19.6.20

Sobre Rebuçados Venezianos, de Maria Filomena Molder




«Como muito bem viu Jean Genet, há um litígio insuperável entre estética e história. A primeira configura-se a partir do reduto secreto que constitui cada ser (seja rosto ou quadro) e só ela lhe pode fazer justiça (Baudelaire chama-lhe “soluço ardente”). Sendo assim, é preciso fazer uma dieta rigorosa do histórico enquanto descrição de “como se passaram as coisas”. Desse modo ganha-se uma visão inédita do contemporâneo — para a qual “Les Phares” aponta inequivocamente e que o conceito benjaminiano do “agora da cognoscibilidade” formaliza —, a simultaneidade possível de todas as obras de arte passadas com o presente e a transformação das obras do presente em oferendas funerárias ao grande povo dos mortos: eles um dia também foram vivos.» [Do capítulo «Um Soluço Ardente»]

Rebuçados Venezianos é constituído por textos sobre a obra de alguns artistas contemporâneos e sobre questões de crítica e história de arte, redigidos entre 2000 e 2016. O título é uma homenagem à pintora Luísa Correia Pereira.

Esta e outras obras de Maria Filomena Molder estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-molder/

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