4.9.09

Livros da Relógio D’Água nos Media em Agosto

No suplemento Ípsilon do Público de 7 de Agosto, Francisco Luís Parreira (FLP) escreve sobre duas obras de Freud, Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade e Para Além do Princípio do Prazer, que considera «textos essenciais do fundador da psicanálise». Num texto que revela conhecimento aprofundado dos temas, FLP situa as duas obras referidas na evolução do pensamento de Freud.

No suplemento Actual do Expresso de 8 de Agosto, António Guerreiro (AG) escreve sobre a obra sua Violência do esloveno Slavoj Žižek e faz referência a uma outra obra também recentemente publicada, O Sujeito Incómodo. AG considera que:
«Žižek é um filósofo comprometido com a factualidade do presente, mas que reivindica a sua inscrição no idealismo alemão – dois pólos que estão bem representados por estes dois livros. O primeiro está do lado do Conceito, com maiúsculas, à medida da convocação hegeliana, e o subtítulo tem peso para nos introduzir a um tratado: “O Centro Ausente da Ontologia Política”. O segundo corresponde ao Žižek mais profano e interventivo.»
No mesmo número do Actual, Rogério Casanova (RC) fala sobre O Leilão do Lote 49 de Thomas Pynchon. RC refere que a tradução agora publicada, e que recupera a de 1987, foi revista com correcção de alguns lapsos, mas que introduzindo outros e sublinha que uma frase do texto original continua «misteriosamente truncada».
RC afirma que «surpreendentemente, para um livro tão imerso na atípica cultura hippie californiana, “Lote 49” envelheceu muito bem», mas acrescenta que «como com qualquer obra-prima que exija e recompense leituras repetidas, a última palavra pertence às próximas gerações».

Na revista Os Meus Livros de Agosto, Mónica Maia escreve sobre Cão em Fuga de Don DeLillo. A crítica afirma que:
«Neste romance de 1978, mas perfeitamente actual, são subtilmente visíveis as questões da guerra do Vietname, os seus efeitos sociais e as intenções políticas.»
No mesmo número de Os Meus Livros, Hélder Beja aborda Violência de Žižek, considerando que:
«O esloveno parece tão intelectual quanto um filósofo oitocentista e às vezes divertido como Jon Stewart numa edição do Daily Show.»
Ainda em Os Meus Livros, nas sugestões para o Verão, é recomendado Bullet Park de John Cheever.

No Actual do Expresso de 22 de Agosto, Ana Cristina Leonardo escreve sobre Hadji-Murat, uma obra póstuma de Lev Tolstói: «Hadji-Murat lê-se como um livro de aventuras. O destino (trágico) do protagonista vai-se desenrolando subtilmente à nossa frente, enriquecido por toda uma plêiade de personagens, pinceladas naquele jeito realista que torna qualquer obra de Tolstói num quadro a transbordar de vida».
No mesmo suplemento do Expresso, Carlos Bessa critica O Coração dos Ponders de Eudora Welty. Considera que ao ler esta novela nos tornamos «íntimos de personagens carismáticas, que acompanhamos nos seus episódios de loucura, enquanto observamos os contrastes sociais do velho sul norte-americano, com o seu quê de racismo e uma peculiar maneira de torcer o pescoço à vida».

No Ípsilon de 28 de Agosto, Pedro Mexia escreve sobre Bullet Park de John Cheever.
«Há no romance momentos de grande brilhantismo de escrita, da métrica das conversas banais à relação entre as Escrituras e as épocas do ano, mas Cheever, mestre da violência subentendida, levou à exasperação o conflito entre a aparência e realidade. E construiu uma denúncia demasiado denunciada. Bullet Park é um fracasso, embora um belo fracasso».

Na revista LER de Agosto é publicada uma entrevista com José Gil, a propósito de Em Busca da Identidade – o desnorte. Na entrevista, conduzida por José Riço Direitinho e com fotografias de Pedro Loureiro, José Gil faz uma análise da evolução da sociedade portuguesa nos últimos cinco anos e designadamente do actual conceito governamental de modernização, dos problemas da nossa identidade e aborda a «humilhação dos professores», a «reactivação do medo», a docilidade e a desobediência e o chico-espertismo de José Sócrates.
No mesmo número da LER, José Mário Silva critica O Leilão do Lote 49 de Thomas Pynchon, considerando-o uma obra-prima que lamentavelmente surge editada com numerosas gralhas.
Nos destaques de leitura, José Riço Direitinho fala de O Coração dos Ponders de Eudora Welty. Considera que:
«A história é contada num estilo coloquial, num discurso terno e irónico de grande poder narrativo, com sucessivas interpelações ao leitor. Welty, que também foi fotógrafa, retrata de maneira brilhante a vida numa pequena cidade sulista.»

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