14.3.25

Jenny Erpenbeck em entrevista a Isabel Lucas



«Houvesse uma única ideia para definir Kairos e a sua autora, a alemã Jenny Erpenbeck, escolheria dizer que é um “diálogo entre tempos” construído ao longo de 320 páginas por um homem e uma mulher. Nesse diálogo fica claro um pressuposto deixado também pela escritora na conversa que aceitou ter com o Ípsilon via email: “contar histórias pode ser uma ferramenta de poder”.

A história no centro de Kairos, romance vencedor da edição de 2024 do International Booker Prize, agora editado em Portugal, tem como alicerce a relação entre Katharina, uma jovem de 19 anos, e Hans, um escritor de 53. Essa relação nasce do acaso, mas não tarda a que se transforme num espaço de poder e submissão.

No início, há o encantamento: Hans representa um mundo de cultura, maturidade e experiência, enquanto Katharina se entrega à sedução desse homem que se lhe apresenta como um guia para a vida adulta. Mas essa relação, que poderia ser apenas mais uma história de amor atravessada pela diferença de idades, torna-se um campo de batalha psicológico. Hans assume um papel de domínio, impondo a Katharina não só regras de conduta, mas também uma visão do mundo que não admite contradições, e, aos poucos, o que era desejo transforma-se em controlo, a paixão converte-se em abuso emocional, e o amor, tão idealizado, revela-se um mecanismo de opressão.» [ípsilon, Público, 14/03/2025: https://www.publico.pt/2025/03/12/culturaipsilon/entrevista/jenny-erpenbeck-molda-material-selvagem-kairos-romance-inesquecivel-2125557]


Kairos (tradução de António Sousa Ribeiro) e Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai (tradução de Ana Falcão Bastos) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/jenny-erpenbeck/

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