«Dostoievski interessava-se pelo suicídio, como pelos casos ou estados extremados em geral (o arrebatamento religioso ou amoroso, o radicalismo político, a cólera homicida, a adicção ao jogo). No seu “Diário de Um Escritor”, escreveu ensaios sobre jovens que se tinham suicidado, e também esta novela, “A Submissa” (1876) [outras traduções preferem “uma mulher doce” ou “uma criatura gentil”], solilóquio de um marido cuja esposa se matou e jaz agora numa mesa à sua frente. O marido conta a história a alguém (aos leitores, a um tribunal, a Deus?), num discurso aturdido e enovelado, cheio de coloquialismos e onomatopeias, o discurso de quem ainda não compreendeu o que se passou. Ex-capitão do Exército que passou à reforma, talvez por ter recusado um desafio para um duelo, não se sabe bem, o protagonista abriu uma casa de penhores, profissão que reconhece como um pouco infamante.»
[Pedro Mexia, «E», 2021/11/28]
«A Submissa» e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/
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