31.1.25

Sobre Boulder, de Eva Baltasar

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Boulder, de Eva Baltasar (tradução do catalão de Ângelo Ferreira de Sousa)


A trabalhar como cozinheira num cargueiro, uma mulher conhece e apaixona-se por outra mulher, Samsa, que lhe chama «Boulder». Quando Samsa consegue um emprego em Reiquiavique e o casal decide mudar-se, Samsa quer ter um filho. Tem quarenta anos e não pode deixar passar a oportunidade. Boulder, menos entusiasmada, não sabe como dizer não e vê-se arrastada para uma jornada difícil.

Enquanto assiste ao modo como a maternidade transforma Samsa numa estranha, Boulder vê-se obrigada a organizar as suas prioridades. Pode o anseio por liberdade superar o desejo por amor?


«Uma autora poderosa e muito original. Adoraria adaptar este livro.» [Pedro Almodóvar]


«Subtil, sombrio e inconvencional. Eva Baltasar transforma a intimidade numa aventura.» [Fernanda Melchor]


«A autora eleva de forma magistral a ideia de uma relação a uma força da natureza.» [Times Literary Supplement]


«Baltasar explora o mundano em busca do essencial e oferece pedaços de intimidade de uma forma que cativa e sacia.» [The New York Times Book Review]



Eva Baltasar (Barcelona, 1978) publicou onze coletâneas de poesia e estreou-se como autora de ficção com Permagel, vencedor do Premi Llibreter 2018 e finalista do Prix Médicis étranger em 2020, traduzido para mais de dez línguas e um dos fenómenos literários dos últimos tempos. Boulder, o seu segundo romance, foi publicado em 2020, tendo vencido o Premi Òmnium para melhor romance do ano em catalão e sido finalista do Prix Les Inrockuptibles 2022 em França, finalista do International Booker Prize 2023 e do Prémio Jan Michalski 2023. Os direitos de tradução foram cedidos para mais de 20 línguas até ao momento. Mamut (2022), finalista do Cercador Prize (EUA), encerrou o tríptico sobre a vida e os desejos de três mulheres. Ocàs i fascinació foi publicado em catalão e castelhano em 2024 e recebeu elogiosas críticas.


Mais informação em https://www.relogiodagua.pt/produto/boulder/

Sobre Joanica-Puff, de A. A. Milne

 “Tu és o Melhor Urso do Mundo”, disse o Cristóvão Pisco.

“Sou?”, perguntou esperançosamente o Puff.


Puff é o urso mais famoso do mundo. Nestas histórias Puff mete-se num aperto, quase apanha um Firão e descobre o tipo errado de mel.


Joanica-Puff (trad. Helena Briga Nogueira) e A Casa no Largo Puff (trad. Manuel Grangeio Crespo) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/a-a-milne/

30.1.25

Sobre Estado de Vigilância — A Via Chinesa para Uma Nova Era de Controlo Social, de Josh Chin e Liza Lin

 «Estado de Vigilância» é uma absorvente, preocupante e pormenorizada história do modo como o Partido Comunista da China construiu uma nova espécie de controlo político, procurando moldar a vontade do povo através de um sofisticado e muitas vezes brutal recurso aos dados digitais. Trata-se de um Estado policial distópico, que mantém minorias étnicas sob o olhar vigilante das forças de segurança com utilização de inteligência artificial e recorre a uma política de pontos que abrange praticamente toda a população.

Os autores contam-nos histórias de famílias afetadas pela vigilância do Partido Comunista Chinês e falam do processo de criação de uma nova sociedade organizada em torno da vigilância digital.


«Josh Chin e Liza Lin mostram como os avanços mais célebres de Silicon Valley, juntamente com algumas das suas empresas mais conhecidas, permitiram a realização de um ensaio de engenharia social chinesa que é em igual medida aterrorizante e sedutor. As tecnologias de vigilância, tanto dentro da China como em todo o mundo, estão a criar uma alternativa à ordem liberal muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas esperava, e este livro dá-nos um vislumbre do que a pode substituir.» [Anne Applebaum]


«Estado de Vigilância — A Via Chinesa para Uma Nova Era de Controlo Social», de Josh Chin e Liza Lin (tradução de Valério Romão), está disponível em https://relogiodagua.pt/.../estado-de-vigilancia-pre-venda/

Sobre O Papel de Parede Amarelo, de Charlotte Perkins Gilman

 “Publicado pela primeira vez em 1892, na The New England Magazine, [‘O Papel de Parede Amarelo’] descreve um verão que uma jovem mulher sem nome passa numa casa senhorial. Como ela própria declara na primeira página, está ‘doente’, tem uma ‘depressão nervosa passageira — uma ligeira tendência para a histeria’. O marido, que é médico, remete-a para o andar de cima da casa, para repousar […].

‘O Papel de Parede Amarelo’ é um grande texto literário, criado por um intelecto inquieto e ardente.” [Da Introdução de Maggie O’Farrell]


O Papel de Parede Amarelo, de Charlotte Perkins Gilman (tradução de Alda Rodrigues), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/o-papel-de-parede-amarelo/

29.1.25

Sobre Gente Pobre, de Fiódor Dostoievski

 Editado em 1846, Gente Pobre, primeiro romance de Dostoievski, ocupa uma posição particular na história da literatura russa, representando a confluência de importantes tradições literárias, especialmente a de Gógol. O livro narra, sob forma epistolar, a relação entre dois primos, Makar Diévuchkin e Varvara Dobrossiólova, e explora o tema da pobreza e as interacções entre pobres e ricos. Elogiado como um «romance social», influenciou várias gerações de leitores e continua a fazê-lo nos nossos dias.


Gente Pobre (trad. António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

27.1.25

Sobre Memórias do Subterrâneo, de Fiódor Dostoievski

 «Eu sou um homem doente… Sou um homem mau. Sou um homem nada atraente. Penso que sofro do fígado. Aliás, não percebo patavina da minha doença nem sei ao certo de que é que sofro. Não me trato e nunca me tratei, embora respeite a medicina e os médicos. Além do mais, sou supersticioso em extremo; bem, o suficiente, ao menos, para respeitar a medicina. (Tenho instrução bastante para não ser supersticioso, mas sou supersticioso.) É por maldade que não me quero tratar. Isto é uma coisa que vocês, leitores, por certo não podem compreender. Pois, mas eu compreendo.»


