3.9.24

H. G. Cancela em conversa com Hugo Pinto Santos, no ípsilon, sobre Nostos


«A narração de Nostos é feita na primeira pessoa, e tudo levaria a pensar que fosse o narrador o protagonista do romance. Mas é H. G. Cancela o primeiro a contestar esse pressuposto: “O protagonista do livro é provavelmente a mulher. Por paradoxal que possa parecer, dado o contexto narrativo, é a única personagem dotada de poder.[…]”

A mulher é um núcleo de violência, até no s eu repúdio, quer pelo masculino, quer pelo feminino. Talvez por toda a humanidade? H. G. Cancela, em contrapartida, desmonta essa noção e propõe uma leitura alternativa: “Gosto da ideia de que, sendo ela indubitavelmente feminina, está um pouco acima dessa dicotomia.” […]

O título do mais recente de H. G. Cancela, de matriz clássica, remete para o regresso de Ulisses e uma deriva por mar. Em Nostos, contudo, esse retorno dá-se por terra, num conturbado périplo peninsular que conduz à possibilidade de uma origem. “Este livro corresponde ao regresso a um lugar que terá sido eventualmente o lugar de partida, mas em qualquer dos casos é mesmo lugar de chegada. Desse ponto de vista, o regresso é um regresso a um lugar que se desejou, embora se tenha evitado tanto quanto possível” [afirma o autor].» [Hugo Pinto Santos, ípsilon, Público, 30/8/2024: https://www.publico.pt/2024/08/31/culturaipsilon/entrevista/h-g-cancela-linguagem-forma-duvida-2101865]


Nostos e outras obras de H. G. Cancela publicadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/h-g-cancela/

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