Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Não é ainda o pânico, de Rui Nunes
“o canto das cigarras, que ora aumentava ora diminuía, sem nunca desaparecer, envolvia a mulher grávida, a barriga inchada levantara-lhe a saia até aos joelhos, e descera-a atrás até meio da perna, as formigas passeavam hesitantes pelos pés nus, pareciam não saber para onde ir, aproximavam-se dos dedos, ficavam estáticas a estremecer, e voltavam para trás, a mulher arfava, com as mãos pousadas na barriga, uma de cada lado, como se a segurassem: nenhum anjo apareceu a anunciar uma chegada, e a luz que a cegava era a do Sol e não a de um rutilante mensageiro. Ela passava um lábio pelo outro para os humedecer. O canto das cigarras ondeava, as dores que ela sentia ondeavam, o suor na cara ondeava. Tudo.
Uma náusea”
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