19.12.19

Sobre Nova Iorque




«Falar de literatura e viagens e esquecer Nova Iorque seria uma contradição nos termos. Uma pessoa lê Breakfast at Tiffany’s de Truman Capote, ou O Grande Gatsby de Scott Fitzgerald, e vê-se obrigada a conhecer a cidade. Os mais novos, para quem Capote ou Fitzgerald possam ser referências remotas, podem optar por outros marcos geracionais, como o glittering As Mil Luzes de Nova Iorque de Jay McInerney, apogeu do Brat Pack literário, ou, em registo étnico, Open City de Teju Cole. A lista nunca termina, mas os livros de Mary McCarthy, John Cheever e Dorothy Parker estão entre os que fizeram de Nova Iorque a cidade prometida para sucessivas gerações de leitores. Quem, gostando de literatura, fica indiferente à memória da Round Table, com quartel-general instalado no bar do Algonquin Hotel? Fundada por Dorothy Parker e Alexander Woollcott, foi na Round Table (o mais influente círculo de críticos de Nova Iorque entre 1919 e 1929, a quem os detractores se referiam como the vicious circle…) que nasceu a revista New Yorker. Recuando no tempo, convém não esquecer Walt Whitman, que em 1855 publicou na cidade a primeira edição de Leaves of Grass, cujo primeiro canto, nesse ano ainda sem título, virá mais tarde a ser o emblemático Song of Myself. Whitman trabalhou em vários jornais de Manhattan, escrevendo crítica de ópera, teatro e baseball, crónicas do quotidiano, artigos sobre a questão esclavagista, guias de viagem, etc. Se tudo isto não são argumentos de viagem…» [Eduardo Pitta, Sábado, «As cidades que visitamos por causa dos livros», 28/11/2019]



O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, Contos de Dorothy Parker e Folhas de Erva, de Walt Whitman, estão disponíveis em https://relogiodagua.pt

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