Memórias do Subterrâneo (trad. de António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

Sobre Dia da Libertação, de George Saunders

 O «melhor contista em inglês» (TIME) está de volta com uma coleção de contos que explora ideias de poder, ética e justiça, mostrando o que significa viver em comunidade com os nossos semelhantes.

Com a sua prosa perversamente irónica e não sentimental, Saunders continua a desafiar e surpreender. Estas histórias multifacetadas que abrangem alegria e desespero, opressão e revolução, estranha fantasia e realidade brutal fundem-se para mostrar o mundo com a generosidade e a atenção perspicaz que Saunders tem, até nas circunstâncias mais absurdas.


«Humor original ousado, a visão turva da vida americana e a suave humanidade que permeia tudo isso.» [TIME]


«Saunders é divertido e gentil como sempre, e o seu virtuosismo narrativo põe-no entre os melhores.» [The Guardian]


Dia da Libertação e Nadar num Lago à Chuva (trad. José Mário Silva) e Lincoln no Bardo (trad. José Lima) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-saunders/

26.1.25

Sobre Ruído Branco, de Don DeLillo

 Uma brilhante sátira da cultura de massas e dos efeitos da tecnologia, Ruído Branco conta a história de Jack Gladney, um professor de Estudos Hitlerianos numa universidade dos EUA.

Jack e a sua quarta mulher, Babette, impulsionados pelo amor, o medo da morte e quatro filhos, navegam pelos vacilantes caminhos de uma vida familiar, tendo como fundo a sociedade de consumo.

Os precários equilíbrios são rompidos quando um acidente industrial provoca a libertação de uma nuvem negra química, ameaçando toda a população da cidade e perturbando a sua relação com os meios de comunicação e até com os aparelhos electrodomésticos.


«O amor de DeLillo pela linguagem e o seu talento unem-se neste livro para nos narrar uma história desconfortável sobre a mortalidade e o modo profundo como lidamos com ela. É um romance repleto de palavras, mas nenhuma delas está a mais.» [The Guardian]


«Ruído Branco captura com tal precisão a existência diária de uma América pós-modernista, hipercapitalista e saturada pelos media, que o leitor não sabe se há-de rir ou chorar.» [TIME]


«Uma das vozes mais irónicas, inteligentes e divertidas a comentar a América contemporânea.» [The New York Times Book Review]


Ruído Branco (tradução de Rui Wahnon) e outras obras de Don DeLillo já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/don-delillo/

25.1.25

Sobre As Ondas, de Virginia Woolf

 As Ondas é considerado o mais radical romance de Virginia Woolf — um desses raros escritores que nasceu no «instante em que uma estrela se pôs a pensar».

Marguerite Yourcenar, sua tradutora francesa, descreveu-o assim:

«As Ondas é um livro com seis personagens, ou melhor, seis instrumentos musicais, pois consiste unicamente em monólogos interiores, cujas curvas se sucedem e entrecruzam com uma segurança que lembra a Arte da Fuga de Bach. Nesta narrativa musical, os breves pensamentos de infância, as rápidas reflexões sobre os momentos de juventude e de confiante camaradagem desempenham o mesmo papel dos allegri nas sinfonias de Mozart, abrindo espaço para os lentos andantes dos imensos solilóquios sobre a experiência, a solidão e a maturidade.

Tanto como uma meditação sobre a vida, As Ondas é um ensaio sobre a solidão. Trata-se de seis crianças, três raparigas, Rhoda, Jinny e Susan; e de três rapazes, Louis, Neville e Bernard, que vemos crescer, diferenciarem-se e envelhecer. Uma sétima criança, que nunca toma a palavra e que só conhecemos através das outras, é o centro do livro, ou melhor, o seu coração.»


As Ondas (tradução de Francisco Vale) e outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/

23.1.25

Sobre O Vermelho e o Negro, de Stendhal

 «Apesar das numerosas semelhanças entre O Vermelho e o Negro e A Cartuxa de Parma, os dois romances são subtilmente diferentes na sua perspectiva erótica e na representação dos protagonistas de Stendhal. A nostalgia de glória napoleónica não abandona Julien quase até ao fim, mas extingue-se em Fabrizio depois da derrota de Waterloo. O autêntico amor não se apodera de Julien a não ser nos seus últimos dias e, ainda que não existam motivos para duvidar da sua sinceridade, tanto ele como madame de Rênal sabem que não têm futuro, o que constitui um nada negligenciável motivo para intensificar a paixão. […]

Julien Sorel nada sabe de si próprio; só é capaz de sentir as paixões depois de as simular e tem um inegável talento para a hipocrisia. E, no entanto, Julien mantém o nosso interesse e, mais do que isso, fascina-nos, não somos capazes de sentir antipatia por ele.» [Harold Bloom, O Futuro da Imaginação]


«Stendhal faz com que o leitor se sinta orgulhoso de ser seu leitor.» [Paul Valéry]


O Vermelho e o Negro (tradução de José Marinho) e outras obras de Stendhal estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/stendhal/

21.1.25

Sobre Oliver Twist, de Charles Dickens

 «Oliver Twist contém já a marca do génio de Dickens. O seu humor mordaz e a sua ironia cáustica enchem estas páginas, e encontramos aqui cenas inesquecíveis, que parecem fixar a condição humana em toda a sua fragilidade e riqueza: pensemos em Mr. Brownlow e Mr. Grimwig, sentados numa sala, na penumbra, com um relógio pousado na mesa, entre ambos, à espera de ver para que lado irá tombar a balança do destino de Oliver, tendo cada qual apostado num dos lados da alma humana, o Bem e o Mal.» [Da Introdução de Paulo Faria]


Oliver Twist (trad. Paulo Faria) e outros livros de Charles Dickens estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/charles-dickens/

20.1.25

Sobre Os Hereges de Duna, de Frank Herbert

 No quinto volume da saga Duna, Leto Atreides, Imperador Deus de Duna, está morto. Nos mil e quinhentos anos desde a sua morte, o Império desmoronou-se. Com a grande Dispersão, milhões abandonaram a civilização decadente e espalharam-se para lá dos confins do espaço conhecido. O planeta Arrakis — agora Rakis — reverteu ao seu clima desértico, e os seus grandes vermes de areia estão a morrer.

