15.4.25

De O Ajudante, de Robert Walser

 «Certa manhã, pelas oito horas, frente à porta de uma casa isolada e de fachada elegante, estava um homem ainda novo. Chovia. "Quase me admira", pensou o homem ali postado, "que tenha comigo um chapéu-de-chuva." Pois nos seus anos de juventude nunca tivera um chapéu-de-chuva. Numa das mãos, estendida para baixo em linha recta, segurava uma mala castanha das mais baratas. Diante dos olhos deste homem, que parecia acabado de chegar de uma viagem, estava uma placa de esmalte onde se podia ler: C. Tobler, Escritório Técnico. Esperou ainda um momento, como se reflectisse sobre alguma coisa, sem dúvida bastante irrelevante, depois premiu o botão da campainha eléctrica e chegou alguém para lhe abrir a porta, a criada ao que tudo indicava.

"Sou o novo empregado", disse Joseph, pois era assim que se chamava. Ele que entrasse e descesse por aqui para o escritório, disse a criada apontando-lhe o caminho. O senhor não tardaria.» [p. 9, «O Ajudante», de Robert Walser, tradução de Isabel Castro Silva]


O Ajudante (trad. Isabel Castro Silva) está disponível em https://www.relogiodagua.pt/autor/robert-walser/

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