a criada ao que tudo indicava.

"Sou o novo empregado", disse Joseph, pois era assim que se chamava. Ele que entrasse e descesse por aqui para o escritório, disse a criada apontando-lhe o caminho. O senhor não tardaria.» [p. 9, «O Ajudante», de Robert Walser, tradução de Isabel Castro Silva]


O Ajudante (trad. Isabel Castro Silva) está disponível em https://www.relogiodagua.pt/autor/robert-walser/

Sobre A Fera na Selva, de Henry James

 Este livro é a história de John Marcher, um homem que, desde que tem memória, está obcecado pela sensação de que um evento transformador — ou mesmo catastrófico — o aguarda, à espreita, como um animal numa selva.


A Fera na Selva (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de Henry James editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/henry-james/

14.4.25

Sobre Guerra e Paz, de Lev Tolstoi

 Guerra e Paz narra a invasão da Rússia por Napoleão e os efeitos que o acontecimento teve na vida da aristocracia, dos militares e da população envolvida no conflito.

A maior parte dos oficiais era originária das famílias nobres e as separações e perigos da guerra tornavam mais intensas todas as relações pessoais e, em particular, as amorosas.

Os hábitos sociais, as relações sentimentais e o declínio de algumas das mais importantes famílias de Petersburgo e Moscovo são apresentados com distanciamento ou irónica ternura.

Neste romance surgiram algumas das mais perduráveis personagens da literatura, o íntegro príncipe Andrei, o insólito Pierre Bezúkhov e a fascinante Natacha Rostova, que se tornaria indispensável para qualquer um deles.

Com esta obra e a sua apresentação em mosaico de grandes painéis da vida russa onde se movimentam centenas de personagens num período de convulsões militares, Tolstoi realizou o seu projeto de se confrontar com o Homero da Ilíada e da Odisseia.


«O maior de todos os romancistas — que outra coisa poderíamos dizer do autor de Guerra e Paz!» [Virginia Woolf]


Guerra e Paz (trad. António Pescada) e outras obras de Lev Tolstoi estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lev-tolstoi/

13.4.25

Sobre Os Meus Primeiros Passos como Escritora, de Eudora Welty

 «Quando eu era pequena e ainda demorava muito tempo a abotoar os sapatos de manhã, punha-me à escuta dos sons que chegavam até mim vindos do corredor: o Papá, no andar de cima, fazia a barba na casa de banho, e a Mãe, no andar de baixo, fritava o bacon. Começavam a assobiar um para o outro, escada acima, escada abaixo. O meu pai assobiava a sua frase, a minha mãe tentava assobiar, e depois respondia, cantarolando a sua. Era o dueto deles. Eu abotoava e desabotoava a presilha dos sapatos e escutava aquilo — sabia que era “A Viúva Alegre”. A diferença era que a canção deles quase pairava no ar com risos: quão diferente do disco, que rosnava deste o início, como se se estivesse a dar lentamente corda à grafonola. Eles continuavam naquele diálogo musical através das escadas, onde eu já me encontrava, prestes a descer batendo ruidosamente com os pés e a mostrar-lhes os meus sapatos já calçados.»


Na origem deste livro estão três conferências proferidas na Universidade de Harvard, em Abril de 1983, para inaugurar o ciclo de conferências William E. Massey.


Os Meus Primeiros Passos como Escritora (trad. Ana Matoso) e outras obras de Eudora Welty estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/eudora-welty/

12.4.25

Sobre Os Intelectuais e a Organização da Cultura, de Antonio Gramsci

 Em Os Intelectuais e a Organização da Cultura, Gramsci investiga a contradição entre a infraestrutura produtiva e as superestruturas sociais.

Conclui que os intelectuais não formam um grupo autónomo e independente, antes são determinados por grupos e classes sociais em conflito.

Os intelectuais, consciente ou inconscientemente, desempenham a função social que se desenvolve num contexto histórico concreto.


Os Intelectuais e a Organização da Cultura, de Antonio Gramsci, com tradução e introdução de Rita Ciotta Neves, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/os-intelectuais-e-a-organizacao-da-cultura/

11.4.25

Sobre A Morte em Veneza, de Thomas Mann

 A Morte em Veneza é a narrativa do fascínio que Aschenbach, um escritor consagrado, sente por um adolescente, Tadzio, de deslumbrante beleza.

Uma paixão que se arrasta pelo Lido e depois pelas ruas de uma Veneza ameaçada e através da qual se questiona a situação moral do artista.

Trata­-se de uma novela em que Thomas Mann, sob a influência filosófica de Platão, aborda a relação com o belo e fala da nostalgia e das suas emoções.


«E entre palavras delicadas e graças espirituosas, Sócrates ensinava a Fedro o desejo e a virtude. Falou­-lhe do temor ardente que acomete o homem sensível quando os seus olhos vislumbram uma semelhança do belo eterno: falou­-lhe da avidez do homem ímpio e vil, incapaz de pensar o belo ao ver a sua imagem, incapaz de veneração; falou do medo sagrado que invade o homem nobre quando contempla uma face divina, um corpo perfeito — como então estremece e sai fora de si, mal ousando olhar, e como venera aquele que é belo, sim, como se ofereceria em sacrifício a este ídolo, se não receasse parecer ridículo aos olhos dos homens.»


A Morte em Veneza (tradução de Isabel Castro Silva) e outras obras de Thomas Mann estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/thomas-mann/

Sobre Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt

 No dia 11 de Maio de 1960, agentes da Mossad capturaram Adolf Eichmann nos arredores de Buenos Aires, quando, no final de um dia de trabalho, regressava a casa.

