8.9.17

Sobre A Sibila, de Agustina Bessa-Luís




«Há livros inesquecíveis? Uma mão-cheia. Há romances capazes de provocar uma rutura no cânone? Poucos. Há personagens com gravitas suficiente para criar descendência literária? Alguns. E Agustina Bessa-Luís atingiu, ao correr de escrita ornamentada, implacável e ferozmente inteligente, todos estes feitos em A Sibila, um dos seus primeiros romances. História de mulheres encurraladas perante pequenos ou patriarcais poderes rodeadores, que vivem, à sua maneira, mudanças sísmicas como as da transição da ruralidade protegida em que nasceram para a sociedade burguesa, despachada, bem-falante e surda face ao património – de pedra ou de espírito. (…)
Passados 63 anos, este romance mantém intactos poder e fascínio. Narrativa precursora do discurso feminino – e literário –, recria um mundo fechado, emergido a meio do século XX, que vive a vida como um bordado: intenso, intrincado, íntimo, distante do largo pano de fundo global que enfrenta, por exemplo, o advento da República ou a primeira guerra mundial.» [Sílvia Souto Cunha, Visão, 28-8-17]

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