«“Desfile”, que tem o aspecto de um livro de contos, põe em causa a própria ideia de ficção. […]
O elemento constante é este: o artista como caso patológico de uma sociedade onde o amor se extinguiu. Os excertos são do texto “O Espião”, o último dos quatro: “Usando o sistema do amor, construímos uma estrutura de posse. Os nossos sentimentos viviam dentro desta estrutura, aí tentando replicar‑se. Procuravam a familiaridade e a sensação da realidade das coisas. […] Alguns destes sentimentos eram aceitáveis o suficiente para os mostrarmos em público; remetíamos os outros para os sótãos e caves. Tínhamos a sensação de que as nossas vidas eram uma história […]. De acordo com esta história, o passado era um lugar de desconhecimento a partir do qual tentávamos incessantemente transportar‑nos para o futuro. […] Tentávamos ser afetuosos, mas quando os passos nos sótãos e caves soavam bem alto, impacientávamo‑nos com o amor. Queríamos avançar, para o futuro.”» [Pedro Mexia, E, Expresso, 22/11/2024: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2024-11-21-livros-rachel-cusk-e-os-impacientes-com-o-amor-4282cd9b]
Desfile (tradução de Alda Rodrigues) e outras obras de Rachel Cusk estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/rachel-cusk/
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