12.11.18

H. G. Cancela recebe hoje Grande Prémio de Romance e Novela da APE




Hoje, 12 de Novembro, às 18:00, na sala 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, terá lugar a cerimónia pública de entrega do Grande Prémio de Romance e Novela da APE 2017. O vencedor é  H. G. Cancela, com As Pessoas do Drama, romance publicado pela Relógio D’Água em Maio de 2017.
O prémio foi atribuído por maioria, tendo votado a favor Isabel Cristina Mateus, José Manuel de Vasconcelos e Paula Mendes Coelho. 
Isabel Ponce de Leão e José Carlos Seabra Pereira votaram  no romance de Luís Cardoso.
Foram admitidos 72 livros publicados no ano passado, com a chancela de 35 editoras.
Dotado com o valor de 15 000 euros, o Grande Prémio de Romance e Novela da APE foi já atribuído a 30 autores.
Na Relógio D’Água, H. G. Cancela (nome literário de Helder Gomes Cancela) publicou Impunidade em 2014, que ficou em 2.º lugar no Grande Prémio de Romance e Novela da APE referente a esse ano. A editora acaba de lançar uma outra obra sua na colecção de ficção científica e fantasia, A Terra de Naumãn.
H. G. Cancela nasceu em 1967. Publicou, entre outras obras, além dos romances mencionados, AnunciaçãoDe Re Rustica e o ensaio O Exercício da Violência.
A sua ficção explora situações-limite do relacionamento humano, como a culpa, a solidão, a dor, o incesto, o sexo e o amor como desespero e possível redenção, e a violência. É uma linguagem despojada, agreste, em ruptura com as tendências predominantes na literatura portuguesa.
Em entrevista concedida a Isabel Lucas em finais de Julho de 2017, afirmava: «Para mim o essencial na literatura, no romance, é a construção de um espaço narrativo, a construção mesmo de um mundo. O mundo onde estamos e a partir do qual a realidade pareça verosímil, mesmo a mais inverosímil.»
É actualmente professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.


«À minha frente, um muro. Uma faca nas costas. Eu sentia-lhe a lâmina, seca como uma luz que apenas projectasse sombra. Entre o muro e a lâmina não havia nada. Vontade, medo, expectativa, nada. Eu teria perguntado, se soubesse a pergunta, teria respondido, se houvesse resposta. Não, em ambos os casos. Não a quem perguntar, não a quem responder, não a quem acusar, eu próprio mergulhado nessa mistura de solidão e de miséria sexual de onde emergem arte, crime e religião, todos obrigados a cavar o vazio que depois se esforçam por preencher ou por dissimular. Eu duvidava, no entanto, que dos dois lados da faca o vazio fosse compatível com aquilo que o pretendia preencher. Voltei-me devagar.» [De As Pessoas do Drama]

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