22.5.09

BALANÇO E PERSPECTIVAS DA FEIRA DO LIVRO


A Feira do Livro de Lisboa correu bem para a RA e a maior parte dos editores.
Milhares de visitantes enfrentaram a chuva de sábado, dia 9, o anoitecer frio do parque, WCs impróprios e restaurantes improvisados, confirmando o misterioso poder de atracção dos livros. Como era previsível, a crise só deverá chegar ao sector no próximo ano.
Os novos pavilhões são mais funcionais para quem neles trabalha e mais agradáveis ao olhar dos visitantes. Mas como têm menos capacidade de exposição que os antigos, os editores tendem a privilegiar os livros mais vendáveis. Para que a Feira possa continuar a ser de fundos editoriais – e só assim tem sentido e evita a concorrência com as livrarias – o preço das inscrições deveria baixar de modo a que os expositores possam levar o número adequado de pavilhões.
A Leya teve mérito involuntário nesta mudança, já que com os seus novos pavilhões forçou a conservadora APEL a sacudir o pó da rotina. No entanto, o espaço Leya é para mim um ghetto onde só entrei para comprar O Homem Sem Qualidades, completar J. L. Borges e adquirir Stieg Larsson. Há nela demasiados livros de títulos dourados e gente fardada a condizer. É certo que a massificação dos autógrafos permite que se encontrem no mesmo espaço o Nobel da literatura português e o seu mais persistente candidato. Mas, por outro lado, é ali que se acotovelam escritores de primeira e de terceira numa amálgama que confunde leitores menos avisados – e há também um painel onde as 19 editoras adquiridas pelo grupo de Paes do Amaral são exibidas como troféus de caça.
Para "lavar" os olhos visitei logo a seguir a zona dos alfarrabistas, onde me foi possível encontrar o Livro II da História de Heródoto, que a Almedina deixou esgotar, e policiais a 2€, entre os quais O Enigma do Sapato Holandês de Ellery Queen, A Fera Tem de Morrer de Nicholas Blake ou O Barbeiro Cego de John Dickson Carr.
É também por achados como estes que vale a pena voltar à Feira.

Francisco Vale

1 comentário: