12.11.18

Sobre Fuck The Polis, de João Miguel Fernandes Jorge, em breve nas livrarias:





«Este livro abre com uma tríade de imagens que fixam a nossa atenção numa Grécia mais ampla do que a de um período áureo, ou de alguns aspectos mais fulgentes de uma civilização — “Na manhã, em direcção ao/ rio: o pedagogo, o escravo/ o amigo.” (p.11) Porque este triângulo revela, desde logo, facetas que pertencem à legenda, ao domínio do símbolo, embora representem aspectos muito concretos do mundo clássico. A servidão do pedagogo, a philia, são emblemas de uma cultura, matriz que a poesia de João Miguel Fernandes Jorge desde sempre conhece e interpela. Não nos esqueçamos de que a epígrafe inicial do seu primeiro livro, Sob Sobre Voz (in Obra Poética, vol. 1, Presença, 1987), é retirada da Ética a Nicómaco, “uma paixão ao tempo deste livro”, conforme nota do autor. Eis, portanto, o “quadro” de um mundo, o clássico, actualizado, ao longo deste novo livro, na imagem multímoda de uma Grécia arcaica e clássica que regressaremos, nas páginas deste livro. No entanto, o título deve servir-nos de instrumento de temperança e de possível aviso. A rotação no idioma, o impropério, a violência, serão valores importantes. A eles voltaremos.
Fuck the polis retém, repete e encena certos gestos que funcionam como repercussões de uma emissão iniciada na noite dos tempos.» [Hugo Pinto Santos, Público, ípsilon, 9/11/2018. Texto completo aqui.]

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