10.4.25

No centenário da publicação de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald



«Era eu muito mais novo e mais vulnerável do que sou hoje quando o meu pai me deu um conselho que desde então nunca mais me saiu da cabeça.

“Sempre que te apetecer criticar alguém”, disse ele, “lembra‑te de que nem toda a gente neste mundo teve as mesmas vantagens que tu.2

E não acrescentou mais nada, mas como sempre tivemos, com toda a nossa reserva, uma invulgar capacidade de comunicar um com o outro, percebi que ele queria dizer muito mais. Ficou‑me, por conseguinte, uma tendência para reservar todos os meus juízos, hábito que me abriu as portas de muitas naturezas singulares e me tornou também vítima de não poucos maçadores profissionais. A mente anómala deteta e agarra com grande presteza esta qualidade, quando ela se manifesta numa pessoa normal, e foi assim que na faculdade me acusaram injustamente de ser um político, por estar a par das secretas angústias de tresloucados que nem sequer conhecia. A maioria das confidências não foi instigada por mim — não poucas vezes fingi sono, alheamento ou uma volubilidade hostil ao vislumbrar, por algum indício inequívoco, as revelações íntimas que se perfilavam no horizonte; porque as revelações íntimas dos jovens, ou pelo menos os termos em que eles as exprimem, são geralmente plagiadas e desfiguradas por evidentes omissões. Reservar os juízos é uma questão de infinita esperança.» [p. 19de O Grande Gatsby, tradução de Ana Luísa Faria]


O Grande Gatsby (trad. de Ana Luísa Faria) e outras obras de F. Scott Fitzgerald estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/f-scott-fitzgerald/

O romance gráfico, ilustrado por Aya Morton e adaptado por Fred Fordham, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/o-grande-gatsby-romance-grafico-pre-venda/

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