Quem era este homem que levava então uma vida vulgar, mas que se podia vangloriar da morte de milhões de seres humanos?

É o que podemos ver em Eichmann em Jerusalém através do olhar de Hannah Arendt, que assistiu ao julgamento iniciado a 11 de Abril de 1961 em Israel.

O processo durou cerca de quatro meses. Hannah Arendt tinha oferecido os seus serviços à The New Yorker, e, para ela, como judia que tivera de fugir da Alemanha com a ascensão de Hitler ao poder, foi um meio de ajustar contas com o passado. Presenciar o julgamento de Eichmann não foi tanto uma oportunidade de compreender os meandros da alma humana e de indagar a psicologia de um dirigente nazi, mas de lançar um olhar crítico à natureza do regime nacional-socialista.

Arendt assistiu apenas a uma parte do julgamento. Mas os cinco artigos que escreveu para a The New Yorker e seriam publicados em livro suscitaram uma enorme polémica sobre o seu conceito de “banalidade do mal”.


Eichmann em Jerusalém — Uma Reportagem sobre a Banalidade do Mal (tradução de Ana Corrêa da Silva, com Introdução de António Araújo e Miguel Nogueira de Brito) e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/

Sobre A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells

 A Guerra dos Mundos, a par de O Homem Invisível e A Máquina do Tempo, foi uma obra marcante na criação da ficção científica como género literário.

H. G. Wells partiu do relativo desconhecimento que então se tinha sobre Marte e dos progressos da tecnologia para criar uma obra de suspense, espanto e terror.

Tudo começa quando o narrador toma conhecimento da queda de estranhos objetos vindos de Marte nos tranquilos campos dos arredores de Londres. A multidão acorre e depara com misteriosos cilindros de onde saem marcianos que vão ameaçar de destruição todo o país e a civilização tal como era então conhecida.

Esta antevisão do choque entre os habitantes da Terra e os de outros planetas iria servir de modelo a toda uma variante da ficção científica. O seu potencial dramático seria evidenciado pela emissão radiofónica de Orson Welles em 1938, que sobressaltou dezenas de milhares de norte-americanos. E tem sido atualizado nos nossos dias pela descoberta de numerosos planetas no universo, e mesmo na Via Láctea, com condições para a existência de vida.


A Guerra dos Mundos (trad. Frederico Pedreira) e outras obras de H. G. Wells estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-wells/

10.4.25

Sobre Alucinações, de Oliver Sacks

 Já alguma vez o leitor viu algo que não estava lá? Ouviu alguém chamar o seu nome numa casa vazia? Sentiu que o seguiam, mas quando se virou não encontrou ninguém?

As alucinações não pertencem apenas aos loucos. Estão mais frequentemente ligadas a falhas sensoriais, intoxicação, doença ou lesões.

Pessoas com enxaquecas podem ver arcos de luz cintilantes ou figuras liliputianas. Pessoas com falhas de visão podem, paradoxalmente, mergulhar num mundo visual alucinatório. As alucinações podem aparecer com uma simples febre ou mesmo ao acordar ou adormecer, quando as pessoas têm visões que vão desde manchas luminosas coloridas até rostos perfeitamente pormenorizados, ou mesmo seres aterrorizantes. Pessoas que estão de luto podem receber «visitas» do falecido. Em algumas condições, as alucinações podem levar a epifanias religiosas, ou mesmo à sensação de abandonarmos o nosso corpo.

O ser humano sempre procurou este tipo de visões, tendo durante milhares de anos utilizado substâncias alucinogénias para as obter. Enquanto jovem médico na Califórnia nos anos 60, Oliver Sacks teve um interesse pessoal e profissional por psicotrópicos. Neste livro, o autor reúne histórias dos seus pacientes e a sua própria experiência.


«Sacks escreve histórias de aventura, relatos de viagens ao território inexplicado do cérebro. Ao fazê-lo, revela-nos uma paisagem bastante mais estranha e complexa do que alguma vez poderíamos inferir a partir das nossas interacções diárias.» [The Sunday Times]


«Sacks é, acima de tudo, um médico que escreve com compaixão e clareza… O resultado é uma espécie de discurso humano sobre a fragilidade das nossas mentes, dos corpos que lhes dão forma, e do mundo que criam para nós.» [The Daily Telegraph]


«Oliver Sacks tornou-se o neurologista mais famoso do mundo. Os seus estudos sobre mentes debilitadas permitem uma clara compreensão dos mistérios da consciência.» [The Guardian]


Alucinações (trad. Miguel Serras Pereira) e outras obras de Oliver Sacks estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/oliver-sacks/

Sobre Cartas a Jovens Poetas, de Rainer Maria Rilke e Virginia Woolf

 «As sugestões que Virginia Woolf e Rilke fazem aos jovens poetas vão em sentidos opostos — e daí o interesse maior da sua publicação conjunta.

Rilke e Woolf coincidem apenas no conselho que dão aos seus correspondentes para que não tenham pressa em publicar. (…)

É provável que as suas diferentes abordagens da criação poética tenham a ver com a diversidade da poesia alemã e inglesa no início do século XX e o facto de Rilke ser sobretudo um poeta e Woolf uma romancista. Mas isso foi certamente acentuado pela sensibilidade de cada um e por as disposições dos jovens poetas a que escrevem, John e Kappus, serem também elas distintas — o primeiro voltado para a expressão das suas emoções mais íntimas e Kappus para o exterior.» [Do Prefácio de Francisco Vale]


Cartas a Jovens Poetas (trad. Ana Mateus e Lino Marques) e outras obras de Rainer Maria Rilke e Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/rainer-maria-rilke/ e https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/