Os Perdidos regressam a casa em busca de poder. Enquanto estas fações disputam o controlo sobre o que resta do Império, a jovem Sheeana ganha notoriedade nas terras desoladas de Rakis, espalhando fervor religioso pela galáxia. Ela possui as habilidades dos Fremen que cavalgam os vermes de areia, cumprindo uma profecia anunciada pelo falecido Imperador Deus.

Através de intrigas políticas e religiosas, Os Hereges de Duna explora temas de poder, fé e identidade numa galáxia fragmentada, onde antigas e novas personagens procuram redefinir o futuro da humanidade.


«Não conheço nada que se lhe compare, além de O Senhor dos Anéis.» [Arthur C. Clarke, autor de 2001, Odisseia no Espaço, sobre a saga Duna]


Os Hereges de Duna (Tradução de Ana Falcão Bastos) e outras obras de Frank Herbert estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

19.1.25

De A Íris Selvagem, de Louise Glück

 «AMOR AO LUAR


Por vezes um homem ou uma mulher impõe a outro

o seu desespero. Chama‑se a isso

abrir o coração, ou, em alternativa, pôr a alma a nu, abri‑la —

o que quer dizer que nesse momento eles adquiriram almas —

Lá fora, uma tarde de Verão, um mundo inteiro

lançado aos pés da lua: formas prateadas

que podiam ser árvores ou edifícios, o jardim estreito

onde o gato se esconde, rolando o corpo na poeira,

a rosa, a coreópsis, e, no escuro, a cúpula dourada do capitólio

convertida numa amálgama de luar, contorno

sem detalhes, o mito, o arquétipo, a alma

repleta do fogo que é somente luar, captado

de outra fonte, brilhando

brevemente como brilha a lua: rocha ou não,

a lua é ainda essa coisa muito viva.» [p. 43 de A Íris Selvagem]


A Íris Selvagem (tradução de Ana Luísa Amaral) e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

18.1.25

Sobre Kairos, de Jenny Erpenbeck

 «A determinada altura do extraordinário quarto romance de Jenny Erpenbeck, “Kairos” (2021), vencedor do Booker Internacional, diz-se que “as nossas tragédias pessoais (…) não são as que comovem o mundo”. A frase faz sentido na boca de cidadãos da República Democrática Alemã, isto se as personagens seguissem a tese marxista de que o individual é secundário face ao colectivo. Mas se há lição a retirar de “Kairos” (e o livro gosta pouco de lições) é que são justamente as tragédias individuais as mais comoventes. De modo que o caso amoroso entre Hans, um intelectual, e Katharina, uma estudante, iniciado em 1986, tem mais importância do que os importantíssimos acontecimentos que levaram à extinção da RDA. […]

O amor deles nunca deixa de ser exaltante e destrutivo. Pela diferença de idades e expectativas, pelo necessário segredo, pela fidelidade que ele exige mas não pratica. E por causa dos jogos sexuais, alguns violentos, talvez uma outra forma de servidão voluntária. Não existindo propriamente enredo, há a história dele e dela enredados um no outro e num tempo histórico, conversando sobre medos e desejos e sobre Heine, Hölderlin, Lenine, Brecht, Heiner Müller. O amor deles vive de júbilos e separações, ela subjugada, ele lúdico ou controlador.» [Pedro Mexia, E, Expresso, 17/1/2025: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2025-01-16-berlim-leste-1986-um-amor-entre-muros-assim-e-kairos-de-jenny-erpenbeck-vencedor-do-booker-international-902acac7]


Kairos (tradução de António Sousa Ribeiro) e Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai (tradução de Ana Falcão Bastos) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/jenny-erpenbeck/

Sobre A Queda da Casa de Usher e Outros Contos, de Edgar Allan Poe

 Um jovem cavalheiro é convidado para a velha casa de um amigo de infância, Roderick Usher.

À mansão parece concebida como cenário de um conto gótico, com a paisagem lúgubre que a rodeia, dois irmãos gémeos, o próprio Roderick e Lady Madeline, e doenças misteriosas que fazem parte da história familiar e que se manifestam em sensações sobrenaturais.

Todos os elementos do género parecem estar reunidos, e, no entanto, o suspense, o terror desta história deve-se à incerteza, pois não sabemos exactamente em que parte do mundo se situa e em que tempo decorre.

Há também um lago perto do solar dos Usher, mas suspeitamos que está lá apenas para compor um final fatídico.

O conto foi publicado pela primeira vez na Burton’s Gentleman’s Magazine. Tornou-se uma das obras de Poe preferidas da crítica e a que o próprio autor considerava a mais conseguida das que escreveu.

Esta edição reúne outros contos de Edgar Allan Poe: «Manuscrito Encontrado numa Garrafa», «Ligeia», «Uma Descida no Maelström» e «O Gato Preto».


A Queda da Casa de Usher e Outros Contos (trad. Miguel Serras Pereira e Anabela Prates Carvalho), com prefácio de Charles Baudelaire (trad. Manuel Alberto), e outras obras de Edgar Allan Poe estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/edgar-allan-poe/

17.1.25

Sobre Livro da Doença, de Djaimilia Pereira de Almeida

 «Livro da Doença, de Djaimilia Pereira de Almeida, que é uma das escritoras portuguesas mais fortes, que mais está a dar que falar, e justamente, creio eu. Este livro é um livro francamente interessante, porque é um livro fragmentário que mistura várias coisas.

O pai da Djaimilia morreu durante o Covid e falava sempre à família de uma livro que ele estava a escrever, e depois quando estavam a arrumar os papéis do pai perceberam que ele nunca sequer o começou. E então é uma espécie de espectro ou fantasma que a Djaimilia traz aqui para este seu livro, que liga com uma personagem que faz parte da infância dela, uma […] pessoa que não era parente mas tinha uma relação de quase parentesco, chamada Fidel e ainda com uma própria doença que a Djaimilia teve.

