11.1.22

Sobre Modernidade e Ambivalência, de Zygmunt Bauman

 



«A ambivalência, possibilidade de conferir a um objecto ou evento mais que uma categoria, é uma desordem específica da linguagem, uma falha da função nomeadora (segregadora) que a linguagem deve desempenhar. O principal sintoma de desordem é o agudo desconforto que sentimos quando somos incapazes de ler adequadamente a situação e optar entre acções alternativas.

É por causa da ansiedade que a acompanha, e da consequente indecisão, que experimentamos a ambivalência como desordem — ou culpamos a língua pela falta de precisão ou culpamo-nos a nós próprios pelo seu emprego incorrecto. E no entanto a ambivalência não é produto da patologia da linguagem ou do discurso. É, antes, um aspecto normal da prática linguística. Decorre de uma das principais funções da linguagem: a de nomear e classificar. O seu volume aumenta dependendo da eficiência com que essa função é desempenhada. A ambivalência é, portanto, o alter ego da linguagem e a sua companheira permanente — de facto, a sua condição normal.» [p. 13]


Modernidade e Ambivalência (trd. Marcus Penchel) e outras obras de Zygmunt Bauman estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/zygmunt-bauman/

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