«a noite fuma dos seus poros azuláceos
estamos no fundo da terra
na selva do sono
correntes de seiva engrossam
a porcelana das árvores
estou desatento
o teu nome brinca nos lábios
como um riacho em flor
é lembrado com uma facilidade canora
sobrevoa todas as fogueiras em marcha
no dorso da ave perdida
o dia empalidece e desagua no meu ombro
soturna poeira que me baralha o peito
breve fantasia para um homem deitado
(sequer o eco de um gatilho à cabeceira)
um buraco no telhado deste casebre:
espreito o teu rosto precário
como arde em rotação lenta
vai trocando a mão do sonho
sob uma neve muito fina» [p. 60]
A Noite Inteira e Presa Comum estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frederico-pedreira/
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