Abre amanhã ao público no Museu Serralves a exposição vinda
do Museu Rainha Sofia sobre a vida e obra de Raymond Roussel, em particular
sobre a obra Locus Solus. Luís Miguel Queirós, no ípsilon de 23
de Março, aborda as obras fundamentais de Raymond Roussel, a saber Impressões
de África (1910), Locus Solus (1914), e o poema Novas Impressões
de África (1932).
O jornalista do Público escreve: «A intriga de La Doublure
é talvez um pouco bizarra, mas nada que se compare com a desenfreada
extravagância de Impressões de África (com tradução recente pela Relógio
D’Água), onde se narra a história de um grupo de náufragos brancos capturados
por um régulo africano, que estes entretêm com as mais variadas performances
enquanto esperam ser resgatados. (…)
Ainda assim, Impressões de África, com a sua sucessão
de cenas delirantes, contadas com abundante precisão de detalhes, tem qualquer
coisa de hipnótico, e é provavelmente de mais fácil leitura do que Locus
Solus, que relata a visita de um grupo de pessoas à propriedade do
cientista e inventor Martial Canterel, onde este lhes vai mostrando uma série
de estranhíssimas invenções, entre as quais um diamante cheio de água que
contém uma bailarina, um gato sem pelo e a cabeça de Danton. (…)
O interesse por Roussel reavivou-se recentemente graças à
descoberta, em 1989, de uma grande quantidade de documentos e manuscritos,
incluindo diversos textos inéditos que estavam arrumados há décadas num
armazém. O homem que chegara a profetizar que a sua fama “ensombraria a de
Napoleão e Victor Hugo”, escreve no final da vida: “Refugio-me, à falta de
melhor, na esperança de que os meus livros possam, vir a trazer-me algum
florescimento póstumo.” E desta vez acertou.»
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