[…] À medida que vamos lendo vamos entrando para a toca do coelho, mas é uma toca de coelho que, além de ser francamente interessante e desafiante, também é confortável, porque também nos revemos em algumas […] constatações sobre o que são as pessoas e sobre o que nós somos. É um óptimo livro que recomento vivamente.» [Pedro Boucherie Mendes, Pop Up, Observador, 16/1/2025: https://observador.pt/programas/pop-up/de-1985-a-2025-o-que-envelheceu-melhor-ou-pior/]


Livro da Doença e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sobre Uma Leitura do Génesis, de Marilynne Robinson

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Uma Leitura do Génesis, de Marilynne Robinson (tradução de Alda Rodrigues e Herculano Alves)


Neste livro Marilynne Robinson apresenta a sua interpretação do livro do Génesis.

Durante gerações, o livro tem sido tratado por estudiosos como uma coleção de documentos elaborados por várias mãos, refletindo interesses de diversas facões. Por outras palavras, a interpretação académica do livro tem-se focado na questão da sua coerência básica, assim como a interpretação fundamentalista se centra em saber se é adequado que seja lido como uma verdade literal.

Ambas as abordagens impedem uma apreciação da sua grandeza enquanto obra literária, da articulação e exploração de temas que ressoam por toda a Escritura. Este livro, que inclui o texto completo, é uma reflexão sobre os significados profundos e a promessa da aliança duradoura de Deus com a humanidade.


«Extraordinário… O seu poder reside na leitura particular que nos oferece de um dos textos fundadores do mundo, que é também um dos alicerces da mente e da fé da autora, vencedora do Pulitzer. Queremos saber o que Robinson pensa sobre o Génesis pela mesma razão que gostaríamos de saber o que Tolstói pensaria dele.» [Francis Spufford, The New York Times Book Review]


«Como grande parte da escrita de Robinson, este livro está repleto de questões sobre bondade, comunidade, e sobre como expressar aquilo que tantas vezes temos dificuldade em pôr em palavras.» [The New York Times Magazine]


«Robinson produz uma meditação poderosa sobre a esperança numa época em que essa virtude caiu em desuso. Em prosa luminosa, desafia o leitor moderno a compreender quão invulgar é o livro do Génesis, carregado de significados que se prolongam até aos nossos dias.» [The Guardian]


Uma Leitura do Génesis e outras obras de Marilynne Robinson estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/marilynne-robinson/

Sobre Boa Noite, Lua, de Margaret Wise Brown e Clement Hurd

 Num grande quarto verde, deitado na cama, está um coelhinho. “Boa noite, quarto, boa noite, Lua.” E a todas as coisas familiares no quarto suavemente iluminado — uma a uma — o coelhinho diz “boa noite”.

Desde 1947, o clássico de literatura infantil de Margaret Wise Brown e Clement Hurd tem cativado gerações de leitores e ouvintes. A poesia das palavras e as ilustrações tranquilizadoras juntam-se para criar o livro perfeito para o fim do dia, adorado por crianças de todo o mundo.


“Uma ladainha hipnótica na hora de dormir.” [The New Yorker]


“O som das palavras, as ideias que transmitem e as imagens combinam-se para acalmar e tranquilizar quando chega a hora de dormir.” [The New York Times]


“Capta a atenção dos bebés de dois anos de forma tão completa que parece quase ilegal hipnotizar uma criança para adormecer tão facilmente.” [Child Behavior]


“As crianças pequenas respondem à repetição suave e às ilustrações detalhadas deste livro na hora de dormir.” [Parents]


Boa Noite, Lua, de Margaret Wise Brown, com ilustrações de Clement Hurd (tradução de Inês Dias), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/boa-noite-lua/

14.1.25

Sobre Um Homem Apaixonado, de Karl Ove Knausgård

 Da morte do pai à experiência de ter filhos. 

É esta a passagem que Karl Ove Knausgård faz do primeiro para o segundo volume do romance autobiográfico A Minha Luta

Em Um Homem Apaixonado, Karl Ove Knausgård deixa a mulher e a Noruega e parte para Estocolmo. É aí que se aproxima de Geir, outro norueguês expatriado, e reencontra Linda, uma poeta que o havia fascinado anos antes num encontro de escritores.

Se, em A Morte do Pai, Knausgård abordava o tema do luto, neste volume descreve as tempestuosas relações de amizade e amor e o dramático período antes de consolidar a sua relação com Linda.

Depois vem a experiência da paternidade, que subverte tudo à sua passagem. Há a urgente necessidade de escrever, mas também o quotidiano familiar, o cómico fracasso das férias, as humilhantes aulas de preparação do parto, as tensões nas festas de aniversário infantis, o stress de passear uma criança pelas ruas de Estocolmo quando o seu único desejo é continuar o seu romance.

Knausgård fala dos momentos que compõem a vida de um homem, dilacerado pela necessidade de criar, mas também de viver, alguém para quem arte e natureza são uma necessidade física, alguém que oscila entre a energia vital e pensamentos mórbidos e que deseja com igual intensidade solidão e amor. 


«É talvez o mais significativo projecto literário do nosso tempo.» [Rachel Cusk, The Guardian]


«Knausgård não é um homem irascível, mas um idealista apaixonado. Quer criar grande arte e quer lutar contra a uniformidade e conformidade da vida burguesa contemporânea.» [James Wood, The New Yorker]


A Minha Luta: 2 — Um Homem Apaixonado (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de Karl Ove Knausgård estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/karl-ove-knausgard/


Sobre Kairos, de Jenny Erpenbeck

 «O Booker International, o melhor romance recente que li. Chama-se Kairos, de Jenny Erpenbeck, que é uma escritora alemã.

É um romance que faz uma coisa que muitos romances fazem, que é juntar um acontecimento histórico e um acontecimento individual, ou privado — neste caso, uma história de amor entre um intelectual e uma estudante e os sinais que levam à dissolução da RDA.

O mais interessante é que o acontecimento mais importante aqui é a história de amor e não a dissolução da RDA, mas tudo o que acontece numa das vertentes tem a ver com a outra: a substituição do novo pelo velho, a nostalgia, o perigo, as esperanças goradas.

