«Entre 1862 e 1863, Fiódor Dostoievski fez várias viagens pela Europa. Tinha 40 anos e nunca saíra da Rússia. A expetativa era tal que não se conseguiu decidir por alguns lugares em particular; queria ir a todo o lado. Assim, em apenas dois meses e meio, esteve em Berlim, Dresden, Wiesbaden, Baden-Baden, Colónia, Paris, Londres, Lucerna, Genebra, Génova, Florença, Milão, Veneza e Viena, entre outras cidades, nalgumas inclusivamente duas vezes.
Por insistência dos amigos, Dostoievski descreve as suas impressões destes lugares, misturando ensaio e ficção, num registo incisivo e acutilante, como se pode depreender do excerto que se segue: “[Em Berlim] Nem das tílias gostei, e, para as manterem, os berlinenses sacrificam tudo o que lhes é mais caro, incluindo talvez até a sua Constituição; e o que é mais caro para um berlinense do que a sua Constituição? E ainda por cima os próprios berlinenses, todos até ao último, pareciam tão alemães, que eu, apesar dos frescos de Kaulbach (oh, horror!), esgueirei-me rapidamente para Dresden, alimentando na alma a profunda convicção de que é preciso habituarmo-nos de modo especial aos alemães e que, sem a habituação, é muitíssimo difícil suportá-los em grandes massas.”» [Sugestão de leitura da livraria Palavra de Viajante, Jornal Económico, 14/3/2020. Texto completo em https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/notas-de-inverno-sobre-impressoes-de-verao-558564 ]
Esta e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/
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