6.8.24

De 31 Sonetos, de William Shakespeare

 

«Poderei igualar-te a um dia de Verão?

És mais ameno e brando, e muito mais gentil.

Vacila ao vento rude o rebento em botão

E a vida do Verão, demasiado breve.

Queimando muita vez, o olho do céu brilha,

Muita vez sua face dourada se embacia;

E sempre o que é mais belo da beleza declina

Ao mando do destino ou natural porfia.

Mas não definhará o teu eterno Verão,

Nem a tua beleza há-de deixar de ser,

Nem a Morte dirá que em sua sombra és,

Quando, em eternos versos, no tempo tu cresceres.

      Enquanto alento houver e houver humano olhar,

      Hão‑de viver meus versos, e tu neles viver.» [Soneto 18]


31 Sonetos (trad. Ana Luísa Amaral) e outras obras de William Shakespeare estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/william-shakespeare/

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