E ela conta isto de uma maneira absolutamente magistral. É um grandíssimo romance.» [Pedro Mexia, Programa Cujo Nome Estamos legalmente Impedidos de Dizer, SIC Notícias, 11/1/2025: https://sicnoticias.pt/programas/programa-cujo-nome-estamos-legalmente-impedidos-de-dizer/2025-01-10-video-ministro-dos-eua--etc-ministro-dos-dois-presidenciais-e-ministro-da-farpa-c8a5587e]


Kairos (tradução de António Sousa Ribeiro) e Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai (tradução de Ana Falcão Bastos) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/jenny-erpenbeck/

13.1.25

Sobre Os Hereges de Duna, de Frank Herbert

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Os Hereges de Duna, de Frank Herbert (Tradução de Ana Falcão Bastos)


No quinto volume da saga Duna, Leto Atreides, Imperador Deus de Duna, está morto. Nos mil e quinhentos anos desde a sua morte, o Império desmoronou-se. Com a grande Dispersão, milhões abandonaram a civilização decadente e espalharam-se para lá dos confins do espaço conhecido. O planeta Arrakis — agora Rakis — reverteu ao seu clima desértico, e os seus grandes vermes de areia estão a morrer.

Os Perdidos regressam a casa em busca de poder. Enquanto estas fações disputam o controlo sobre o que resta do Império, a jovem Sheeana ganha notoriedade nas terras desoladas de Rakis, espalhando fervor religioso pela galáxia. Ela possui as habilidades dos Fremen que cavalgam os vermes de areia, cumprindo uma profecia anunciada pelo falecido Imperador Deus.

Através de intrigas políticas e religiosas, Os Hereges de Duna explora temas de poder, fé e identidade numa galáxia fragmentada, onde antigas e novas personagens procuram redefinir o futuro da humanidade.


«Não conheço nada que se lhe compare, além de O Senhor dos Anéis.» [Arthur C. Clarke, autor de 2001, Odisseia no Espaço, sobre a saga Duna]


Os Hereges de Duna (Tradução de Ana Falcão Bastos) e outras obras de Frank Herbert estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

Sobre Kairos, de Jenny Erpenbeck

 «"Vais estar no meu enterro? Ela baixa os olhos para a chávena de café que tem à frente e não diz nada. Vais estar no meu enterro, pergunta ele outra vez. Ela diz, mas tu ainda estás bem vivo. Mas ele pergunta pela terceira vez: vais estar no meu enterro? Vou, diz ela, é claro que vou estar no teu enterro." Assim começa este romance, da premiada autora alemã que é também encenadora, que foi o vencedor do International Booker Prize de 2024.» [Isabel Coutinho, Leituras, Público, 10/1/2025]


Kairos (tradução de António Sousa Ribeiro) e Eu Vou, Tu Vais, Ele Vai (tradução de Ana Falcão Bastos) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/jenny-erpenbeck/

Sobre O Mayor de Casterbridge, de Thomas Hardy

 «Não fui sempre aquilo que sou hoje.»


Numa fúria de bêbado, Michael Henchard vende a mulher e a filha recém-nascida por cinco guinéus numa feira. Ao longo dos anos que se seguiram, consegue estabelecer-se como um pilar próspero e respeitado da comunidade de Casterbridge. Mas por trás do seu sucesso e aparência esconde-se o hediondo segredo passado e uma personalidade dada ao orgulho e de temperamento autodestrutivo. Com o subtítulo «História de Um Homem de Caráter», a poderosa narrativa de Thomas Hardy do heroico mas perverso Henchard é uma obra de um intenso dramatismo.


«O maior escritor trágico entre todos os romancistas ingleses.» [Virginia Woolf]


O Mayor de Casterbridge (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Thomas Hardy estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/thomas-hardy/

12.1.25

Sobre Livro do Desassossego

 O Livro do Desassossego encontra-se disperso por uma vasta rede de escritos. Esta edição resulta de uma rigorosa investigação de Teresa Sobral Cunha.


«Embora não seja incomum que um mesmo documento se disperse por suportes diferentes, com tintas de várias cores, ou que a continuação de um fragmento manuscrito se faça em folha dactilografada — a preto, a roxo, a vermelho ou a vários tons de azul —, incorporam-se outros trechos e fragmentos que pertencem (ou aparentam pertencer) a esta grande nebulosa documental. Sendo vários os factores determinantes das atribuições, preponderaram os conteúdos dos documentos, a informação dos suportes e os gestos gráficos da escrita.» [Da Introdução de Teresa Sobral Cunha]


Esta e outras obras de Fernando Pessoa estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fernando-pessoa/

10.1.25

Sobre Livro da Doença, de Djaimilia Pereira de Almeida

«Nesta obra em fuga de si mesma, Djaimilia parece buscar o que subsiste de “uma coisa que esteve para ser e não foi”. Essa coisa tanto pode ser a ideia de um livro assumidamente sem fim (resposta a um outro, inexistente) como a própria matéria da vida, com todas as suas perdas e vacilações. Mesmo quando se suspende e vagueia, mesmo quando hesita e recua e volta a avançar, o “Livro da Doença” não esconde a sua aspiração: a de ser um livro total, um livro que pretende abarcar tudo (“Quanto mais o livro cresce, menor o mundo para lá dele”).

Aspiração impossível, claro, porque ao expandir-se se vai tornando um sopro, rarefaz-se, estica tanto os seus limites que logo implode, logo se dissolve. O prodígio é o modo como a linguagem acompanha esse movimento […].» [José Mário Silva, E, Expresso, 10/1/2025: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2025-01-09-livros-em-livro-da-doenca-djaimilia-pereira-de-almeida-faz-do-luto-literatura-19b02245]


Livro da Doença e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sobre A Sociedade da Transparência, de Byung-Chul Han

 O tema da transparência é hoje dominante no discurso público. A corrupção e a liberdade estão longe de esgotar um debate que se cristalizou também em torno de episódios como o WikiLeaks e a formação de partidos “piratas”. 

De acordo com Byung-Chul Han, a obsessão com a transparência manifesta-se não quando se procura a confiança, mas precisamente quando esta desapareceu e a sociedade aposta na vigilância e no controlo.

