21.3.25

De Meadowlands, de Louise Glück

 «PARÁBOLA DO REI


O grande rei, ao olhar em frente,

não viu o destino, mas apenas

a aurora que cintilava sobre

a ilha desconhecida: enquanto rei,

pensou de forma imperativa —

não mudemos de rumo,

avancemos sem parar

sobre o mar radioso. Afinal,

o que é o destino senão uma estratégia para ignorar

a História, com os seus dilemas

morais, uma forma de encarar

o presente, onde se tomam

decisões, como o elo

necessário entre o passado (imagens do rei

enquanto jovem príncipe) e o glorioso futuro (imagens

de jovens escravas). Fosse o que fosse

à sua espera mais à frente, porque havia de ser

tão ofuscante? Quem teria adivinhado

que não se tratava do Sol habitual

mas de chamas erguendo‑se sobre um mundo

prestes a extinguir‑se?» [Meadowlands, p. 21, trad. Inês Dias]


Meadowlands (trad. Inês Dias) e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

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