30.12.19

Sobre «A Visão das Plantas», de Djaimilia Pereira de Almeida





«O capitão Celestino, protagonista deste livro, vem de uma obra-prima quase centenária, Os Pescadores (1923), de Raul Brandão, onde é descrito como um homem que começou pirata e acabou santo, metido consigo, cultivando o quintal, de consciência tranquila. Djaimilia Pereira de Almeida retoma essa personagem e pergunta quão tranquila pode ser a consciência de alguém com um passado tão feroz como aquele a que alude Brandão: “De uma vez, com sacos de cal despejados no porão sufocara uma revolta de pretos, que ia buscar à costa de África para vender no Brasil.” Este facto bruto não dá azo a um discurso zangado, antes a uma meditação que investiga o caminho de Celestino para a santidade e a sua fama de diabo feito homem, da qual ele fez jogo para espantar forasteiros e entreter a miudagem.» [Pedro Mexia, E, 28/12/2019]

De Djaimilia Pereira de Almeida, a Relógio D’Água editou também Pintado com o Pé.


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