5.2.18

No ípsilon, Mário Santos escreveu sobre Mulheres Excelentes, de Barbara Pym (trad. Vasco Gato)





«Mulheres Excelentes é o segundo romance de Barbara Pym (sendo a edição original de 1952). O título — adivinha-se — é irónico e o romance é simultaneamente alegre e triste. Mais alegre do que triste (ou alegre porque triste). Não estivesse o adjectivo tão mal conotado neste nosso mundo ‘globalizado’ e cosmopolita, e eu diria que é um excelente romance paroquial (…)
A acção decorre em Londres, numa paróquia situada “do lado ‘errado’ de Victoria Station”, logo depois da guerra, cujo ascendente é legível de diversos modos e com diversos efeitos: a ala da igreja destruída por uma bomba, a partilha forçada do quarto-de-banho entre vizinhos, os militares que regressam e encontram os fatos comidos pela traça, o racionamento (que durou até 1954, recorde-se), a frugalidade das refeições (“cozi um ovo importado para o almoço”), etc.

No trilho aconchegado de um realismo social e psicológico prosaico, cómico e doméstico — com roupa interior a secar na cozinha, louça por lavar e mobília comida pelo caruncho —, a narração é feita pela protagonista, Mildred Lathbury.» [Mário Santos, Público, ípsilon, 2/2/2018]

Sem comentários:

Enviar um comentário