14.3.18

Sobre Karen, de Ana Teresa Pereira




Maria da Conceição Caleiro escreveu sobre Karen, de Ana Teresa Pereira, na última edição da Colóquio/Letras:


«Neste livro, numa das faces da medalha, temos três personagens a viver na casa que não era propriamente pequena: Karen; Karen que são duas, “Karen e eu”. Cada um são dois, duas pessoas, “uma está adormecida num lugar; enquanto a outra pessoa possui outra existência” (45). O dois é nuclear aqui: até o gato tem uma vida dupla, “tive uma impressão de estranheza, como se fosse Karen a pensar dentro de mim” (ibid.). Alan, o marido, aristocrata arruinado, escritor de um só livro que não se encontra, em buscar de mais inspiração. Muito belo, enigmático, insondável, o homem da fotografia, de uma das fotografias na cabeceira da cama onde Karen, diferindo de si, sem memória porque a perdeu, um dia acordou. Do lado oposto, o retrato de uma mulher. Seria o dela? Alan, homem capaz de hipnotizar. E Emily, mulher ainda jovem, inteira, que era a governanta, ou melhor, do ponto de vista da narradora, parecia representar esse papel. Entre ela e Alan, uma estranha atração, cumplicidade absoluta, não erótica, antes, se assim se pode dizer, umbilical, de mãe e cria.» [Maria da Conceição Caleiro, Colóquio / Letras, n.º 197, Janeiro-Abril 2018]

Sem comentários:

Enviar um comentário