12.1.22

Sobre «Ararate», de Louise Glück

 

«Dando continuidade à publicação, imediatamente após o Nobel da Literatura, de quatro colectâneas de Louise Glück, entre as quais algumas das mais fortes, como “Averno” (2006), foram editadas nos últimos meses outras duas, “Vita Nova” (1999) e “Ararate” (1990), traduzidas respectivamente por Ana Luísa Amaral e Margarida Vale de Gato. (…) E claro que quando retrocedemos a “Ararate” já lá encontramos a morte do pai, os choques com a irmã, a mãe que nem em viúva é feliz, etc.; mas esse livro, que começa citando a alegoria platónica do amor enquanto completude, consegue mostrar-nos, ao virar da página, um sofrimento objectificado ou uma objectificação sofrida, ao jeito de Sylvia Plath, e evolui para uma franqueza agreste que lembra outra americana, Sharon Olds. O auge da ferocidade manifesta-se talvez no poema que imagina (pondo às avessas o episódio bíblico) uma filha a dividir a mãe em duas metades. Ou nas observações gélidas sobre a maternidade e o trauma.»

[Pedro Mexia, «E», 2021/01/07]

«Ararate» e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

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