«— E com Virginia Woolf,
como aconteceu [a tradução]?
— Foi, em certa
medida, um trabalho alimentar: eu tinha trinta anos e estava naquela altura sem
dinheiro. A oferta de uma tradução pareceu-me uma coisa soberba, embora as
traduções nunca sejam muito bem pagas. Mas tive o prazer de encontrar a autora.
Sendo uma tradutora conscienciosa, pensei: "Vamos lá perguntar-lhe o que é que
ela quer que eu faça, como é que ela quer que eu traduza o seu romance." Era As Ondas, que continua a ser o romance
dela de que eu mais gosto. Mas, na realidade, ela não tinha qualquer opinião
sobre o assunto. Disse-me: "Faça o que você quiser." Não me valeu de muito, mas
ao menos vi-a. Naquela época [1937] já parecia muito ameaçada, muito frágil. [Marguerite
Yourcenar sobre Virginia Woolf, De Olhos Abertos, Relógio D’Água, 2011,
trad. Renata Correia Botelho]
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