23.3.12

Raymond Roussel em Serralves





Abre amanhã ao público no Museu Serralves a exposição vinda do Museu Rainha Sofia sobre a vida e obra de Raymond Roussel, em particular sobre a obra Locus Solus. Luís Miguel Queirós, no ípsilon de 23 de Março, aborda as obras fundamentais de Raymond Roussel, a saber Impressões de África (1910), Locus Solus (1914), e o poema Novas Impressões de África (1932).




O jornalista do Público escreve: «A intriga de La Doublure é talvez um pouco bizarra, mas nada que se compare com a desenfreada extravagância de Impressões de África (com tradução recente pela Relógio D’Água), onde se narra a história de um grupo de náufragos brancos capturados por um régulo africano, que estes entretêm com as mais variadas performances enquanto esperam ser resgatados. (…)

Ainda assim, Impressões de África, com a sua sucessão de cenas delirantes, contadas com abundante precisão de detalhes, tem qualquer coisa de hipnótico, e é provavelmente de mais fácil leitura do que Locus Solus, que relata a visita de um grupo de pessoas à propriedade do cientista e inventor Martial Canterel, onde este lhes vai mostrando uma série de estranhíssimas invenções, entre as quais um diamante cheio de água que contém uma bailarina, um gato sem pelo e a cabeça de Danton. (…)


O interesse por Roussel reavivou-se recentemente graças à descoberta, em 1989, de uma grande quantidade de documentos e manuscritos, incluindo diversos textos inéditos que estavam arrumados há décadas num armazém. O homem que chegara a profetizar que a sua fama “ensombraria a de Napoleão e Victor Hugo”, escreve no final da vida: “Refugio-me, à falta de melhor, na esperança de que os meus livros possam, vir a trazer-me algum florescimento póstumo.” E desta vez acertou.»

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