11.10.24

Isabel Lucas e José Mário Silva escrevem sobre Intermezzo, de Sally Rooney


«Os leitores de Sally Rooney podem ficar descansados: este é um romance intocável para quem gosta do método, aqui aperfeiçoado. Mas Intermezzo tem mais ambições.

Sally Rooney (n. 1991) raramente aparece, as poucas entrevistas que dá são a meios estratégicos. Nos quatro romances publicados até agora, criou uma espécie de aura na qual surge como alguém bastante privado cuja preocupação, ou ambição, é fazer ler/vender os seus romances no que poderia ser um teste arriscado: o de provar que não é necessário fazer digressões literárias sempre que há um livro novo. A estratégia tem resultado ou, pelo menos, não impediu que em sete anos fosse um dos nomes mais mediáticos na cena internacional.

O seu segundo romance, Pessoas Normais (Relógio D’Água, 2019 — adaptado a série de televisão em 2020 pela Hulu —, vendeu um milhão de exemplares apenas no Reino Unido. E Intermezzo, o quarto livro, acabado de sair, teve uma recepção mundial em muito comparável às sagas de Harry Potter.  Acresce ainda o facto de atrair não apenas a atenção dos leitores como da chamada crítica séria; uma crítica que se divide apaixonadamente entre fãs do modo como explora relações amorosas ou de amizade, e os (quase) delatores de um estilo que consideram demasiado simplista e sentimental.

“Tendo manter-me longe das reacções ao meu trabalho”, disse recentemente numa entrevista ao New York Times a propósito deste Intermezzo. Acredita que isso poderia desviá-la do seu caminho enquanto autora, prefere que a conversa seja feita entre leitor e livro.» [Isabel Lucas, ípsilon, Público, 11/10/2024: https://www.publico.pt/2024/10/08/culturaipsilon/critica/intermezzo-sally-rooney-comedia-perdicao-humana-2107065?utm_content=leituras&utm_source=e-goi&utm_medium=email&utm_term=Han+Kang,+a+nova+Pr%C3%A9mio+Nobel+da+Literatura+%22pela+sua+intensa+prosa+po%C3%A9tica%22&utm_campaign=59&utm_content=]


«Com os seus três primeiros livros — “Conversas entre Amigos” (2017), “Pessoas Normais” (2018) e “Mundo Belo, Onde Estás” (2021), os dois primeiros adaptados a séries televisivas —, a irlandesa Sally Rooney ascendeu rapidamente a um lugar de destaque entre os novos romancistas que escrevem em inglês. Com um estilo assertivo e envolvente, que prende o leitor aos dilemas existenciais e afetivos das suas personagens, geralmente grupos de amigos ou amantes que se desdobram em geometrias amorosas variáveis, Rooney — uma antiga campeã de debates de ideias na faculdade — articula essas vivências típicas dos jovens urbanos de hoje com discussões teóricas sobre grandes temas de cariz social, artístico ou político, do peso nefasto das estruturas patriarcais às ameaças ecológicas, passando pela crise do capitalismo tardio. Além disso, integra exemplarmente nos seus livros as novas formas tecnológicas de comunicação (mensagens de texto, e-mails, uso intensivo dos telemóveis), fazendo-o de forma orgânica e fluida, sem que pareça forçado. Por tudo isto, muitos veem nela a primeira grande escritora da geração Y, ou millennial.» [José Mário Silva, E, Expresso, 11/10/2024: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2024-10-10-livros-sally-rooney-e-um-fenomeno-de-vendas-mas-o-seu-novo-livro-e-um-xeque-sem-mate-f2fffb70]


Intermezzo (tradução de Marta Mendonça), e outras obras de Sally Rooney estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/sally-rooney/

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