22.4.22

Sobre Meadowlands, de Louise Glück (tradução de Inês Dias)

 



Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Meadowlands, de Louise Glück (tradução de Inês Dias)


As vozes dos protagonistas da Odisseia entrelaçam-se com as de um homem e de uma mulher dos dias de hoje, à beira da ruptura.


«ÍTACA


O amado não

precisa de estar vivo. O amado

vive no pensamento. O tear

é para os pretendentes, encordoado

como uma harpa com fio branco de mortalha.


Ele era duas pessoas.

Ele era o corpo e a voz, o simples

magnetismo de um homem vivo, mas também

o sonho ou retrato moldado

aos poucos pela mulher que trabalha no tear,

ali sentada numa sala repleta

de homens sem imaginação.


Tal como lamentas

o enganado mar que tentou

levá-lo para sempre

e levou apenas o primeiro,

o verdadeiro marido, deves

lamentar estes homens: eles não sabem

o que vêem;

não sabem que, quando se ama assim,

a mortalha se transforma num vestido de noiva.» [p. 29]


Meadowlands e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

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