6.12.19

Sobre O Lustre, de Clarice Lispector




«Ao contrário do seu primeiro romance [Perto do Coração Selvagem], escrito em fragmentos, saltando constantemente de uma cena para a outra, O Lustre é um conjunto coerente. Apesar de os seus extensos segmentos descreverem propositadamente acontecimentos, consistem sobretudo em longos monólogos interiores, interrompidos apenas por um singular e perturbador fragmento contendo diálogo ou acção. O livro progride em ondas lentas que se elevam, alterosas, nos momentos de revelação. As páginas entre estas epifanias são precisamente os momentos em que o livro se torna mais intolerável para o leitor, que é forçado a seguir o movimento interior de outra pessoa com um detalhe microscópico. Acostumado às epifanias, esperando estímulos e surpresas permanentes, o leitor que aborde o livro pela primeira vez depressa se sente desconcertado.
Porém, a intensidade glacial do livro exerce um fascínio particular.
(…) Só quando lido devagar, reflectidamente, e sem distracções, três ou cinco páginas de cada vez, é que O Lustre revela o seu carácter penetrante.» [Benjamin Moser, in Porquê Este Mundo – Uma Biografia de Clarice Lispector]

O Lustre e outras obras de Clarice Lispector estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/clarice-lispector/

Comemora-se no próximo dia 10 de Dezembro, nos mais diversos países, a «Hora de Clarice», que assinala o dia do nascimento da autora de Perto do Coração Selvagem, em 1920.
A Relógio D’Água, que publica a obra de Clarice Lispector em Portugal, associa-se à iniciativa com uma sessão dia 10, às 18:30, na Livraria da Travessa, em Lisboa, em que participam Carlos Mendes de Sousa e Maria Filomena Molder, com leituras de André Gago e Paula Cortes.

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