«Este Maremoto, tal como o premiado Lisboa, Luanda, Paraíso (publicado em 2018), é um romance que põe em cena e dá voz a gente que é praticamente invisível na sociedade portuguesa. O protagonista aqui é um arrumador de automóveis, daqueles que encontramos em muitas ruas, muitas esquinas de Lisboa, um “preto velho”, como ele próprio se identifica, que se entrega ao que faz com a determinação e a dedicação de um verdadeiro profissional. Chama-se Boa Morte da Silva, nasceu em Angola, fez a guerra na Guiné, integrado nas forças portuguesas, e vive em Lisboa, passando os dias no Chiado, abandonado à sua sorte, à frente do teatro São Luiz, vivendo dos trocos que lhe dão, remoendo remorsos antigos e adivinhando desgraças.
“Lisboa”, escreve ele numa interminável carta a uma filha que não conhece, e que é boa parte do livro, “Lisboa aguarda o maremoto que já me afogou.”
É um belo livro, muito bem escrito, perturbante, que nos faz ver com outros olhos uma realidade social a que nem sempre estamos suficientemente atentos.» [Carlos Vaz Marques, Governo Sombra, 08/05/2021; https://tinyurl.com/jrwzdecj]
Maremoto e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/produto/maremoto/
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