«PARÁBOLA DO REI
O grande rei, ao olhar em frente,
não viu o destino, mas apenas
a aurora que cintilava sobre
a ilha desconhecida: enquanto rei,
pensou de forma imperativa —
não mudemos de rumo,
avancemos sem parar
sobre o mar radioso. Afinal,
o que é o destino senão uma estratégia para ignorar
a História, com os seus dilemas
morais, uma forma de encarar
o presente, onde se tomam
decisões, como o elo
necessário entre o passado (imagens do rei
enquanto jovem príncipe) e o glorioso futuro (imagens
de jovens escravas). Fosse o que fosse
à sua espera mais à frente, porque havia de ser
tão ofuscante? Quem teria adivinhado
que não se tratava do Sol habitual
mas de chamas erguendo‑se sobre um mundo
prestes a extinguir‑se?» [Meadowlands, p. 21, trad. Inês Dias]
Meadowlands (trad. Inês Dias) e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/
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