Para o filósofo germano-coreano, as coisas tornam-se transparentes quando se exprimem através dos preços e se despojam da sua singularidade. A sociedade da transparência é o inferno do igual

O Google e as diferentes redes sociais, que se apresentam como espaço de liberdade, tendem a converter-se num grande panótico, a penitenciária imaginada por Bentham no século xviii, onde o vigilante pode observar a partir de um ponto central os prisioneiros isolados sem por eles ser visto. Os atuais habitantes do panótico digital tendem a sujeitar-se voluntariamente à transparência. Segundo Han, neste caso não existe nenhuma verdadeira comunidade, mas acumulações de egos incapazes de uma ação comum consistente. Os consumidores já não constituem um exterior capaz de pôr em causa o interior sistémico.

A vigilância não surge como ataque à liberdade, pois cada qual se lhe entrega voluntariamente, expondo-se ao olhar panótico, vítima e ator ao mesmo tempo. 


«A Sociedade da Transparência» (tradução de Miguel Serras Pereira) e outras obras de Byung-Chul Han estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/byung-chul-han/

9.1.25

Djaimilia Pereira de Almeida recebe Prémio Vergílio Ferreira


A escritora Djaimilia Pereira de Almeida venceu o Prémio Vergílio Ferreira 2025, instituído pela Universidade de Évora.

O prémio foi atribuído à autora «pelo papel decisivo que tem desempenhado na revitalização da narrativa portuguesa contemporânea, construindo enredos e compondo personagens que problematizam questões de identidade, deslocamento e colonialismo, distanciando-se de e dialogando, num registo singular, com a tradição literária portuguesa», afirma o júri.

O Prémio Vergílio Ferreira, que no passado distinguiu, entre outros, Eduardo Lourenço, Maria Velho da Costa, Hélia Correia ou José Gil, tem o objectivo de destacar o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa, relevante no âmbito da narrativa ou de ensaio.

A entrega do prémio ocorrerá a 1 de Março, data em que se assinala o aniversário da morte do escritor Vergílio Ferreira.


Djaimilia Pereira de Almeida (Luanda, 1982), que tem publicado quase toda a sua obra na Relógio D’Água, é autora de catorze livros, entre os quais os romances Esse Cabelo (2020), Luanda, Lisboa, Paraíso (2018), As Telefones (2020), Maremoto (2021) e A Visão das Plantas (2019) — incluídos, com Bruma, em Três Histórias de Esquecimento (2021) —, Ferry (2022) e Toda a Ferida É Uma Beleza (2023), vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB. É ainda autora do livro de ensaios Pintado com o Pé (2019).

Os seus livros e ensaios receberam o Prémio Oceanos, o prémio Ensaísmo Serrote, o Prémio Literário Fundação Inês de Castro, o Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz, o Prémio Primeiras Teses e o Prémio Novos. A sua obra foi publicada na Common Knowledge, Folha de S.Paulo, Expresso, Ler, la Reppublica, Neue Zürcher Zeitung, Granta, ZUM, entre outras publicações, e está traduzida em dez línguas. Em 2023, Djaimilia recebeu o Prémio FLUL Alumni, atribuído pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou, em reconhecimento do seu percurso literário. Ensinou na New York University.

Escreve na Quatro Cinco Um e no Observador.

Livro da Doença, o seu romance mais recente, saiu no final de 2024.

A autora tem a sua obra publicada em países como os EUA, Suíça, Argentina, Dinamarca, China ou Eslováquia. Em França, o Le Monde destacou recentemente as suas Trois histoires d’oubli (Três Histórias de Esquecimento).


Livro da Doença e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sobre Contos Completos, de Katherine Mansfield

 Ler os contos de Katherine Mansfield é caminhar entre crianças que recusam a asfixia da educação tradicional, adolescentes de sonhos impossíveis, soldados de fardas ridículas, mulheres que esboçam gestos de revolta e velhos nos confins do tempo. É sobre estes seres sem outra história além da vida que Katherine Mansfield escreve, revelando o drama oculto na aparência dos gestos usuais. E todo o seu condão está nessa capacidade de iluminar recantos obscuros, com ironia, emoção e imprevisibilidade.

Nascida em 1888, amiga de Virginia Woolf e D. H. Lawrence, e leitora atenta de Tchékhov, que morreu quando ela começava a escrever, Katherine Mansfield participou na renovação da arte do conto, ajudando-o a libertar-se da moral vitoriana e dissolvendo o clássico enredo em sensações e recordações em subtil relação com a realidade exterior.


Contos Completos, de Katherine Mansfield (tradução de Frederico Pedreira, Manuel Resende, Graça Vilhena, Francisco Vale e Ana Maria Almeida Martins), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/autor/katherine-mansfield/

Sobre A Arte como Linguagem, de José Gil

 José Gil transformou a sua «última lição», dada no anfiteatro da Universidade Nova em 10 de Março de 2010, no «prolongamento» de um dos seus seminários, dele fazendo um começo.


«O problema que quero levantar é o da formação da linguagem artística, é um problema que interessa a muita gente, que interessa à comunidade artística em geral. Importa à estética, ao pensamento da arte também, e até aos críticos de arte se por arte se entende qualquer movimento artístico, por exemplo, a arte contemporânea. Se há uma linguagem na arte contemporânea ou não, ou se há várias, é um problema pertinente.

Começarei por dizer que existe uma ideia, para os que reflectiram sobre a expressão “linguagem artística”, uma ideia que é praticamente estabelecida e aceite, que “linguagem artística” é uma metáfora de “linguagem verbal”. É uma expressão metafórica, sobretudo porque não há possibilidade de construir a dupla articulação da linguagem. Não há possibilidade de fazer da linguagem artística uma metalinguagem, uma linguagem que fale de si própria e que fale das outras linguagens, só há uma metalinguagem, que é a linguagem verbal, que fala de todas.»


