11.3.19

Sobre Deborah Levy




Deborah Levy entrevistada por Isabel Lucas, a propósito de «Coisas Que não Quero Saber»: «Escrevo sobre tudo o que é insano, triste, mau e belo»

«Romancista, dramaturga, poeta, ensaísta, duas vezes finalista do Booker Prize, em 2013 com Swimming Home e em 2016  com Hot Milk, Deborah Levy aceitou o desafio de uma pequena editora, a Notting Hill Editions, dirigido a vários autores, escrever um ensaio literário como resposta a um ensaio famosos de outro autor. Calhou-lhe Orwell. O resultado é um texto brilhante, cheio de pistas literárias, profuso em notas de reflexão, escrito de forma clara, a escapar à argumentação óbvia, capaz de gerar uma reflexão profunda sobre a identidade, a relação entre presente e passado, ao mesmo tempo que permite a leitura escorreita. Cada leitor pode demorar-se o tempo que quiser nas menos de cem páginas do livro e olhar Levy como quem olha através da tal vidraça sugerida por Orwell.
“É escritora, não é?”, perguntava-lhe então o homem. E a pergunta surge quando Levy anda às voltas com a ideia de hesitação. Identitária também, mas sobretudo enquanto estratégia de escrita. Para falar disso, dá o exemplo de uma actriz que, como um escritor, tem de se fazer ouvir. “Fazer-se ouvir não é falar mais alto, mas sentir-se no direito de expressar um desejo. Hesitamos sempre que desejamos uma coisa. No meu teatro, gosto de mostrar a hesitação e não de ocultá-la. Uma hesitação não é o mesmo que uma pausa. É uma tentativa de anular o desejo.” Pode-se simplesmente murmurar e ser-se ouvido.» [Isabel Lucas, Público, ípsilon, 8/3/2019]

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