6.4.17

Sobre Crónica de um Vendedor de Sangue, de Yu Hua




«Num mundo de pobres, trabalhadores agrários e operários, o acto de vender do próprio sangue pode ser a diferença entre passar fome ou viver desafogadamente. Quando o dinheiro adquirido através do suor de cada dia não chega para os mais básicos gastos, resta vender um pouco da própria vida para que aqueles que de nós dependem sejam capazes de sobreviver dignamente.
É neste contexto que vive Xu Sanguan, o protagonista de Crónica de um Vendedor de Sangue, de Yu Hua, título inaugural da série de livros agora criada pela Relógio d’Água, onde, além deste, serão publicados clássicos contemporâneos da literatura chinesa, todos traduzidos a partir da língua original, facto mais que louvável, dada a ausência, não apenas de traduções do original, como mesmo de literatura chinesa, no panorama editorial português.
(…)
Também da simplicidade do personagem principal nos chega o tipo de escrita de Yu Hua ao longo da obra. Simples e directa, mas, ao mesmo tempo, recheada de metáforas, parece ter um ritmo muito próprio que é difícil dizer se é unicamente obra do autor, ou também fruto da língua em que está escrita, a chinesa. Mas não é só na escrita que este livro é indissociável da China, e da sua cultura, ainda que a sua história concreta pudesse ser adaptada a muitos outros contextos. Apesar de tudo, foi inserida neste e, não sendo esse o foco da obra, o mesmo tem de ser tido em conta.» [Miguel Fernandes Duarte, Comunidade Cultura e Arte, 31/3/2017]

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