12.9.19

Sobre Um Bailarino na Batalha, de Hélia Correia




«Hélia Correia fez da crise migratória um poema épico
A escritora e cronista da NiT Filipa Martins lê o seu excerto favorito de “Um Bailarino na Batalha”.

No início, já estamos em movimento.  ‘Não se olha para trás, dizem os velhos. Não se olha nunca, nunca, para trás. É isso que distingue a guerra de outras maneiras de morrer’. O aviso surge nas primeiras páginas de ‘Um Bailarino na Batalha’ (Relógio D’Água, 2018), Grande Prémio de Romance e Novela 2019 da Associação Portuguesa de Escritores.  O novo romance de Hélia Correia é editado nove anos após ‘Adoecer’ (Relógio D’Água, 2010) e narra, em prosa poética, a travessia do deserto na direção do mar de um grupo de caminhantes que quer fugir da tragédia da guerra rumo à Europa. A atualidade do tema é evidente. […]
Estes são os factos, mas Hélia Correia em ‘Um Bailarino na Batalha’ vai para lá dos factos. O que nos serve é uma atualidade mitificada num corpo coletivo que avança, ora desgarrado ora compacto, sem referências temporais ou espaciais que imortalizam a obra. A crítica chamou-lhe poema épico, bíblico e homérico e, à nossa frente, são desvelados solos de personagens (com primazia para as femininas) que ganham forma na fronteira do grupo para – na página seguinte – ser a personagem coletiva que avança. O livro é uma coreografia complexa de movimentos perpétuos à medida que a esperança na chegada à terra prometida esmorece e os contornos do local de origem se apagam.   

Na leitura, encontramos respostas para as mais complexas perguntas. Como motivar alguém que está condenado a fazer do caminho um lugar? Como o levar a continuar? Convencê-lo de que há um destino, tornando as origens um quadro abstrato de desenraizamento?» [9/9/2019. Texto completo e vídeo aqui.] 

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