A Arte como Linguagem e outras obras de José Gil estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gil/

7.1.25

Sobre Contos, Parábolas, Fragmentos, de Franz Kafka

 Este livro reúne todos os textos narrativos breves de Kafka. Isso abrange “não apenas a totalidade da prosa narrativa curta publicada em vida de Kafka, mas também uma selecção das publicações póstumas mais ampla do que a incluída em edições ou traduções correntes. […] O critério de selecção visou incluir, tanto quanto possível, todos os textos cuja forma ou cujo estado de desenvolvimento permite conferir-lhes um certo grau de autonomia, deixando de lado tão-somente tentativas de carácter embrionário ou interrompidas antes de uma suficiente definição da intenção textual. A selecção incidiu apenas sobre textos de carácter narrativo, não contemplando os fragmentos de natureza ensaística ou aforismática.” [Da nota prévia de António Sousa Ribeiro]


Contos, Parábolas, Fragmentos (tradução de António Sousa Ribeiro) e outras obras de Franz Kafka estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/

Sobre Um Balé de Leprosos, de Leonard Cohen

 Este livro reúne um romance e contos inéditos de Leonard Cohen. O compositor canadiano de sucessos como “Hallelujah”, “Suzanne” e “Famous Blue Raincoat” aventurou-se pela primeira vez na escrita aos vinte e poucos anos, e é neste livro que os leitores descobrirão que a magia que animou o seu trabalho estava presente desde o início.

Escritos entre 1956 e 1961, estes textos oferecem revelações sobre a imaginação e o processo criativo de Cohen, e neles o autor explora temas que estariam presentes no seu trabalho posterior, da vergonha e indignidade ao desejo sexual em todas as suas dimensões sagradas e profanas, passando pelo amor, a família, a liberdade ou a transcendência.

Um Balé de Leprosos — nas suas palavras, um romance “provavelmente melhor” do que o celebrado O Jogo Preferido — analisa esses elementos, abordando relacionamentos tóxicos e os extremos que as pessoas atingem para os manter. Os quinze contos sondam os demónios interiores das suas personagens.


“A escrita de Cohen captura toda a beleza e poeticidade que aprendemos a amar na sua música, assim como uma juventude ingénua, um senso de brincadeira e uma crueldade inusitada. É muito interessante ver onde tudo isso começou.” [Ottessa Moshfegh]


“Este livro oferece vislumbres incipientes da visão artística inimitável de Cohen: íntima e distante, tremendo de fraqueza mesmo quando anseia pela sabedoria.” [The New York Times]


“Uma coleção fascinante de ficção inicial que antecipa os temas e preocupações que Cohen mais tarde exploraria ao longo de décadas... Uma investigação curiosa e compulsiva dos limites da honestidade e da crueldade.” [The Guardian]


«Um Balé de Leprosos — Romance e Contos», edição e posfácio de Alexandra Pleshoyano (tradução de Frederico Pedreira), e outras obras de Leonard Cohen estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/leonard-cohen/

6.1.25

Sobre Memória da Memória, de Maria Stepánova

 Com a morte da sua tia, a narradora pôde examinar com todo o cuidado o seu apartamento, repleto de fotografias desbotadas, velhos postais, cartas, diários, pilhas de souvenirs, o repositório de um século de vida na Rússia.

Carinhosamente reunidos, com calma e mãos cuidadosas, esses objectos contam-nos a história de como uma vulgar família judia sobreviveu às numerosas perseguições e repressões do último século.

Em diálogo com escritores como Barthes, Sebald, Sontag e Mandelstam, Memória da Memória recorre aos mais diversos géneros, ensaio, ficção, memória, documentos históricos. Maria Stepánova compõe assim um vasto panorama de ideias e personalidades.


Memória da Memória — Romança (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra) e Prestidigitação (tradução de António Pescada) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/maria-stepanova/


Estreia de Pequenas Coisas como Estas

 Adaptação cinematográfica de Pequenas Coisas como Estas, de Claire Keegan, estreia-se dia 9 de Janeiro


O filme de Tim Mielants que adapta “Pequenas Coisas como Estas”, livro de Claire Keegan, estrear-se-á nas salas de cinema portuguesas a 9 de Janeiro de 2025.

O elenco conta com Cillian Murphy, Ciarán Hinds e Emily Watson, entre outros actores.


Estamos em 1985, numa pequena cidade irlandesa. A autora narra-nos a vida de Bill Furlong, um comerciante de carvão e pai de família.

Uma manhã, ainda muito cedo, quando vai entregar uma encomenda no convento local, Bill faz uma descoberta que o leva a confrontar-se com o passado e os complicados silêncios de uma povoação controlada pela Igreja.


Pequenas Coisas como Estas (trad. Inês Dias) e outras obras de Claire Keegan estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/claire-keegan/

Sobre O Arependimento de Prometeu, de Peter Sloterdijk

 Este é o emocionante discurso proferido por Peter Sloterdijk em Lucerna em outubro de 2022.

Desde tempos imemoriais, a humanidade teve de organizar o seu «metabolismo com a natureza». Para Marx, o fator mais importante nesse processo foi o trabalho. Quando Prometeu, segundo o mito, trouxe o fogo à terra, outro dado crucial foi acrescentado. O fogo tem sido usado para cozinhar alimentos e endurecer ferramentas há centenas de milhares de anos. Nesse sentido, pode dizer-se que toda a história implica a história das aplicações do fogo.

Enquanto as árvores só podiam ser queimadas uma vez, o trabalho e o fogo mudaram com a descoberta de depósitos subterrâneos de carvão e petróleo. A humanidade moderna, segundo Peter Sloterdijk, pode ser considerada um coletivo de incendiários que atearam fogo às florestas e pântanos subterrâneos. Se Prometeu voltasse à terra hoje, poderia arrepender-se do seu presente. Afinal, o que se aproxima é precisamente a ekpyrosis — o fim do mundo em chamas — e só um novo e enérgico pacifismo pode evitar esta catástrofe.


O Arrependimento de Prometeu (tradução do alemão de Ana Falcão Bastos) e outras obras de Peter Sloterdijk estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/peter-sloterdijk/

5.1.25

Sobre Jogos de Azar, de José Cardoso Pires

 Jogos de Azar reúne nove contos de José Cardoso Pires.

«Dom Quixote, as Velhas Viúvas e a Rapariga dos Fósforos» foi adaptado ao cinema por Luís Galvão Teles, em 1978, com o título A Rapariga dos Fósforos.

