«Permanecemos num tempo suspenso, numa terra devastada, cheia de explosivos à espera de deflagrar. Sob a “luz-mortalha” de um “sol estilhaçado”, perfila-se uma figura bem definida, o “homem da mochila”, que vai passando “de uma destruição a outra”, testemunhando o caos. De olhos muito abertos, imune ao espanto e à dor, “parado no esquecimento dos outros homens, sem um país para onde voltar”, ele é forçado a inventar-se, confiando na voraz “instabilidade de uma ficção”. Além de pedras, ratos mortos, folhas secas de plátano e libelinhas, guarda no vazio da mochila a possibilidade de uma “invenção contínua”, um fio de eloquência que talvez lhe permita sobreviver aos colapsos, derrocadas e abandonos que reduziram o real a um somatório de vestígios.»
[José Mário Silva, E, Expresso, 22/08/2025: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2025-08-21-livros-a-terra-devastada-de-rui-nunes-f3d98774]
Não é ainda o pânico e outras obras de Rui Nunes editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/rui-nunes/


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