Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Meadowlands, de Louise Glück (tradução de Inês Dias)
As vozes dos protagonistas da Odisseia entrelaçam-se com as de um homem e de uma mulher dos dias de hoje, à beira da ruptura.
«ÍTACA
O amado não
precisa de estar vivo. O amado
vive no pensamento. O tear
é para os pretendentes, encordoado
como uma harpa com fio branco de mortalha.
Ele era duas pessoas.
Ele era o corpo e a voz, o simples
magnetismo de um homem vivo, mas também
o sonho ou retrato moldado
aos poucos pela mulher que trabalha no tear,
ali sentada numa sala repleta
de homens sem imaginação.
Tal como lamentas
o enganado mar que tentou
levá-lo para sempre
e levou apenas o primeiro,
o verdadeiro marido, deves
lamentar estes homens: eles não sabem
o que vêem;
não sabem que, quando se ama assim,
a mortalha se transforma num vestido de noiva.» [p. 29]
Meadowlands e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/
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