«A Relógio D’Água tem publicado a ficção e a não-ficção dela [de Natalia Ginzburg]. Eu sou particularmente fã da não-ficção: ela tem um livro — enfim, de certa forma é um romance, mas é um romance biográfico — chamado Léxico Familiar, e depois tem um livro chamado As Pequenas Virtudes.
Nunca Me Perguntarás são essencialmente artigos de jornal e ela tem um tom muito particular, muito diferente. Os temas são muito variados: a preguiça, a psicanálise, cinema, as pessoas que não têm jeito para viajar, etc. Mas há dois ou três textos que só poderiam ter sido escritos por ela, porque têm um certo tom sempre de inadequação.
Por exemplo, um dos textos mais interessantes do livro é ela a dizer que um dos leitores de todos os seus manuscritos é o filho, e o filho diz sempre mal de tudo o que ela escreve, e que ela não lhe leva a mal e que percebe melhor a relação com o filho através desse feedback. Há um outro sobre a ideia, muito curiosa, de que a sensação que os crentes e os não crentes têm perante o futuro, o destino, a morte, é muito semelhante — ela explica isso muito bem.
E depois num texto de 1969 ou 70, portanto, em pleno delírio do colectivo e da juventude, ela diz que o que faz falta à nossa época é o pensamento solitário.» [Pedro Mexia, Programa Cujo Nome Estamos legalmente Impedidos de Dizer, SIC Notícias, 31/05/2025: https://sicnoticias.pt/programas/programa-cujo-nome-estamos-legalmente-impedidos-de-dizer/2025-05-31-video-ministro-do-sorpasso-ministro-do-almirantado-e-ministro-da-saude-bce8da60]
Nunca Me Perguntarás (tradução de Ana Cláudia Santos) e outras obras de Natalia Ginzburg disponível em https://www.relogiodagua.pt/autor/natalia-ginzburg/


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