1.5.21

De A Noite Inteira, de Frederico Pedreira

 



«a noite fuma dos seus poros azuláceos

estamos no fundo da terra

na selva do sono

correntes de seiva engrossam

a porcelana das árvores


estou desatento

o teu nome brinca nos lábios

como um riacho em flor

é lembrado com uma facilidade canora

sobrevoa todas as fogueiras em marcha


no dorso da ave perdida

o dia empalidece e desagua no meu ombro

soturna poeira que me baralha o peito

breve fantasia para um homem deitado

(sequer o eco de um gatilho à cabeceira)


um buraco no telhado deste casebre:

espreito o teu rosto precário

como arde em rotação lenta

vai trocando a mão do sonho

sob uma neve muito fina» [p. 60]


A Noite Inteira e Presa Comum estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/frederico-pedreira/

Sem comentários:

Enviar um comentário