4.4.21

Sobre Desespero, de Vladimir Nabokov

 



«O sol teve tempo para se pôr, dando na sua descida uns retoques a sanguínea nas nuvens sobre o monte pirenaico que tanto se parece com o Fujiyama. Tenho estado aqui sentado num estranho estado de exaustão, ora a ouvir o vento que corre e fustiga, ora a desenhar narizes na margem da página, ora dormitando numa vaga sonolência para depois me sobressaltar, todo a tremer. E de novo havia de crescer em mim aquela sensação de picada, o insuportável zunido… e a minha vontade murcha num mundo vazio… Tive que fazer um grande esforço para acender a luz e meter um aparo novo. A ponta velha partiu­‑se e dobrou­‑se e agora parece o bico de uma ave predadora. Não, isto não é a agonia da criação… é uma coisa muito diferente.»


«Uma obra arrebatadora.» [Martin Amis]


Desespero (trad. Telma Costa) e outras obras de Vladimir Nabokov estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/vladimir-nabokov/

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