«IL: — No final de “Lealdade”, escreve: “Este é um livro sobre ser-se um bom amigo.” Quando teve a consciência de que era esse o assunto?
HH: — É engraçado o que acabou de dizer, porque não me considero um bom amigo. Não penso que o livro seja sobre ter sido um bom amigo.
IL: — Mas a frase é sua…
HH: — Sim. Acho que o livro tem muito a ver com ser jovem e não ter de pensar nas consequências. Mas, à medida que as pessoas o lêem, espero que pelo menos as leve a pensar no que significa ser um bom amigo ou estimarmo-nos uns aos outros. Mas não acredito que eu tivesse sido um bom amigo e chego a essa conclusão pela forma como agora olho para trás e para o que gostaria de ter sido. Sou pai, olho para o meu filho, penso em como era ser jovem, e penso que é impossível ser-se tão consciencioso quando se é jovem, porque não é preciso sê-lo. Se este livro me levou a algumas descobertas, ou se há algumas ideias maiores a considerar, foi que não compreendi verdadeiramente o que tinha acontecido ou o que estava em causa até escrever estas páginas. Não me propus provar nada ou chegar a uma conclusão. Estava apenas a escrever para perceber coisas a que tinha ficado agarrado durante muito tempo e que nunca havia conseguido dizer com sucesso. Isso só aconteceu no processo de escrita, especialmente nas últimas dez páginas ou no que se tornaram as últimas dez páginas do livro. Foi no momento da escrita que me apercebi do que andava a tentar dizer todo este tempo. Mas não entrei no livro sabendo que era nisso que ele iria acabar.» [Ípsilon, 19/1/2024: https://www.publico.pt/2024/01/19/culturaipsilon/entrevista/nao-queria-heroi-livro-lealdade-hua-hsu-venceu-pulitzer-2076991]
Lealdade, de Hua Hsu (tradução de Nuno Batalha), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/lealdade-pre-venda/



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