1.3.18

Sobre O Meu Absoluto, de Gabriel Tallent (trad. Vasco Gato)




No DN, João Céu e Silva entrevistou Gabriel Tallent a propósito do seu romance de estreia, O Meu Amor Absoluto, que a Relógio D’Água fará chegar em breve às livrarias.

«O mais recente fenómeno literário vem de um desconhecido: Gabriel Tallent. Um romance inesperado, cruel e subversivo, que provocou a curiosidade de críticos e leitores que ignoravam ser possível contar uma história de abuso e violência entre pai e filha de forma aceitável. Em entrevista ao DN, explica a origem desta história de terror familiar.
Durante anos, o autor desconhecido Gabriel Tallent escreveu um romance sobre uma jovem que vive com um pai que a ensina a disparar armas antes de saber as primeiras letras e é objeto de toda a violência possível de ser descrita num romance. Tanto assim é que, quando ficou consciente do que estava a escrever, Gabriel Tallent hesitou em continuar. Felizmente, não se ficou pelas primeiras dezenas de páginas e fez várias versões antes da final, tornando-o aceitável aos próprios olhos e uma narrativa tão inesperada como feroz, e impossível de se passar ao lado.
Lançado na rentrée literária de 2017, Meu Amor Absoluto foi rapidamente descoberto pela crítica de língua inglesa e, tanto nos Estados Unidos como em Inglaterra, os elogios foram tantos que até se podia desconfiar dessa unanimidade. Foi comparado por Stephen King à mítica Harper Lee e ao seu primeiro romance - e único enquanto lúcida - Matem a Cotovia. A revista Kirkus definiu-o como "uma poderosa história sobre abuso", o The New York Times salientou a capacidade de sobrevivência da protagonista e o The Guardian como "estranho e notável". Quem o ler, decerto não esquecerá o poder da ficção.
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— Apesar de ter 14 anos, a sua protagonista pouco tem que ver com Lolita ou outras jovens bem-sucedidas na literatura. Porque a fez tão escura?

— Para mim, a literatura parece cheia de lugares escuros. Acho que escrevi sobre a escuridão porque conheci pessoas reais que viveram a verdadeira escuridão. Essas são as pessoas para quem escrevo. Para aliviar essa escuridão, se for possível, mas não acredito que se consiga com lugares-comuns, antes levando a sério essa escuridão e tratando as pessoas como sujeitos das suas próprias histórias valiosas, histórias com tanta dignidade como quaisquer outras.» [Entrevista de João Céu e Silva, DN, 26/2/18]

A entrevista completa pode ser lida aqui.

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