O tempo está a sair cada vez mais aceleradamente dos seus gonzos. As regularidades naturais e culturais foram quebradas pela acção humana. No entanto, esta também sabe domar o caos, por exemplo, quando as regras e convenções se tornam demasiado rígidas e já não deixam respirar. É, de resto, o que faz a arte, criando um «bom» caos, fértil para a criação. E, de maneira geral, os nossos movimentos não verbais, imperceptíveis e fugidios tentam sempre escapar à domesticação do tempo. Mas há um outro caos, destrutivo, letal, como o que nos trouxe a pandemia e como o que se anuncia com as alterações climáticas. Vivemos hoje entre a probabilidade do caos mortífero e a possibilidade mínima de resgatarmos a Terra da morte quase certa. Temos de lidar de outro modo com a própria morte. Entre o tempo indomado e o tempo domável, que vamos fazer? Que poderemos fazer? Que queremos fazer?
O Tempo Indomado e outras obras de José Gil estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-gil/
Sem comentários:
Enviar um comentário