«Fanny Owen é um grande romance e inspirou um grande filme, Francisca, daqueles que ficam para sempre na história do cinema.
É um relato de vidas, esse, baseado em factos reais, escrito sem favorecimentos, com uma tremenda lucidez de interpretação. Policial, diria, se o policial se adequasse aos movimentos da alma, e aos seus crimes encobertos.
A propósito deste filme, o Manoel confessou um dia ter ficado intrigado com a afirmação de Fanny — a alma é um vício; isso não deixava de o inquietar, e por mais voltas que desse, e perguntas que fizesse, não conseguia obter um significado plausível! Um dia, perguntou mesmo a minha Mãe o significado de tal afirmação, mas a resposta foi simplesmente: não sei, foi coisa que me saiu ao escrever!
Continuou desolado porque o dito o tocava e despertava nele uma forte curiosidade. E tratou esse momento do baile, em que Fanny diz: “a alma é um vício”, de uma forma magistral! O baile pára, e Fanny repete “a alma é um vício”. Como se todos passassem à condição de estátuas, onde a alma está retida. Por isso é um vício — porque se solta com o movimento, e alimenta‑se dele.» [Sapatos de Corda, pp. 126-127]
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