20.6.22

Sobre Demasiada Felicidade, de Alice Munro

 



Na primeira história, uma jovem mãe é libertada, por um volte-face surpreendente, do sofrimento de ter perdido os seus três filhos. Noutra história, uma rapariga reage a um caso humilhante de sedução com uma solução astuta ainda que pouco louvável. Outros contos revelam as zonas de sombra de um casamento, a crueldade insuspeita das crianças ou a maneira como a cara desfigurada de um rapaz é o motor de tudo o que há de bom e de mau na sua vida. E na longa história que dá título ao livro, acompanhamos Sophia Kovalevsky — emigrante russa e matemática de finais do século XIX — numa viagem que empreende no Inverno através da Europa, até chegar à Suécia onde encontra finalmente uma universidade disposta a contratar uma mulher para leccionar Matemática.

Alice Munro transforma uma vez mais acontecimentos e emoções complexos em histórias que iluminam a maneira imprevisível como os homens e as mulheres acomodam e muitas vezes transcendem o que acontece nas suas vidas. 


«Na sua mais recente recolha de contos, Demasiada Felicidade – um título que é a um tempo de uma ironia cortante e de uma sinceridade apaixonada – Munro explora temas, ambientes e situações já familiares na sua obra, agora vistas numa surpreendente perspectiva temporal. O uso que faz da linguagem poucas mudanças conheceu ao longo das décadas e a sua concepção do conto permanece inalterada. Munro é herdeira do realismo lírico de Tchékhov e Joyce, demonstra pouco interesse pela ficção tensa e despojada dos diálogos de Hemingway e a ostentação literária de Nabokov é-lhe inteiramente estranha – como de resto qualquer espécie de “experimentalismo”.» [Joyce Carol Oates, The New York Review of Books]


Demasiada Felicidade (trad. José Miguel Silva) e outras obras de Alice Munro estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/alice-munro/

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