«Uma Simples Flor nos Teus Cabelos Claros» foi filmado por Álvaro Belo Marques, em 1974.

De «Ritual dos Pequenos Vampiros», Eduardo Geada realizou um filme em 1984.


«Jogos de Azar dão-nos três ou quatro das mais bem escritas short-stories do nosso pós-guerra […].» [Fernando Assis Pacheco]


«A lógica de jogo é perfeita como metáfora da escrita, na medida em que o ofício, a capacidade de se usar da melhor maneira as mãos, nem sempre explica a forma como se moldou o barro. Um escritor competente conseguirá produzir uma figura de barro. Aprendeu no que leu, aprendeu no que errou. Aí está a figura. Mas um escritor verdadeiramente grande consegue insuflar nessa figura mais do que o barro de que ela é feita. Substitui-se um pouco a Deus como entidade criadora.» [Do Prefácio de Afonso Reis Cabral]


Jogos de Azar e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

4.1.25

Sobre Contos de Grimm

 Esta edição inclui os contos O Que Partiu à Procura do Medo, O Lobo e as Sete Cabrinhas, O Fiel João, Raponços, As Três Fiandeiras, Hansel e Gretel, O Pequeno Alfaiate, A Gata Borralheira, A Menina e os Sete Corvos, Os Músicos da Cidade de Bremen, Os Três Cabelos de Ouro do Diabo, Os Pequenos Génios Benfazejos, O Senhor Compadre, Os Seis Cisnes, A Bela Adormecida, A Branca de Neve, O Bate-Sorna, Rolando o Noivo Esquecido, O Pássaro de Ouro, Os Dois Irmãos, As Três Penas, A Guardadora de Patos, Os Três Irmãos, As Estrelas de Prata, Os Diferentes Filhos de Eva, O Conto do Fuso, da Lançadeira e da Agulha.


Contos de Grimm (trad. Ana de Castro Osório) está disponível em https://relogiodagua.pt/autor/grimm/

3.1.25

Sobre Antígona, de Sófocles

 “Na verdade, com a representação do confronto entre Antígona e Creonte, a peça ia ao encontro das preocupações de uma democracia em construção e suscitava problemas prementes acerca da relação entre governantes e governados, acerca da relação entre a lei e a justiça e, portanto, acerca dos próprios fundamentos da pólis, isto é, da vida em sociedade.

[…]

No imaginário do Ocidente, Antígona ficou para sempre como narrativa fundadora do despertar para uma certa consciência cívica e para a afirmação do indivíduo insubmisso perante a ameaça do poder autoritário e absoluto. E, no entanto, uma leitura atenta da tragédia mostra que a complexidade do que nela se joga — e quiçá a sua intemporalidade — tem que ver, antes de mais, com o facto de a oposição entre as duas principais figuras dramáticas não ser redutível a um debate de ideias, não ser tão-pouco redutível à esfera da ética ou da política. A marca trágica desse confronto insuperável tem raízes no ethos das personagens, isto é, no seu carácter, e numa demónica radicalização das suas vontades. É desta situação particular, na qual qualquer coisa de essencial acerca do humano se manifesta, que resulta a universalidade do drama sofocliano.” [Da Introdução de Marta Várzeas]


Antígona, de Sófocles, com tradução e introdução de Marta Várzeas, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/antigona/

2.1.25

Sobre Prestidigitação, de Maria Stepánova (tradução do russo de António Pescada)

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Prestidigitação, de Maria Stepánova (tradução do russo de António Pescada)


Como escrever quando as palavras se desintegram na boca? O que fazer quando o nosso próprio país só representa morte e destruição?

A história decorre no Verão de 2023. A guerra da Rússia contra a Ucrânia decorre.

A escritora M., em exílio na Europa há meses, parte para o país vizinho, convidada para realizar leituras num festival. A viagem é repleta de contratempos: o comboio de ligação previsto não existe e o carregador do telemóvel perde-se. Na estação fronteiriça em F. não há ninguém à sua espera, e M. não consegue contactar os organizadores.

A situação enche-a de alívio. M. deambula pela cidade, onde encontra várias promessas de liberdade: um escape room, um circo itinerante e a tão esperada oportunidade de abandonar a sua identidade e desaparecer. Mas será isso possível?


Maria Stepánova nasceu em Junho de 1972 em Moscovo.

É poeta e romancista, tendo dirigido a revista online Openspace.ru, especializada em arte e cultura.

Em 2005, recebeu o prestigiado prémio de poesia Andrei Bely.

Memória da Memória obteve, em 2017, o prémio Big Book e, em 2021, integrou a shortlist do International Booker Prize.

A sua obra está traduzida em mais de uma dezena de línguas, incluindo inglês, francês, alemão, castelhano, italiano, hebraico e finlandês.

O The Guardian previu que ela seria o «próximo grande escritor da Rússia».


Prestidigitação (trad. António Pescada) e Memória da Memória (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/maria-stepanova/


1.1.25

Sete títulos da Relógio D’Água entre os 49 livros que os jornalistas do Observador mais gostaram de ler em 2024


Entre os livros de 2024 eleitos pelo Observador, contam-se sete títulos editados pela Relógio D’Água.

Intermezzo, de Sally Rooney, e Canção do Profeta, de Paul Lynch (traduções de Marta Mendonça), foram sugeridos por Andreia Costa.

António Moura dos Santos escolheu O Lago da Criação, de Rachel Kushner (tradução de Manuel Alberto Vieira).

Guilherme P. Henriques destaca Os Nossos Desconhecidos, de Lydia Davis (tradução de Inês Dias), e Sonata para Surdos, de Frederico Pedreira.

João Pedro Vala seleccionou Contos, Parábolas, Fragmentos, de Franz Kafka (tradução de António Sousa Ribeiro), e Maria Brás Ferreira escolheu Da Luz à Lucidez: Paulo Nozolino, de Rui Nunes e Paulo Nozolino.

Mais informação em https://observador.pt/especiais/a-procura-de-respostas-nas-perguntas-escritas-por-outros-estes-sao-os-49-livros-que-mais-gostamos-de-ler-em-2024/


Os livros da Relógio D’Água estão disponíveis nas livrarias e em https://www.relogiodagua.pt