23.1.22

Sobre Do Amor, de Stendhal

 



«Vemos que a matemática de Stendhal se torna imediatamente complicadíssima: a quantidade de felicidade é por um lado uma grandeza objectiva, proporcional à quantidade de beleza; por outro é uma grandeza subjectiva, na sua projecção à escala hipermétrica da paixão amorosa. Não é em vão que este capítulo XVII, um dos mais importantes do nosso tratado, se intitula “A beleza destronada pelo amor”. Mas então até na beauté passa a linha invisível que divide todos os sinais e podemos aí distinguir um aspecto objectivo — aliás difícil de definir — de quantidade de beleza absoluta, e o aspecto subjectivo do que é belo para nós, composto de “cada nova beleza que se descobre em quem se ama”. A primeira definição de beleza que o tratado dá, no capítulo XI, é “uma nova capacidade de dar prazer”. Segue-se uma página sobre a relatividade do que é beleza, exemplificada com duas personagens fictícias do livro: para Del Rosso o ideal de beleza é uma mulher que a todo o momento sugere o prazer físico, e para Lisio Visconti deve incitar ao amor-paixão.» [Italo Calvino sobre Do Amor, em Porquê Ler os Clássicos?]


Do Amor (trad. Júlia Ferreira e José Cláudio) e outras obras de Stendhal estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/stendhal/

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